Por
Vladimir Spinelli Chagas (*)
Antes de assumirmos, em
19 de março de 2023, o cargo de Provedor da Santa Casa de Fortaleza, já ensaiávamos
alguns artigos neste importante espaço do O POVO, divulgando e disseminando
informações dessa instituição, para maior conhecimento público sobre o seu
significado.
Um dos pontos de maior
importância, porque se relaciona diretamente com o seu presente e o seu futuro,
refere-se, obviamente, à sua atual situação financeira, considerada preocupante
já a partir da pandemia, com acúmulo de dívidas pelo desequilíbrio entre receitas
e despesas, provocado por vários fatores, inclusive os aumentos nos insumos.
No entanto, é preciso
que essa situação seja esclarecida, na forma transparente como sempre deve ser,
pois, conhecendo suas nuanças, poderemos todos nos engajar na solução, que se
mostra mais simples do que possa parecer à primeira vista.
Convém citar que, à
exceção de procedimentos de alta complexidade, com revisões pontuais, os
procedimentos clínicos e cirúrgicos de média complexidade não são atualizados
na Tabela SUS há cerca de 20 anos, gerando uma gritante defasagem.
Como a Santa Casa de
Fortaleza é um dos hospitais com maior atuação na média complexidade, e atende
quase exclusivamente pacientes SUS, incorre em custos maiores do que a
remuneração a receber, com diferenças que superam os 200%. A quem cabe pagar
essa diferença? Não bastam doações e outras formas de arrecadação, pois essa
distância tende sempre a aumentar.
Esta é a principal
causa. Partindo dela, consideramos que Estado e Município devem participar
conjuntamente de uma solução que tem alto impacto para os assistidos, sem
representar sangrias orçamentárias, que é a de compensar a defasagem com um
aporte proporcional que permita o equilíbrio da Santa Casa de Fortaleza de ora
em diante.
Estamos abertos ao
diálogo para demonstrar, com dados como os dos principais procedimentos de
média complexidade, que uma pequena injeção de recursos significará melhoria na
área da Saúde, reduzirá filas, otimizará custos e permitirá que a Santa Casa de
Fortaleza, criada como Hospital de Caridade, mantenha sua marca: salvando vidas
desde 1861.
(*) Professor aposentado
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/01/24. Opinião. p.16.
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