Por
Vladimir Spinelli Chagas (*)
Nossos últimos artigos,
nesses quatro anos de participação no O POVO, têm destacado algum aspecto
relativo à Santa Casa de Fortaleza, como a defasagem da Tabela SUS, agravado
por mantermos os propósitos dos nossos criadores que, em 1845, idealizaram um
Hospital de Caridade, com recursos de doações, efetivado em 1861.
Mantendo-se como
hospital voltado aos mais carentes, sendo 95% dos assistidos via SUS, a Santa
Casa nunca reduziu sequer as cirurgias de média complexidade — hoje mais de 70%
dos procedimentos cirúrgicos realizados —, malgrado as diferenças entre o valor
da Tabela SUS e os custos reais, que superam os 200%.
Essa abnegação se deve
em muito a ter sempre contado com grandes nomes da medicina cearense e destaque
em várias especialidades, além de ter sido, durante anos, a referência em
oncologia, mesmo após o surgimento dos primeiros hospitais especializados.
Ainda agora estamos em vias de inaugurar um moderno equipamento para a
realização de radioterapia, alcançando assim, um elevado nível nesses
procedimentos oncológicos.
No entanto, o percentual
de 95% de pacientes SUS e a manutenção dos procedimentos de média complexidade
em índices superiores a 70%, em comparação com a alta complexidade, provocam
déficits mensais cada vez maiores, dificultando a sua cobertura com recursos
captados nas tradicionais campanhas de doação.
Internamente, iniciamos
um projeto de desenvolvimento de processos, produtos e serviços inovadores e
estamos concluindo nosso Plano Econômico para então nos debruçarmos melhor
sobre outras ações, como o Protocolo ASG, que nos proporcionará melhores
condições de concorrer a recursos nacionais e internacionais de instituições
preocupadas de fato com o ambiental e o social e da prática de boa Governança.
O caminho iniciado em
março de 2023 já aponta para bons resultados, mas antes precisamos do olhar e
do apoio dos entes públicos e privados, além da sociedade, para que a Santinha,
como é carinhosamente chamada, rapidamente retome todo o seu papel de um
hospital de acolhimento à parcela mais vulnerável da população.
(*) Professor aposentado
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/02/24. Opinião. p.16.
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