terça-feira, 5 de dezembro de 2023

UMA IGREJA À ESCUTA DA VOZ DO ESPÍRITO

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Desde o início de seu pontificado, o Papa Francisco tem manifestado o desejo de uma Igreja que promove a sinodalidade. Uma "Igreja Sinodal" aberta à participação ativa e à consulta de seus membros, desde os líderes até a base. Uma Igreja mais inclusiva. Isso reflete sua visão de Igreja diáloga constantemente e busca servir a todos, independentemente de sua situação ou suas crenças.

Na sua homilia, dirigida aos 464 participantes da XVI Assembleia do Sínodo, em Roma, ele esclareceu que: "Não estamos aqui para realizar uma reunião parlamentar ou um plano de reforma (...), esta não é uma reunião política, mas uma convocação no Espírito; não um parlamento polarizado, mas um lugar de graça e de comunhão". Em seu discurso de abertura dos trabalhos da Assembleia, ele manifestou o desejo de uma Igreja centrada em Deus e que olhe "com misericórdia, para a humanidade". Igreja misericordiosa, inclusiva, compassiva, que acolha àqueles que se sentem excluídos ou marginalizados. Com sua sensibilidade, na homilia de abertura pediu: "Sejamos uma Igreja que, de ânimo feliz, contempla a ação de Deus e discerne o presente, uma Igreja que, no meio das ondas por vezes agitadas do nosso tempo, não desanima, não procura escapatórias ideológicas, nem deixa que seja o mundo a ditar a sua agenda."

Na presença dos bispos e cardeais de todo o mundo, bem como de populares que enchiam a Praça de São Pedro, Francisco reconhece que a Mãe Igreja precisa de purificação, de "reparação", porque todos somos "Povo de pecadores perdoados, sempre necessitados de regressar a "fonte, que e" Jesus, e nos colocarmos novamente nos caminhos do Espírito.

Não tem sido fácil a caminhada de Francisco numa Igreja fracionada. Apesar das muitas críticas que recebeu durante o processo sinodal, o desejo do pastor para a Igreja é a unidade, exorta a rejeitar o "espírito de divisão e conflito", insistindo na necessidade de respeitar as diferenças, e fazer o exercício que "dê prioridade à escuta".

O Sínodo pretende uma Igreja unida e fraterna, que escuta e dialoga, abençoa e encoraja, ajuda quem busca o Senhor, sacode os indiferentes e instrui o povo na beleza da fé.

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.

Fonte: O Povo, de 21/10/2023. Opinião. p.18.

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