Por Ana Paula Lemos (*)
Em mais um capítulo da história pela valorização da
Enfermagem no último dia 04 de agosto celebramos o nascimento da lei
14.434 que, finalmente, fixa um valor mínimo para a remuneração de
auxiliares, técnicos de Enfermagem e enfermeiros em todo o Brasil. Foram mais
de 20 anos de uma luta tão exaustiva quanto os nossos plantões e que, embora
vitoriosa, parece estar longe do fim.
A enfermagem que ao longo dos tempos mostrou para a
população a sua importância e convenceu os políticos sobre o seu valor, agora
amarga o desrespeito, que também é histórico, por parte do setor patronal.
Porém, não existem surpresas até aqui. Como seríamos respeitados por quem
sempre nos explorou? Como seríamos celebrados e dignamente remunerados por
aqueles que usufruíam de uma mão-de-obra vital por valores imorais?
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida
pela CNSaúde contra a implantação do piso salarial da Enfermagem é apenas mais
uma tentativa de seguir com os padrões que nos amarram ao longo da história, já
que os argumentos são frágeis e equivocados. A PEC 11, aprovada nas duas
casas legislativas nacionais, mais que chancelar a nossa legitimidade, assegura
a constitucionalidade da nossa lei e só nos oferece ânimo para seguirmos
lutando onde quer que seja necessário.
Mas, nem tudo são dissabores. Ver os salários sendo
reajustados e oferecendo uma vida digna às famílias dos mais de 92 mil profissionais da
Enfermagem no Ceará nos traz a sensação de que todos os embates valeram à pena.
A iniciativa privada que respeita seus empregados e
cumpre leis já começou a remunerar os seus trabalhadores de acordo com os
valores fixados pelo piso. Alegra-nos ainda mais saber que, até mesmo os
municípios, que poderiam iniciar o pagamento dos novos valores somente em 2023,
já estão se adequando e cumprindo a lei. Tauá é a primeira cidade cearense
a implantar o piso salarial da Enfermagem para os seus servidores, inclusive os
inativos.
Basta olhar para traz para ver que a Enfermagem
venceu. E sempre vencerá! A luta não chegou ao fim.
(*) Enfermeira Presidente interina
do Coren-CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/08/2022. Opinião. p.18.
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