Por Barros Alves (*)
Ralph Waldo
Emerson foi um preeminente escritor dos Estados Unidos. Ele escreveu uma obra
contendo biografias de respeitáveis personalidades que encantam as pessoas ao
longo do tempo, em que assomam os nomes de Platão, Swedenborg, Montaigne,
Shakespeare, Napoleão e Goethe. No idioma vernáculo o livro se subordina ao
título “Homens Representativos.” Por agora, também eu quero falar de um homem
grandemente representativo entre as personalidades que brilham na constelação
de luminares destinados a perpetuar-se no afeto e no sentimento de respeito do
povo cearense e, certamente, dos demais brasileiros que têm a honra de
conhecê-lo e/ou conhecer a obra que ele tem realizado ao longo de sua
existência de 80 anos. Falo em atitude genuflexa de Lúcio Gonçalo de Alcântara,
um dos mais importantes homens que o Ceará deu ao Brasil na contemporaneidade.
Em boa hora,
na tarde desta sexta-feira, 4 de agosto, a Assembleia Legislativa do Ceará
realiza sessão solene para prestar homenagem ao médico, ao político, ao
intelectual, ao humanista, ao benfeitor Lúcio Alcântara. O Parlamento Cearense
atende requerimento de autoria do deputado Firmo Camurça, subscrito pela
deputada Dra. Silvana e outros parlamentares, os quais, à altura da dignidade
da Casa do Povo, levam àquele que foi secretário de Estado, prefeito de
Fortaleza, deputado federal, governador do Ceará e Senador da República, o
júbilo de vê-lo atuante e dinâmico na idade octogenária. E não apenas na seara
política, enquanto arte de bem servir ao povo, alteou-se o Dr. Lúcio, como o
tratamos carinhosamente. Intelectual e militante da Cultura na expressão mais
lídima do termo, sempre requisitado para palestras e conferências, também o foi
para missões arrojadas, tais como a presidência das duas mais importantes
academias do Saber em terras de Alencar. Com proficiência e dedicação presidiu
o Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico) e a Academia
Cearense de Letras. Lembre-se, por pertinente, que ao tempo em que exerceu o
mandato de senador, dirigiu um invejável projeto editorial encampado pela
Editora do Senado Federal, nunca mais superado. A Fundação Waldemar de
Alcântara, sob seu comando, constitui um organismo indutor da cultura e da ação
editorial em nosso Estado tão carente de editoras de verdade.
Para além da
ação política que desenvolve com o elevado sentido de cidadania e grandeza
ética, o Dr. Lúcio é um homem que exerce a práxis cristã nos moldes em que o
fez São Josemaria Escrivá de Balaguer, deixando-nos o exemplo de que podemos
imitar o Cristo no nosso cotidiano, sem alardes, em meio ao bulício da vida que
de nós exige fé, coragem e temperança para caminhar sem assombro ante aos
desatinos da sociedade moderna. Vejamos que em meio a essa azáfama
que as muitas responsabilidades lhe cobram, Dr. Lúcio é também o guardião e
timoneiro-mor de uma das mais importantes obras sociais do Ceará, o Instituto
do Câncer. Enfim, a gratidão manifestada pela Assembleia Legislativa
do Ceará ao Dr. Lúcio, homem representativo, reforça o conceito de Emerson, que
diz “competir ao homem triunfar do caos; espalhar por toda a parte, enquanto
vive, as sementes de ciência e de poesia, para que o clima, o trigo, os animais
e os homens sejam mais doces e que os germes de amor e de beneficência sejam
multiplicados.” Sem dúvida, Dr. Lúcio tem contribuído ao longo de seus 80 anos
para que as pessoas sejam mais felizes, porque ele é, sobretudo, um sábio. E
como escreveu Mencius, um sábio é um mestre de cem séculos.
(*) Jornalista, poeta e escritor. Assessor Parlamentar da ALECE.
Fonte: Publicado In:
O Estado, de 4/08/2023. Ideias. p. 2.
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