Por Lígía Kerr (*)
As primeiras
doses da vacina contra a Covid-19 administradas em populações não
experimentais tiveram início nos primeiros dias de dezembro de 2020, em países
de alta renda como EUA e Reino Unido.
Apesar da
aplicação das vacinas ter sido heterogênea, produziu um impacto enorme na
redução dos óbitos e das internações no mundo. Um estudo estimou que a vacinação evitou 14,4 milhões de mortes por Covid-19, ou seja, reduziu as
mortes mundiais em 79% no primeiro ano da vacinação.
O Brasil só
iniciou a vacinação nos 10 últimos dias de janeiro de 2021. A maior parte do
processo, comandado por um governo
negacionista, foi caótico.
O próprio governo promoveu mentiras que resultaram em menores coberturas
vacinais. Mesmo assim, alcançamos altos níveis de vacinação com duas doses, mas
menores coberturas com o reforço.
Estudo
brasileiro em adultos acima de 60 anos estimou que aproximadamente
168.000 internações não ocorreram e cerca de 59.000 vidas
foram salvas por causa das vacinas, até 28 de agosto de 2021. Mostrou, ainda,
que uma aceleração no processo salvaria mais 48.000 vidas e evitaria mais
104.000 hospitalizações.
As vacinas
utilizadas até o momento no país foram feitas a partir da cepa original
do coronavírus, com menor proteção contra as variantes da
Ômicron. A vacina bivalente adiciona a proteção contra as subvariantes BA.1,
BA.4 e BA.5 da Ômicron.
A proteção
desta vacina para as mais recentes variantes, embora não chegue aos valores
desejados, aumentou em cerca de 2 a 3 vezes a proteção contra óbitos e
internações. Os CDC dos EUA relataram que as doses de reforço com a bivalente
reduzem o risco de adoecimento pela Covid-19 em cerca de metade, mesmo para
infecções causadas pelas mais novas subvariantes.
A partir de 27
de fevereiro, o Ministério da Saúde iniciará a vacinação de reforço com a
bivalente no público prioritário. Sabemos que o sucesso de uma vacinação
depende de decisão política. E diferente do governo anterior, Lula indicou profissionais da mais alta qualificação e experiência para
liderar a vacinação.
(*) Médica epidemiologista e professora da
UFC. Vice-presidente da Abrasco.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/02/2023. Opinião. p.20.
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