Por Sofia Lerche Vieira (*)
Os crimes
contra vítimas inocentes em escolas brasileiras têm crescido assustadoramente,
de modo particular no corrente ano. Refletem o aumento sem precedentes da
violência na sociedade brasileira, agravado por fatores que têm contribuído
para a banalização da vida, incluindo a liberação e uso indiscriminado de armas
no governo Bolsonaro.
A onda de
assassinatos em escolas tem sua origem em abril de 2011, em um evento que se
tornou conhecido como o Massacre de Realengo, no Rio de Janeiro, quando
foram mortos doze alunos de idade entre 13 e 15 anos e mais vinte e dois
feridos. O assassino cometeu suicídio antes de ser capturado. Em março de 2019,
uma dupla de ex-alunos, matou oito pessoas e feriu onze outras, na Escola
Estadual Raul Brasil, em Suzano no interior de São Paulo. Um dos
assassinos matou o outro e, depois, teria se suicidado.
Em 2022 já
foram três os ataques mortíferos contra escolas brasileiras. O primeiro deles
vitimou uma aluna cadeirante, em Barreiras, na Bahia; o segundo, matou um aluno
do ensino médio, em Sobral, Ceará; e, o último, cometido em 25 de
novembro, já fez quatro vítimas em Aracruz, Espírito Santo.
Em todos os
casos, circularam informações de que os assassinos haviam sofrido algum tipo
de bullying. Certo é que as motivações desses crimes cometidos por jovens
desajustados e psiquicamente doentes precisam ser melhor investigadas e
compreendidas num contexto mais amplo.
No caso
mais recente, tão chocante quanto os assassinatos, foram outras manifestações
do jovem que cometeu o crime de ódio. Duplamente armado, agiu com
precisão, ostentando símbolos nazistas em suas vestes. A manchete de jornal
(Folha de São Paulo, 29 nov 2022) fala por si: "Atirador no ES foi para
casa, guardou armas e foi almoçar com os pais após ataque". Inacreditável!
É
inaceitável que nossas crianças e jovens estejam a mercê de tais barbaridades.
Reverter esse quadro é um desafio coletivo para os órgãos educacionais
e outras instâncias de governo, assim como para todas as forças vivas da
sociedade. Não podemos compactuar com tal situação. Não às armas. Sim à
vida.
(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e
consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/12/22. Opinião, p.20.
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