Por José Lima de Carvalho Rocha (*)
Durante a infância e
adolescência é necessário o acompanhamento e orientações realizados por parte
dos adultos responsáveis. A missão é permitir que as crianças cheguem à vida
adulta com autonomia.
Saibam interpretar coisas, acontecimentos e pessoas. Quando muitos adultos não
conseguem interpretar mensagens, quando precisam da ajuda de outros adultos
para decidir, assumir caminhos com suas dificuldades e benefícios, é correto
afirmar que vivemos em uma sociedade doente.
Ainda com a ajuda de
humanos, os computadores evoluem. Entre outras atividades compilam informações
sobre tendências comportamentais de milhões de pessoas, podendo assim indicar carências humanas do
presente e do futuro. Pessoas que não conseguem interpretar o mundo que as
cerca com as suas intrínsecas circunstâncias, estão fadadas a ser tuteladas por
homens e máquinas.
A educação formal
ainda trabalha com o pressuposto de que alunos precisam memorizar informações,
já que o acesso aos livros seria difícil. As informações necessárias ao trabalho e a vida
cotidiana estão disponíveis, para os que as sabem interpretar, nos celulares e
em outros equipamentos. Os livros podem ser transportados na forma digital. Não
precisamos memorizar em quantidade e qualidade como fazíamos no passado
recente.
A grande maioria das
entidades públicas e da livre iniciativa seleciona candidatos por meio de
provas que avaliam a capacidade de memorizar conteúdos e pouco a capacidade
de resolver problemas. O ensino básico brasileiro, por sua vez, prepara seus egressos para
estas provas. As escolas não mudam, pois, as seleções não mudam, ou as seleções não mudam, pois, as escolas não evoluem?
Essa evolução consiste em estabelecer processo de ensino-aprendizagem onde a
capacidade de resolver problemas oriundos do mundo real seja preponderante.
Não existe
possibilidade de resolver problemas, sem que previamente exista a capacidade
de interpretar. Precisamos diminuir significativamente a quantidade de adultos
tutelados e tuteláveis. Os procedimentos educacionais hoje vigorando em nosso
País precisam mudar.
(*) Médico e pedagogo.
Reitor do Centro Universitário Christus (UniChristus) e diretor do Colégio
Christus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/09/2022. Opinião. p.20.
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