Por Paulo Roberto Carvalho de
Almeida (*)
A Grécia antiga
tem influenciado muitos povos, desde a antiguidade até os dias atuais. Os gregos
tinham uma mitologia muito rica, inúmeros deuses e deusas, que também eram
mitos. Entre eles, havia um, considerado deus supremo, senhor dos céus e da
luz, que despejava raios e fazia chover, o que fazia brotar, na terra, a vida.
Seu nome era Zeus. Daí alguns dizem, ter se originado a palavra Deus. Outro
deus-mito – parente do primeiro, pois eram da mesma natureza – controlava o
mundo subterrâneo, da escuridão e das sombras. Era chamado Hades, senhor do que
depois se chamou inferno. Era o mito da morte, que se opunha à vida. Houve
muitas versões desses mitos/deuses ao longo da história. Hitler foi um deles.
Alguém tem dúvida de qual foi sua inspiração?
Na alegoria da caverna de Platão, seres prisioneiros de si mesmos enxergam eles próprios e
objetos do mundo real como sombras, pois o fogo que ilumina a caverna está
distante e rodeado de obstáculos. Assim, aquelas imagens distorcidas e veladas
pareciam-lhes ser a primeira e única representação do mundo possível.
A Psicologia,
principalmente junguiana, traz os conceitos de luz e sombra como elementos da
Psique. Cada um de nós porta em si arquétipos milenares que, de alguma forma não completamente compreendida pelo
racionalismo científico, fazem parte de nós, nos constroem e/ou, nos destroem.
A tomada da consciência da sombra que existe em todos nós é um passo essencial
no caminho do autoconhecimento. O desafio é tentar compreendê-la e integrá-la à
luz da consciência, na realização de si mesmo.
Numa variação antropológica do mesmo tema, há a lenda dos dois lobos, dos índios cherokees. Nela, o pequeno índio sente-se confuso em situações do dia a dia,
dividido entre sentimentos conflitantes: de um lado, ódio, raiva, crueldade,
inveja, egoísmo, ressentimento, intolerância e desejo de violência; do outro,
amor, serenidade, humanidade, empatia, generosidade, compaixão e desejo de paz.
Pergunta, então, ao ancestral nativo:
– Vô, disseram
que tenho dentro de mim dois lobos, um bom e um mau. Mas como vou saber qual o
lobo que vai ser o mais forte? O que vai me dominar?
E a resposta
do ancestral:
– O que você
alimentar!
Nos tempos
atuais (como em todos os tempos), temos uma escolha. Qual alimentar?
(*) Médico patologista e professor da UFC.
Musicólogo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/09/2022. Opinião. p.19.
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