terça-feira, 4 de abril de 2023

UM PROBLEMA POPULACIONAL

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

Li recentemente um artigo do Dr. Wang Feng, sociólogo e especialista em demografia chinesa, publicado no Jornal New York Times, em 30 de janeiro deste ano. O artigo do Dr. Feng se reporta à informação de que a taxa de natalidade, na China, em 2022 caiu de 7,52 em 2021, para 6,77. Estes são dados publicados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China.

Isto significa que a população da China caiu pela primeira vez em 60 anos, com a taxa de natalidade nacional atingindo recorde de queda — 6,77 nascimentos por mil pessoas. Ou seja, a população do país em 2022, mesmo atingindo 1,4118 bilhão, caiu 850 mil habitantes em relação a 2021.

Em verdade, a taxa de natalidade vem caindo há anos e, ao que tudo indica, a China entrou em uma "era de crescimento negativo da população".

De acordo com as projeções da ONU, é que no fim deste século, a população daquele País esteja em torno de 700 milhões de habitantes, contra os 1,4 bilhão atual.

Mas, de acordo com o Dr. Feng, outros países estão passando por esta mesma problemática, como seria o caso do Japão, Coréia do Sul, Rússia, Itália e Alemanha.

É interessante observar que a queda na taxa de natalidade do ser humano se deve, no dizer do Dr. Feng, ao maior empoderamento da mulher.

Esta situação é boa ou é ruim para o nosso planeta? No que diz respeito à capacidade da terra em sustentar sua população, há o parâmetro chamado "biocapacidade".

biocapacidade avalia o montante de terra e água, biologicamente produtivo, para prover bens e serviços do ecossistema à demanda humana, sendo equivalente à capacidade regenerativa da natureza.

Mas, para medir a relação entre o consumo, exploração e utilização dos recursos naturais e a capacidade do planeta em repor tais elementos naturalmente, os estudiosos da área criaram outro conceito: A "pegada ecológica".

Os cálculos realizados apontam que a "pegada ecológica" do planeta estava em torno de 2,77 (dados de 2017), enquanto sua biocapacidade era de 1,60. Isto significava que precisaríamos de um planeta maior que a terra em 73% Dados do "2021 Edition National Footprint and Biocapacity Accounts".

Desta forma, o decrescimento da taxa de natalidade da humanidade é uma notícia alvissareira.

Mas, em economia, sempre há a contrapartida.

Diminuir esta sobretaxa tem implicações sobre o emprego e a capacidade de produção da humanidade.

Quanto ao emprego, o uso de tecnologias mais avançadas permitirá que menos pessoas sejam precisas para realizar tarefas intensivas de mão de obra.

Por outro lado, com menos gente para consumir, a produção não necessitará aumentar, principalmente de produtos agropecuários. E a tecnologia também muito contribuirá para diminuir a pressão neste campo.

Assim, há uma luz no fim do túnel!

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC,

Fonte: O Povo, de 12/02/23. Opinião. p.18.


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