Por Pe. Eugênio
Pacelli SJ
(*)
Desde o início de seu pontificado, o Papa
Francisco tem manifestado o desejo de uma Igreja que promove a
sinodalidade. Uma "Igreja Sinodal" aberta à participação ativa e à
consulta de seus membros, desde os líderes até a base. Uma Igreja mais
inclusiva. Isso reflete sua visão de Igreja diáloga constantemente e busca
servir a todos, independentemente de sua situação ou suas crenças.
Na sua homilia, dirigida aos 464 participantes da XVI Assembleia
do Sínodo, em Roma, ele esclareceu que: "Não estamos aqui para
realizar uma reunião parlamentar ou um plano de reforma (...), esta não é uma
reunião política, mas uma convocação no Espírito; não um parlamento polarizado,
mas um lugar de graça e de comunhão". Em seu discurso de abertura dos
trabalhos da Assembleia, ele manifestou o desejo de uma Igreja centrada em Deus
e que olhe "com misericórdia, para a humanidade". Igreja
misericordiosa, inclusiva, compassiva, que acolha àqueles que se sentem
excluídos ou marginalizados. Com sua sensibilidade, na homilia de abertura
pediu: "Sejamos uma Igreja que, de ânimo feliz, contempla a ação de Deus e
discerne o presente, uma Igreja que, no meio das ondas por vezes agitadas do
nosso tempo, não desanima, não procura escapatórias ideológicas, nem deixa que
seja o mundo a ditar a sua agenda."
Na presença dos bispos e cardeais de todo o mundo, bem como de
populares que enchiam a Praça de São Pedro, Francisco reconhece que a Mãe
Igreja precisa de purificação, de "reparação", porque todos somos
"Povo de pecadores perdoados, sempre necessitados de regressar a
"fonte, que e" Jesus, e nos colocarmos novamente nos caminhos do
Espírito.
Não tem sido fácil a caminhada de Francisco numa Igreja
fracionada. Apesar das muitas críticas que recebeu durante o processo sinodal,
o desejo do pastor para a Igreja é a unidade, exorta a rejeitar o
"espírito de divisão e conflito", insistindo na necessidade de
respeitar as diferenças, e fazer o exercício que "dê prioridade à
escuta".
O Sínodo pretende uma Igreja unida e fraterna, que escuta e
dialoga, abençoa e encoraja, ajuda quem busca o Senhor, sacode os
indiferentes e instrui o povo na beleza da fé.
(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do
Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento
Amare.
Fonte: O Povo, de 21/10/2023. Opinião. p.18.
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