Por Henrique Soárez (*)
Não é um robô que vai roubar seu emprego. É um humano que
sabe trabalhar bem com o robô. Este robô pode atuar como uma ferramenta ou um
membro da equipe, dependendo da natureza da atividade e do nível de
confiabilidade necessário na sua execução.
Tenho investido bastante tempo descobrindo as capacidades dos robôs
hoje em dia. Recentemente, tentei usar o resultado do trabalho de um modelo
como ponto de partida para um segundo robô, mas não fiquei muito impressionado
com a experiência. Pedi ao GPT-4 para sugerir um prompt para o
Dall-E. Aprendi um pouco mais sobre como usar o Dall-E, mas não encontrei um
grande potencial de aumento da minha produtividade. No entanto, ao revisar
textos que já considerava finalizados, um modelo de linguagem em larga escala
tem sido útil.
Tento abordar os modelos de inteligência artificial da
mesma forma que um professor avalia um aluno. A primeira resposta, certa ou
errada, não mostra o que o aluno sabe. É necessário fazer novas perguntas a
partir da primeira resposta para avaliar com precisão. Também é desejável
ajudar o aluno fazendo leves correções de rumo para ver até onde ele pode
chegar.
Recentemente, pedi ao GPT para comparar duas traduções
da Bíblia em português e percebi que ele havia confundido uma delas
com uma terceira. Apontei o erro e o robô prontamente admitiu e produziu uma
nova análise comparando as duas versões que eu citei e a terceira introduzida
por ele.
A inteligência artificial ainda está em seus primeiros dias de uso
amplo. O melhor modelo GPT a que temos acesso é uma versão consideravelmente
limitada em prol da segurança. Como Elon Musk consegue vislumbrar
cenários longínquos pediu uma pausa no desenvolvimento de novas aplicações de
IA. Só fica difícil avaliar se a motivação para o pedido foi pânico legítimo ou
interesse comercial. Aqui no Brasil ainda não temos acesso ao Bard, que a
Google já relançou em outros países. Mais à frente este modelo irá se oferecer
para refinar suas habilidades lendo todos os e-mails, textos e planilhas que
utilizei desde 2004. Quem sabe quão mais poderoso
este assistente será?
(*) Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da
Uni7.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/04/23. Opinião, p.16.
Nenhum comentário:
Postar um comentário