O CAMINHO DAS ÁGUAS

Por Rev. Munguba Jr. (*)

Um grande presente, uma quadra chuvosa maravilhosa nesse ano em nosso Ceará. Já batemos o recorde de açudes sangrando dos últimos 11 anos. Córregos, riachos e rios estão com águas abundantes caminhando para o mar.

Mas antes de perder o seu poder de recriar a vida, as águas em nosso estado podem nos fazer mergulhar em alguns pensamentos: conseguimos interligar as nossas bacias hidrográficas; cada açude, ao superar o seu nível de vertedouro, oferece as suas águas a um próximo açude que as recolherá com a celebração da população da cidade hospedeira; estamos acumulando vida para a irrigação de plantações múltiplas; guardamos ainda mais vida saciando a sede dos nossos conterrâneos.

Se um açude não verter as suas águas, ele não conseguirá reter essa carga adicional. Suas paredes não suportarão o peso e abrirão passagem para a totalidade de sua carga, destruindo tudo em seu caminho.

Precisamos decidir que tipo de vida desejamos desenvolver em nosso planeta. Seremos caminho de vida e prosperidade ou reteremos dádivas até que as águas jorrem definitivamente para longe de nós?

É lindo observar que a cada nova chuva os níveis dos açudes vão aumentando. Alguns centímetros representam milhares de metros cúbicos de água, distribuídos em uma límpida lâmina de água se espalhando e unindo municípios. Para nós cearenses, o dia está bonito quando está bonito para chover.

Mesmo sem podermos contar com a transposição do rio São Francisco, paralisada desde janeiro desse ano, Deus enviou uma recarga extra. "O Sertão vai virar mar", afirmou Antônio Conselheiro ainda no século dezenove. Temos sertanejos que sem linhas ou rede de pesca estão pegando peixe com as mãos.

A nossa vida precisa estar interligada em uma rede de ajuda humanitária que transforme a realidade da nossa gente. Você já pensou sobre isso? Você já escreveu algum projeto factível para dar a sua contribuição? Não precisa ser enorme, se você não consegue ser açude, seja um rio, um pequeno riacho, mas se não for possível ser tão grande e relevante, seja pelo menos um pingo de chuva, que, somados a muitos outros, faremos chover e viver.

(*) Pastor Munguba Jr. Embaixador Cristão da Oração da Madrugada e Erradicação da Pobreza no Brasil e presidente da Igreja Batista Seven Church.

Fonte: O Povo, 15/04/2023. Opinião. p.18.