Por Lauro Chaves Neto (*)
A economia tem vivido grande volatilidade com a
probabilidade de um descontrole na inflação global e de
recessão nas principais potências mundiais.
O comportamento do dólar e do Ibovespa mostram
isso. Os resultados locais são correlacionados com os mundiais. S&P, Dow
Jones e NASDAQ comandam a volatilidade que se espalha por
todos os mercados e países.
O COPOM, responsável pela definição da taxa
básica de juros no Brasil e o FOMC (comitê de política monetária) do
FED (Federal Reserve, o Banco Central Americano), além de elevarem os juros,
sinalizaram que, se necessário, esse movimento deve continuar.
Tornar o crédito mais caro contribui para esfriar
o consumo e desacelerar a inflação no seu componente de demanda.
Adicionalmente, os EUA também vão aumentar o rendimento dos títulos do tesouro
americano, tido como o investimento mais seguro do mundo.
Isso poderá fazer com que os investidores diminuam
as suas aplicações em mercados mais arriscados para tentar tirar proveito da
renda fixa mais atrativa. O aumento do fluxo na direção dos títulos americanos
torna o dólar mais escasso e caro, gerando uma reação em cadeia.
O Brasil e demais países emergentes sofrem
com a alta do dólar que eleva os custos das importações e aumenta a inflação. A
principal questão é a falta de liquidez no mercado, uma vez que os investidores
passam a buscar maiores ganhos com os juros altos pagos pela renda fixa.
Os recursos que migram das bolsas podem provocar
uma perda de capital nas empresas, reduzindo o crescimento das
organizações.
Existe o agravante que o aperto monetário não é a
única política capaz de segurar a inflação, já que ainda existem cadeias de
suprimento e logística que não retomaram os níveis de atividade pré
pandemia. A volatilidade também alcança outros investimentos de renda
variável e de maior risco, as criptomoedas são um exemplo.
A volatilidade poderá ainda aumentar com a retomada
das restrições para contenção da COVID na China e o prolongamento da Guerra
na Ucrânia. Nesse contexto, cada perfil de investidor deve buscar
alternativas compatíveis com a sua aversão ou propensão ao risco.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 27/06/22. Opinião. p.16.
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