Por Lauro Chaves Neto (*)
Os Bancos
Centrais da maior parte dos países desenvolvidos atuaram de forma relativamente
coordenada desde a pandemia com os seus necessários e volumosos esforços
fiscais na viabilização das políticas de transferência de renda, estímulo à
manutenção dos empregos e reforço ao capital de giro das empresas, que aliados
aos impactos da desestruturação das cadeias de suprimento e logística de
diversos setores, provocaram pressões inflacionárias que levaram a elevações
globais das taxas de juros.
Recentemente,
notícias positivas no front externo com a tendência de alta na atividade
econômica na Europa e nos EUA, combinadas com a redução das pressões
inflacionárias, levam a crer que se aproxima o início do ciclo de estabilidade
e queda nas taxas de juros. Houve uma reversão das desestruturações das cadeias
de suprimento e logística e uma redução no preço das matérias primas.
A autoridade
monetária nos EUA, o FED, manteve estável a sua taxa básica entre 5% e 5,25% ao
ano, já que passou a prever uma desaceleração mais lenta e um desemprego menor
que os antes previstos, embora a projeção seja para que a inflação permaneça
acima da meta anual de 2% até 2025. Foi sinalizado que, apenas caso ocorram
novas pressões inflacionárias, poderia haver novas elevações nos juros no
segundo semestre.
A elevação no
fluxo de capitais para os países emergentes já faz parte da sinalização da
percepção do mercado para a nova tendência na curva de juros.
Duas fontes de
riscos são, por um lado o risco de aprofundamentos em conflitos geopolíticos
que impactem nos preços das energias e matérias primas, e por outro lado o
risco que a retomada econômica da China seja mais lenta que a esperada.
O front interno
aliou uma retomada da economia, graças ao setor agropecuário e a um desempenho
positivo para o comércio exterior. A aprovação do arcabouço fiscal e da reforma
tributária poderiam ser os elementos que faltavam para a construção de um
cenário mais otimista.
Esse cenário pode
abrir espaço para uma redução mais forte e sobretudo mais rápida nas taxas de
juros brasileiras.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 26/6/23. Opinião. p.22.
Nenhum comentário:
Postar um comentário