Por Tales de Sá Cavalcante (*)
Em 1998, uma tríplice equipe ministerial de elevada capacidade
gestora inovou a Educação brasileira ao usar seus conhecimentos e sua
criatividade.
Paulo Renato Souza, Maria Inês Fini e Maria Helena G. Castro
compunham a tríade que, na era Fernando Henrique, implementou o Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem). A exemplo do Baccalauréat (Bac), na
França, idealizado por Napoleão Bonaparte I, do SAT (Scholastic Assessment
Test) e do ACT (American College Testing), nos EUA, o objetivo não era
transformar o Enem em vestibular nacional, senão, após a Educação Básica,
avaliar o aluno em 5 competências: domínio das linguagens, compreensão de
fenômenos, enfrentamento de situações-problema, construção de argumentação
sólida e elaboração de propostas coerentes.
As universidades federais faziam os processos seletivos de alto
nível, com adequado número de questões por prova e raras fraudes. A
logística era fácil, eficaz, a baixo custo.
Sabe-se que o bom gestor delega poderes, mas, em 2009, o Enem,
ao contrário, tornou-se um vestibular nacional gerenciado de Brasília, num país
com dimensões continentais e leniente legislação.
Por que tal modelo, se as Instituições de Ensino Superior (IES) da
União já possuíam comissões de vestibular de alto desempenho e poderiam
realizar exames superavitários com abordagem de aspectos regionais
como dantes?
O Enem poderia constituir a 1ª fase das IES da União. O MEC usaria
a avaliação para análises e pesquisas e entregaria as provas prontas
às universidades federalistas, que as corrigiriam.
As IES federais dos respectivos estados responsabilizar-se-iam por
redações e pela 2ª etapa, esta com questões discursivas, conforme as áreas
do conhecimento e os itinerários formativos.
Teríamos uma avaliação melhor, com diminuição de custos,
quesitos abertos em provas específicas do âmbito de interesse do candidato e
menor probabilidade de fraudes.
Um novo governo é uma oportunidade para uma nova Educação, um novo
MEC, um novo Enem. Para tanto, seria interessante que
as autoridades considerassem as opiniões dos que estão próximos da
sala de aula.
(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias
Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/2/23. Opinião, p.20.
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