Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)
Li
recentemente um artigo do Dr. Wang Feng, sociólogo e especialista
em demografia chinesa, publicado no Jornal New York Times, em 30 de janeiro
deste ano. O artigo do Dr. Feng se reporta à informação de que a taxa de
natalidade, na China, em 2022 caiu de 7,52 em 2021, para 6,77. Estes são dados
publicados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China.
Isto
significa que a população da China caiu pela primeira vez em
60 anos, com a taxa de natalidade nacional atingindo recorde de queda — 6,77
nascimentos por mil pessoas. Ou seja, a população do país em 2022, mesmo
atingindo 1,4118 bilhão, caiu 850 mil habitantes em relação a 2021.
Em
verdade, a taxa de natalidade vem caindo há anos e, ao que
tudo indica, a China entrou em uma "era de crescimento negativo da
população".
De
acordo com as projeções da ONU, é que no fim deste século, a
população daquele País esteja em torno de 700 milhões de habitantes, contra os
1,4 bilhão atual.
Mas,
de acordo com o Dr. Feng, outros países estão passando por esta mesma problemática,
como seria o caso do Japão, Coréia do Sul, Rússia, Itália e Alemanha.
É
interessante observar que a queda na taxa de natalidade do ser humano se deve,
no dizer do Dr. Feng, ao maior empoderamento da mulher.
Esta
situação é boa ou é ruim para o nosso planeta? No que diz respeito à capacidade
da terra em sustentar sua população, há o parâmetro chamado
"biocapacidade".
A biocapacidade avalia
o montante de terra e água, biologicamente produtivo, para prover bens e
serviços do ecossistema à demanda humana, sendo equivalente à capacidade
regenerativa da natureza.
Mas,
para medir a relação entre o consumo, exploração e utilização dos recursos
naturais e a capacidade do planeta em repor tais elementos
naturalmente, os estudiosos da área criaram outro conceito: A "pegada
ecológica".
Os
cálculos realizados apontam que a "pegada ecológica" do planeta
estava em torno de 2,77 (dados de 2017), enquanto sua biocapacidade era de
1,60. Isto significava que precisaríamos de um planeta maior que a terra em
73% Dados do "2021 Edition National Footprint and Biocapacity
Accounts".
Desta
forma, o decrescimento da taxa de natalidade da humanidade é
uma notícia alvissareira.
Mas,
em economia, sempre há a contrapartida.
Diminuir
esta sobretaxa tem implicações sobre o emprego e a capacidade de produção da
humanidade.
Quanto
ao emprego, o uso de tecnologias mais avançadas permitirá que
menos pessoas sejam precisas para realizar tarefas intensivas de mão de obra.
Por
outro lado, com menos gente para consumir, a produção não necessitará aumentar,
principalmente de produtos agropecuários. E a tecnologia também muito
contribuirá para diminuir a pressão neste campo.
Assim,
há uma luz no fim do túnel!
(*) Economista e professor titular
aposentado da UFC,
Fonte:
O Povo,
de 12/02/23. Opinião. p.18.
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