O Povo, Editorial
O Hospital de
Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM) chegou à marca de 500
transplantes cardíacos, nesta semana, sendo 423 realizados em adultos e 77
pediátricos. É um feito relevante na área da saúde, sendo superado apenas pelo
Instituto do Coração, com sede em São Paulo, que já soma mais de mil cirurgias
desse tipo.
Segundo
informações do governo do Estado, os primeiros transplantes cardíacos no Ceará
foram realizados entre 1993 e 1997, com a participação dos médicos João David e
Juan Mejia. No Hospital de Messejana, o primeiro procedimento aconteceu em
janeiro de 1999. Dos 500 transplantes cardíacos realizados no HM, o cirurgião
cardiovascular Juan Mejia, coordenador cirúrgico do transplante, participou de
mais de 400 dos procedimentos realizados. Para ele, o início dos transplantes
cardíacos no Ceará foi um "divisor de águas dentro da história da saúde
pública brasileira, caracterizado pela durabilidade e inovação em conhecimento,
tecnologia e gestão".
O HM, uma
instituição pública, especializada em doenças cardíacas e pulmonares, faz parte
da rede de hospitais da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), atendendo
pacientes dos 184 municípios cearenses e de outras regiões do País. Outro
destaque do Hospital de Messejana foi ter sido pioneiro, em 2011, em
transplante pulmonar nas regiões Norte e Nordeste.
Mesmo
observando-se somente os transplantes de órgãos realizados no Brasil, pode-se
ter uma ideia da importância do Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece
acesso integral, universal e gratuito para todos os brasileiros. Segundo dados
do Ministério da Saúde, em 2021, foram realizados cerca 23,5 mil transplantes
de órgãos no Brasil: 4,8 mil de rim, dois mil de fígado, 334 de coração e 84 de
pulmão, entre outros. Do total, mais de 12 mil procedimentos, mais da metade,
foram realizados por meio do SUS.
Quando se trata
de saúde coletiva, a atuação do SUS também é determinante, como ficou evidente
durante a pandemia da Covid-19. Coube aos profissionais do Sistema Único de
Saúde a tarefa de trabalhar na linha de frente, acolhendo e tratando os milhões
de brasileiros que precisavam de socorro.
Esteve também
sob a responsabilidade SUS, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI),
a organização da vacinação em massa contra a Covid-19. O PNI é considerado um
dos maiores programas de imunização do mundo, já tendo eliminado doenças
perigosas como a poliomielite e a varíola, que atingiam milhares de pessoas.
Apesar dos
problemas — muitos hospitais da rede pública padecem de superlotação — o
sucesso obtido pelo HM para recuperar e salvar pacientes, leva a refletir sobre
a importância SUS que, mesmo com dificuldades, faculta a toda a população o
acesso gratuito ao tratamento médico, incluindo os de alta complexidade como os
realizados pelo Hospital de Messejana.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/02/2023. Editorial. p.16.
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