Por Adriana Rodrigues da Cunha (*)
O Sistema Único de Saúde é uma grande
conquista da população brasileira e precisa ser enxergado como modelo de
sistema de saúde pública, em todos os seus ângulos. No entanto, ao fazer breve
pesquisa com amigos e familiares, foi perceptível que há um olhar incompleto,
em que o SUS se resume em postos de saúde, UPAs e hospitais, com bom
atendimento na opinião de alguns e com descaso e desrespeito, segundo outros.
Essas conclusões chegam a partir de experiências
próprias, mas, também, como reconhecem os entrevistados, pela possível
influência de notícias negativas veiculadas pela imprensa. Aqui deixo uma
crítica. É claro que os colegas jornalistas estão fazendo sua parte, levando
informações, denúncias e esclarecimentos, ao mesmo tempo que dão voz à
sociedade. Contudo, a imprensa tem importante papel na formação de opinião e
peca quando se limita a mostrar apenas um dos ângulos do SUS.
Por exemplo, você sabia que o SUS é referência
mundial? Que é o mais abrangente e inclusivo sistema de saúde pública gratuito
do planeta, inclusive se comparado a sistemas de países de primeiro mundo, como
Canadá e Inglaterra? Que ele oferece gratuitamente serviços que esses países
não oferecem? Odontológicos e oftalmológicos são alguns dos que não são
oferecidos pelo sistema de saúde do Canadá.
Sabia que o SUS tem atuação ampla? Cito exemplos - o
SUS possui rede (RAPS), centros (CAPS) e unidades (UA) que cuidam da saúde de
pessoas com sofrimento ou transtorno mental resultantes do uso de álcool ou de
outras drogas; oferece práticas integrativas e complementares (acupuntura,
meditação, musicoterapia, reiki, yoga e outros); fiscaliza alimentos por meio
da Vigilância Sanitária; e é envolvido nas regras de venda de medicamentos
genéricos.
É óbvio que o SUS enfrenta sérios
desafios e que o Brasil conta com fatores complexos que são menores ou até
inexistentes em outros países. Claro que devem ser considerados números como o
de população e do PIB. Porém, acima de tudo isso, o SUS precisa ser
compreendido e defendido por todos os brasileiros, mas, para isso, precisamos
antes conhecê-lo.
(*) Jornalista. Mestranda em
Saúde Coletiva da Uece.
Fonte: Publicado In:
O Povo, de 4/06/2022. Opinião. p.14.
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