(De Adolpho Araújo – o soneto... já se
vê...)
Quando os vi sob a renda,
comparei-os
a dois enamorados tico-ticos,
de delicados e pontudos bicos,
de amorosos e tímidos anseios...
Porque são mesmo uns pássaros
pudicos,
esses bi-claros e nervosos seios,
cheios de seiva de uberdade
ricos,
ricos de pólen, de opulência
cheios...
Pesa-me muito vê-los algemados
entre os espartilho que os
prende e os isola
entre rendados, crivos e
brocados.
Porque é um pecado, certo, dos
mais graves,
trazer trancado dentro da gaiola,
este casal de inofensivas aves.
Nota: Esse
soneto foi publicado em uma coletânea de um grupo paulista “Café Literário”,
sem quaisquer referências sobre esse poeta. Pelo teor dos versos e pela grafia
do nome creio que deva ser nascido no século XIX.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Editor do Blog
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