Por Lauro Chaves Neto (*)
O acrônimo BRIC foi criado em 2001 pelo economista
britânico Jim O´Neil, do Goldman Sachs, em um trabalho que elaborava cenários
para o crescimento de Brasil, Rússia, Índia e China. O S veio com a inclusão da
África do Sul.
O´Neil fez a estimativa de que a participação dos
emergentes na economia mundial passaria de 20 para 27%, de 2001 até 2011,
enquanto que o FMI aponta que essa participação chegou a 26,8% em 2011 e 31,2%
em 2021. Para Brasil e Rússia, o economista projetou um crescimento anual médio
de 4%, enquanto que o resultado real foi de 2,2% e 3,1% respectivamente.
De forma consolidada os BRICS já respondem por quase
um terço do PIB mundial, porém esse resultado deve ser creditado principalmente
a China e, em menor proporção a Índia. Ano passado, O´Neil publicou um artigo
onde defende que na primeira década do século os quatro países tiveram
desempenho melhor que o projetado. Já na segunda década, as participações de
Brasil e Rússia no PIB Mundial diminuíram.
Em 2017, O´Neil já defendia que o acrônimo deveria
passar apenas IC (Índia e China), sendo o Brasil e a Rússia as grandes
decepções. Naquele ano o Brasil estava saindo da grande recessão de 2014-2016 e
teve um crescimento anual pífio de aproximadamente 1% de 2017-2019. De 2022 a
2026 o país deve dobrar esse crescimento médio, ainda assim 2% médio ao ano
seria insuficiente para proporcionar a diminuição necessária no nível de
desemprego, combate a pobreza, redução das desigualdades e a retomada da
atividade econômica.
Já a Rússia que vinha com desempenho econômico
abaixo do previsto, deverá ter um pior cenário com a Guerra da Ucrânia e as
consequências das sanções aplicadas. O Banco Central Russo já projeta uma
inflação de 20% e uma contração econômica de 8% em 2022.
A Rússia foi excluída do Sistema Internacional de
Transações Bancárias, algumas empresas estrangeiras deixaram de operar no país
e os EUA proibiram a importação de petróleo e gás russos. Dentro dos BRICS, as
reações têm sido menos agressivas. Do grupo, enquanto os demais países se
abstiveram, apenas o Brasil votou a favor de uma resolução da ONU condenando a
invasão.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
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