segunda-feira, 6 de março de 2023

UM NOVO ENEM

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Em 1998, uma tríplice equipe ministerial de elevada capacidade gestora inovou a Educação brasileira ao usar seus conhecimentos e sua criatividade.

Paulo Renato Souza, Maria Inês Fini e Maria Helena G. Castro compunham a tríade que, na era Fernando Henrique, implementou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A exemplo do Baccalauréat (Bac), na França, idealizado por Napoleão Bonaparte I, do SAT (Scholastic Assessment Test) e do ACT (American College Testing), nos EUA, o objetivo não era transformar o Enem em vestibular nacional, senão, após a Educação Básica, avaliar o aluno em 5 competências: domínio das linguagens, compreensão de fenômenos, enfrentamento de situações-problema, construção de argumentação sólida e elaboração de propostas coerentes.

As universidades federais faziam os processos seletivos de alto nível, com adequado número de questões por prova e raras fraudes. A logística era fácil, eficaz, a baixo custo.

Sabe-se que o bom gestor delega poderes, mas, em 2009, o Enem, ao contrário, tornou-se um vestibular nacional gerenciado de Brasília, num país com dimensões continentais e leniente legislação.

Por que tal modelo, se as Instituições de Ensino Superior (IES) da União já possuíam comissões de vestibular de alto desempenho e poderiam realizar exames superavitários com abordagem de aspectos regionais como dantes?

O Enem poderia constituir a 1ª fase das IES da União. O MEC usaria a avaliação para análises e pesquisas e entregaria as provas prontas às universidades federalistas, que as corrigiriam.

As IES federais dos respectivos estados responsabilizar-se-iam por redações e pela 2ª etapa, esta com questões discursivas, conforme as áreas do conhecimento e os itinerários formativos.

Teríamos uma avaliação melhor, com diminuição de custos, quesitos abertos em provas específicas do âmbito de interesse do candidato e menor probabilidade de fraudes.

Um novo governo é uma oportunidade para uma nova Educação, um novo MEC, um novo Enem. Para tanto, seria interessante que as autoridades considerassem as opiniões dos que estão próximos da sala de aula. 

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/2/23. Opinião, p.20.

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