Por Lauro Chaves Neto (*)
A
economia brasileira está desacelerando, mas continua em linha com o
estimado crescimento potencial. Estímulos econômicos e dúvidas sobre a política
fiscal nesse cenário tendem a complicar o combate à inflação.
É
uma realidade que tende para uma política monetária apertada,
embora exista a incerteza se isso é suficiente para a inflação voltar ao centro
da meta.
Quando
a taxa de juros é contracionista, ela contribui para esfriar a
atividade econômica tornando o crédito mais caro, o que desestimula o
investimento e o consumo. Já com taxas expansionistas, passa a estimular um
aumento da demanda.
Em
economia existe a estimativa de uma taxa neutra de juros, ou
seja, aquela que traria a inflação para a meta e o PIB para o potencial.
Já
a taxa efetiva de juros real é a diferença entre a taxa praticada e a taxa
neutra, quando ela é positiva (taxa praticada maior que a neutra), ela é
contracionista o que desestimula a atividade econômica e ajuda a conter a
inflação. Quando ela é expansionista contribui para estimular a atividade
econômica e pode favorecer a um aumento da inflação (taxa praticada é menor do
que a neutra).
As
autoridades monetárias têm sinalizado que apesar da desaceleração da economia,
existem outros riscos para o controle da inflação, como por exemplo as questões
externas e a situação fiscal. O próprio Ministro Haddad criticou os
elevados juros destacando que o Brasil está com uma inflação menor que a Europa
e os EUA, porém com o maior juros real do mundo.
A
taxa acima da neutra estava estimada em 4,8% ao ano em dezembro de 2022 e hoje
é projetada para 5,7% no meio do ano de 2023, o maior nível desde
os estimados 6,5% em julho de 2003.
A
elevação da taxa real acontece mesmo com a manutenção da taxa Selic em
13,75% pelo COPOM (Comitê de Política Monetária), já que existe uma redução nas
estimativas de inflação nos 18 meses a frente, o que na linguagem dos
economistas é chamada de taxa real ex-ante (calculada olhando para frente). A
outra forma de calcular a taxa real é a ex-post, ou olhando para trás, mais
usada para avaliar os investimentos.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 6/2/23. Opinião. p.20.
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