sexta-feira, 11 de agosto de 2023

FOLCLORE POLÍTICO CVIII: Porandubas Políticas 585

Abro a coluna com a Semana Santa no interior da Paraíba.

Fura ele, Jesus

Foi por ocasião da encenação da Semana Santa numa cidadezinha da Paraíba. O dono do circo resolveu encenar a Paixão de Cristo na sexta-feira santa. Elenco escolhido dentre os moradores. No papel de Cristo, o galã da cidade. Ensaios de vento em popa. Às vésperas do evento, o dono do circo soube que ‘Jesus’ estava de caso com sua mulher. Furioso, deu-se conta que não podia fazer escândalo sob pena de perder o investimento. Bolou uma maneira. Comunicou ao elenco que iria participar fazendo o papel do ‘centurião’.

– Como? – reclamaram – Você não ensaiou!

– Não é preciso ensaiar, porque centurião não fala!

O elenco teve de aceitar. Dono é dono. Chegou o grande dia. Cidade em peso compareceu. No momento mais solene, a plateia chorosa e em silêncio. Jesus carregando a cruz. O ‘centurião’ começa a dar-lhe chicotadas.

– Oxente, cabra, tá machucando! Reclamou Jesus, em voz baixa.

– É pra dar mais verdade à cena – respondeu o centurião.

E tome chicotada. Chicote comendo solto no lombo do infeliz. Até que Jesus enfureceu-se, largou a cruz no chão, puxou uma peixeira e partiu pra cima do centurião:

– Vem, desgraçado! Vem cá que eu vou te ensinar a não bater num indefeso!

O centurião corria, Jesus com a peixeira correndo atrás. O povo em delírio gritando:

– É isso aí! Fura ele, Jesus! Fura, aqui é a Paraíba, não é Jerusalém, não!

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).


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