Por Lauro Chaves Neto (*)
Os
indicadores de inflação, após um longo ciclo de alta, passaram a apresentar a
tendência decrescente, inclusive com deflação nos últimos
meses, porém ainda longe de voltar ao centro da meta de inflação. Essa queda
pode ser explicada por uma combinação dos efeitos da política monetária, da
queda nos preços das commodities e de reduções na tributação.
A
última reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária) foi decidida com divergência entre os seus membros.
Desde 2016 que não existia dissidência nos seus votos. A decisão foi da
manutenção da taxa básica de juros, interrompendo um histórico recente de
seguidas elevações da mesma.
Parte
do colegiado defendia uma elevação de 0,25 pontos percentuais com o argumento
que seria necessário sinalizar o comprometimento da Política Monetária com
o retorno da inflação para o centro da meta.
Para
que essa tendência de queda nas taxas inflacionárias persista é imperativo que
se consiga uma solução para a questão fiscal a partir de 2023,
pois ela possui impactos na expectativa de inflação e, consequentemente, no
juro real.
A taxa
real de juro está entre 8 e 9% ao ano, dependendo dos parâmetros
usados. Ela representa a diferença entre as expectativas futuras para o juro e
para a inflação. Esse é o maior patamar dos últimos sete anos e nos coloca no
pódio entre os mais elevados do mundo.
É
a taxa real de juro que influencia o custo do capital e norteia as decisões de
investimentos em uma economia, retomar o ciclo de crescimento
sustentado exige menor juro real elevando o nível de atratividade das
inversões produtivas, sendo o crescimento uma condição necessária, porém não
suficiente, para as políticas de redução das desigualdades territoriais e
sociais.
O
início do ciclo de redução do juro real e a sua intensidade dependem da
evolução da atividade econômica, da questão fiscal e do cenário externo,
determinante para a política cambial.
O Banco
Central conseguiu reverter às expectativas em relação a inflação de
2022, porém ainda possui o desafio de fazer o mesmo em relação a 2023 e 2024,
quando as taxas devem retornar ao centro da meta.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 17/10/22. Opinião. p.20.
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