Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Acreditamos
que um líder não se faz por instrumentos e mecanismos artificiais, mas pelo
reconhecimento livre e soberano do seu povo. Forçar o surgimento de uma
liderança, usando dispositivos jurídicos, segmentos da falsa mídia e
“marqueteiros” gananciosos poderá gerar uma farsa administrativa e política.
Segundo Shakespeare: “A política está acima da consciência”. Buscar um mandato
eletivo significa muita responsabilidade social. A hipocrisia é a chaga maior
dessa atividade. A coerência programática, baseada em princípios cristãos, é o
único remédio capaz de combater com eficácia essa doença. Aqueles que assumem
um cargo na vida política, pensando em fazer negócios, conseguir emissoras de
Rádio ou Televisão, desenvolver tráfico de influências, obter incentivos ou
financiamentos de órgãos estatais, dentre outros pontos, não possuem
sensibilidade social e muito menos moral, são dominados por forças da corrupção.
Não são democratas, pelo contrário, são tiranos enrustidos. Como disse François
Maurice: “O ideal democrático ensina como um povo livre tornar-se forte, e um
povo forte permanecer justo”. Injustiça e calúnia são as armas maiores dos
fracos. Para essas pessoas não existe a palavra ética. O logro e o embuste
fazem parte de um comportamento leviano, caracterizado por manobras ilusórias.
Por outro lado, como já ressaltado, a coerência programática, abrangendo
indicadores políticos, econômicos e sociais, nos leva ao caminho da liberdade,
sem opressão física ou moral, mas com capacidade de entendimento
ético-jurídico, ou seja, o bom governante respeita os anseios populares. Daí
ser fundamental a participação crescente das populações na tentativa de resolver
problemas comunitários. Citamos Jacques Maritain: “O Cristianismo ensinou aos
homens que o amor vale mais do que a inteligência”. Por isso, precisamos
entender que a doação não seja vinculada à expectativa exclusiva de retornos
materiais. Por sua vez, lembremos palavras do filósofo e economista Stuart
Mill: “Para que o mal triunfe, basta que os homens de bem se omitam.”
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, 17/03/2023. Ideias.
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