terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Na terra do Padre Cicero, o pedaço de chão para morar ainda é sonho

Por Fabiana Arrais (*)

As políticas econômicas do ano de 2023 foram determinantes para resgatar a autoconfiança do mercado financeiro, e com a redução da taxa Selic ao patamar de 11,75% ao ano, consolidam-se as expectativas de retorno do crescimento de alguns mercados que desde o período pandêmico atravessaram duras recessões de investimento e expansão.

Para a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) as decisões do Governo Federal em aumentar os recursos de moradias para R$ 10 bilhões, assim como a reintegração de novas faixas de renda mensal para o financiamento "Minha Casa, Minha Vida" (habitações urbanas na Faixa 1 com renda mensal bruta de até R$ 2.640 e habitações rurais para aquelas de até R$ 3.680) impulsionam o mercado imobiliário, a construção civil e o crescimento econômico.

É importante frisar que o setor da construção civil impacta diretamente o somatório do Produto Interno Bruto (PIB), tendo em vista que é um importante setor para a geração de empregos e renda, como também na absorção de investimentos privados e públicos.

A Região Metropolitana do Cariri - em especial Juazeiro do Norte - retomou desde o final do segundo semestre de 2022, conforme a Secretaria de Infraestrutura, o processo intenso e contínuo de expansão do mercado imobiliário fato evidenciado pelo aumento de 37% no ano de 2023 de ordens de habite-se.

Juazeiro é um canteiro interminável de obras, os recortes dos espaços abrem caminhos não somente para os novos empreendimentos, há intensas transformações socioeconômicas evidenciadas pelo aparato de infraestrutura destinado pelos agentes econômicos a determinados espaços (saneamento básico, coleta de lixo, asfalto, segurança, supermercados, confeitarias, universidades, saúde etc.), influenciando o surgimento de novos centros urbanos e habitacionais acarretando a curto e médio prazo uma supervalorização no preço do metro quadrado (R$ 6 mil reais na área Lagoa Seca) tal qual uma capital nordestina

Diante deste cenário o imóvel próprio torna-se um sonho, e caro! O aluguel é uma alternativa plausível, porém nos espaços (bairros) em que se percebe maiores investimentos em infraestrutura os preços dos aluguéis inflacionam obrigando os moradores a se distanciarem dos centros urbanos em direção as periferias

É importante a discussão sobre a participação do poder público no que se refere aos investimentos em infraestrutura com a finalidade de promoção dos grandes empreendimentos fomentados pela iniciativa privada, posto que uma parcela significativa da população juazeirense que reside nas periferias e se encontram socialmente vulneráveis não são inclusas nessas melhorias urbanas.

(*) Economista.

Fonte: O Povo, de 19/01/24. Opinião. p.17.


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