A esculhambação comendo de esmola no reino!
Dinusa,
docente da escola municipal - reconhecida mestra de Literatura -, é a qualidade
de gente que não abre mão de falar o bom cearensês, nem que a vaca tussa. Na
sala dos professores, intervalo da merenda, por exemplo, o colega perguntou o
que ela estava achando da série (na Netflix) "The crown", e ela
chibateou:
-
Só o grude! Respeite a arrumação! Pai d'égua o muído do povo da rainha!
Explicando:
a história da Monarquia Britânica está aí contada em 40 capítulos, desde a
Rainha Elizabeth brochota, até hoje, "com a véa caindo pelas tabela".
Dinusa ainda tá na metade da assistência, mas dando o maior ponto. Começa por
dizer que "ô vidinha sem futuro essa da rainha e da negada em redor
dela!" É briga, fofoca, intriga, traição...
-
Pense num cabinha raparigueiro aquele príncipe Phillips, antes de juntar os
panos de bunda com a Rainha! Fino raparigueiro!!!
Elizabeth
sempre teve o cangote grosso, abria nem prum trem carregado de mucuim, é do
tipo "digo e tá dizido, quem quiser que ôva!" Cismou da tabaca e nem
a pau deixou a irmã bonequeira, por nome Margareth, se amancebar com o tal
Peter Townsend, "samango do tiro de guerra da real força vitoriana
inglesa".
Quatro
outras passagens chamaram a atenção de Dinusa em "The crown",
citando-as, entre horrorizada e moleque:
-
Ô cambada pra fumar da muzenga! Tirinete de cigarro medonho, um encangado no
outro! Fumam não, comem com farinha!!!
-
A ispilicute da Margareth, aquilo é um istrupício! Num tinha um pingo de juízo!
Só arrumava macho lheguelhé!
-
A certa altura, os bichão do governo (primeiros ministros) cismaram da goitinga
e resolveram rapar os bigode!
-
Pior é que Elizabeth tinha um tio carga-torta, que andou se botando pro lado do
Hitler, e ela teve que aprender a perdoar o fulerage lá com um crente
conhecido...
Dinusa
conclui:
-
Nã! Prefiro a fulerage aqui do Brasil! Pelo menos já vem tudo traduzido!
Nos 120 anos da rainha
A
propósito, o neto de seis anos da dita Dinusa, morador do Tabapuá, inventou de
querer ir pra Londres. Do nada! Amorosa, a mãe explica por que não rola a
aventura.
-
Filho, a viagem é longa, tem de pegar avião...
-
Vamos na bicicleta do papai... Quero ir pra Londres!
-
Mas mamãe não tem dinheiro!
-
Peça ao banco... Quero ir pra Londres!
-
Você ainda está em aula!
-
Passei de prima... Quero ir pra Londres!
Agora
afobada, a mãe tenta botar ponto final na peleja, com rigor:
-
Você não tem o que fazer lá, menino!!!
-
Tenho, e é muito!
-
O que?
-
Comemorar o aniversário da rainha!
-
Daqui a 14 anos, quando você tiver 18, aí sim!
-
E ela tará viva até lá, mãe?
-
Claro! O que são 120 anos pra quem não morre nem por decreto do Papa?!?
Fonte: O POVO, de 24/06/2022. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.
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