Por Lauro Chaves Neto (*)
Um
dos maiores ganhos com a universalização do uso das redes sociais foi a democratização dos
debates, antes limitados aos ambientes físicos presenciais, pessoal ou
profissional. A conectividade fez com que todo e qualquer tema passasse a ser
debatido por grande parte da população.
Temas
antes tidos como técnicos e muitas vezes restritos as divergências apenas
entre especialistas, passaram a ser debatidos por grupos de todas as idades e
áreas de conhecimento.
Esse
fantástico ganho de participação popular passou a exigir que
os especialistas nos assuntos em debate, sejam eles médicos ou economistas,
entre outros, passem a se expressar com linguajar cada vez mais acessível, sem
perder a consistência dos argumentos, para se fazer entender por todos.
Outro
ganho é que os "especialistas" perderam aquele pseudo poder de encerrar
um debate com uma "carteirada técnica" e precisam explicar a lógica,
as possíveis causas e consequências envolvidas, como também aceitar a
contra-argumentação daqueles que muitas vezes são os principais implicados e
não são especialistas no tema.
Temas
extremamente técnicos como as vacinas e os juros passam exatamente por isso, no
caso das vacinas existe a Anvisa, o Butatan, a Fiocruz, a classe médica e os
laboratórios de um lado, do outro a sociedade como principal implicada. No caso
de um vírus novo sobravam narrativas e era impossível existirem pesquisas
anteriores. Nesse caso, como leigo, particularmente sigo as orientações do meu
médico infectologista e tenho as quatro doses da vacina
aplicadas.
Em
relação ao patamar dos juros, como economista considero que a taxa
Selic de 13,75% ao ano deveria ser reduzida, porém o mais grave são os
juros praticados no mercado que chegam a custar 60% ou 80% ao ano, em algumas
modalidades.
O
Banco Central tem como função principal manter a estabilidade da
economia e possui um modelo desenvolvido para fundamentar as suas
decisões sobre o patamar da Selic adequado para se alcançar essa estabilidade.
O debate sobre esse tema tão técnico deveria ser se esse modelo está adequado
ou se existem alternativas técnicas mais viáveis, e isso não foi feito até o
momento.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 6/3/23. Opinião. p.20.
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