terça-feira, 5 de março de 2024

A DÍVIDA DA SANTA CASA DE FORTALEZA

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Antes de assumirmos, em 19 de março de 2023, o cargo de Provedor da Santa Casa de Fortaleza, já ensaiávamos alguns artigos neste importante espaço do O POVO, divulgando e disseminando informações dessa instituição, para maior conhecimento público sobre o seu significado.

Um dos pontos de maior importância, porque se relaciona diretamente com o seu presente e o seu futuro, refere-se, obviamente, à sua atual situação financeira, considerada preocupante já a partir da pandemia, com acúmulo de dívidas pelo desequilíbrio entre receitas e despesas, provocado por vários fatores, inclusive os aumentos nos insumos.

No entanto, é preciso que essa situação seja esclarecida, na forma transparente como sempre deve ser, pois, conhecendo suas nuanças, poderemos todos nos engajar na solução, que se mostra mais simples do que possa parecer à primeira vista.

Convém citar que, à exceção de procedimentos de alta complexidade, com revisões pontuais, os procedimentos clínicos e cirúrgicos de média complexidade não são atualizados na Tabela SUS há cerca de 20 anos, gerando uma gritante defasagem.

Como a Santa Casa de Fortaleza é um dos hospitais com maior atuação na média complexidade, e atende quase exclusivamente pacientes SUS, incorre em custos maiores do que a remuneração a receber, com diferenças que superam os 200%. A quem cabe pagar essa diferença? Não bastam doações e outras formas de arrecadação, pois essa distância tende sempre a aumentar.

Esta é a principal causa. Partindo dela, consideramos que Estado e Município devem participar conjuntamente de uma solução que tem alto impacto para os assistidos, sem representar sangrias orçamentárias, que é a de compensar a defasagem com um aporte proporcional que permita o equilíbrio da Santa Casa de Fortaleza de ora em diante.

Estamos abertos ao diálogo para demonstrar, com dados como os dos principais procedimentos de média complexidade, que uma pequena injeção de recursos significará melhoria na área da Saúde, reduzirá filas, otimizará custos e permitirá que a Santa Casa de Fortaleza, criada como Hospital de Caridade, mantenha sua marca: salvando vidas desde 1861.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/01/24. Opinião. p.16.


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