quinta-feira, 14 de novembro de 2024

CAIXA CULTURAL E POÇO DA DRAGA: um muro a menos

Por Izabel Gurgel (*)

"Exercícios de imaginação para outras possíveis vizinhanças" está em uma das paredes da sede da Velaumar, organização não-governamental criada em 2003 no Poço da Draga, na Praia de Iracema. Duas pranchas com imagens desenvolvidas em uma proposição de Enrico Rocha a partir de uma pergunta: como poderia ser, com a retirada de um muro, a vizinhança entre a Caixa Cultural e o Poço da Draga.

Para se perguntar melhor, as astúcias da memória contam, assim, com o que Enrico chama "um disparador do imaginar": emoldurados juntos, um estudo/desenho de Cinira D'alva e um estudo/colagem de Hector Isaias. À primeira vista, um susto ante a possibilidade do efeito do gesto de supressão do muro. O corpo a bem dizer imediatamente convocado para a coragem de dizer sim. Demore-se e usufrua de uma espécie de alívio. Como tirar um cisco do olho. Encontrar o rumo depois de uma desorientação.

"Exercícios de imaginação para outras possíveis vizinhanças" foi para a Velaumar depois da temporada na Caixa Cultural como parte da exposição Performar, uma realização do Sobrado Dr. José Lourenço na itinerância que vem realizando desde março de 2023, o projeto Percursos.

Vizinhança é uma compreensão que tomamos de ouvir o Enrico Rocha em conversa por telefone para um texto que eu faria sobre o ano um dos Percursos e na conversa pública a partir da mostra Performar. Na Caixa Cultural, a conversa entre os pares - Enrico Rocha, Solon Ribeiro e Waléria Américo, ela responsável pela curadoria da exposição - está disponível no canal do YouTube do Sobrado.

Vizinhança para pensar a lida com distâncias e proximidades, para agenciamentos de interlocução, como um disparador da imaginação e do imaginar outros mundos possíveis a partir de onde se está.

Depois da conversa pública, dia 25 de maio último, haveria um rolê na P.I. (de Praia de Iracema) com Serginho Rocha, geógrafo nascido e criado no Poço da Draga, menino de brincar de pegar bochecha no trem que passava pela rua do trilho, por dentro do lugar onde vive. Claro que todos os meninos colavam as bochechas para voar escondidos pelos muros invisíveis que as crianças, graças ao divino, sustentam quando precisam fazer algo cujo risco as mães evitam do mesmo modo que pedestres fazem quando têm de passar por ruas de muro alto.

Outro dia, fiz o rolê com Serginho. Anos antes, havia ligado para o João (Carlos Góes) para conhecer a estação de compostagem então recém-implantada, a Composta Poço. E ele me levou até a foz do curso d'água que desemboca no mar, um dos rios|riachos invisíveis na cidade. Tem muro demais no caminho dos nossos olhos. A gente não vê é a bem dizer nada. Caixa, tira pelo menos um, vai!

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 13/10/24. Editorial, p.2.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Homenagens da Assembleia Legislativa do Ceará pelos 20 anos do Jornal do Médico

 

Dep. Guilherme Landim entre as viúvas de Darival Bringel de Olinda e de José Maria Chaves, à direita, e Josemar Argollo e Marcelo Gurgel, à esquerda, quando da entrega das homenagens na Solenidade em comemoração dos 20 anos da revista Jornal do Médico.

Na terça-feira à noite (12/11/24), na Sessão Solene em comemoração dos vinte anos da revista Jornal do Médico, ocorrida no Plenário 13 de Maio da Assembleia Legislativa do Ceará, atendendo ao requerimento do Dep. Guilherme Landim, entre os Homenageados com um Certificado de Reconhecimento, oferecido pela “Assembleia Legislativa do Estado do Ceará”, constaram os médicos Ana Margarida Arruda Rosemberg, Arruda Bastos, Darival Bringel de Olinda (In Memoriam), Davyson Sampaio, José Maria Chaves (In Memoriam), Marcelo Gurgel Carlos da Silva, Mirialdo Linhares Garcia e Ricardo Madeiro. Também foram prestadas as seguintes Homenagens institucionais: Uninta, Hospital Geral de Brejo Santo Deputado Welington Landim, CREMEC, Sindicato dos Médicos do Ceará, Associação Médica Cearense, Academia Cearense de Medicina, Sociedade Cearense de Oftalmologia, Sobrames - Regional Ceará, Fundação Leiria de Andrade e Unichristus.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Sócio da Sobrames/CE


AS ELEIÇÕES EM FORTALEZA E A SAÚDE PÚBLICA

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

A legislação brasileira é clara no sentido de que a saúde é direito do cidadão e obrigação do Estado, com o seu financiamento se dando de forma tripartite, estabelecidos os percentuais mínimos dos entes federados e dos municípios.

Assim, criamos um dos mais importantes sistemas de saúde, o SUS, com foco na universalidade, mas temos que reconhecer, também, que esse importante instrumento vem perdendo força por falta de reajustes adequados dos valores dos seus serviços.

A defasagem da tabela vem comprometendo cada vez mais os orçamentos de estados e municípios para manterem o funcionamento da rede pública, e mesmo assim não em volume suficiente, como se depreende dos pacientes que veem agravadas suas condições de saúde enquanto enfrentam longas filas de espera.

Como "a causa da saúde é a causa da democracia e da justiça social", conforme a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, os candidatos que vão à disputa de segundo turno precisam ser criativos na busca de soluções inteligentes e que estão bem ao seu alcance.

Uma solução simples exige apenas uma pequena engenharia financeira em que o orçamento municipal inclua recursos complementares para as entidades filantrópicas, viabilizando essas instituições, que são parte integrante e fundamental do SUS, com mais de 50% dos atendimentos e internações de todo o sistema.

Cabe assim aos candidatos já colocar em pauta a discussão de um pacto que permita que essas instituições saiam da atual situação esdrúxula em que precisam prover significativa parte dos recursos necessários às suas atuações como rede complementar, o que muitas vezes inviabiliza seu pleno funcionamento.

Segundo estudo de 2022, do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (Fonif), para cada R$ 1,00 de imunidade essas entidades entregaram R$ 9,79 em serviços, demonstrando sobejamente que os recursos nelas aplicados serão sempre uma excelente opção orçamentária.

Este é um momento ideal para a abertura de rodas de conversas com os representantes dessas entidades numa demonstração de que a prioridade para com a saúde não é apenas retórica, mas compromisso de governo.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/10/24. Opinião. p.16.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

ESPAÇO DA LEITURA PIO RODRIGUES NETO

Por Paulo Gurgel Carlos da Silva (*)

A leitura é um exercício que estimula a percepção e aguça a criatividade, e pensando nos benefícios que esta atividade pode proporcionar para as pessoas, a Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), inaugurou, neste domingo (10/11/24), o Espaço da Leitura Pio Rodrigues Neto, no Parque Estadual do Cocó.

O local é uma homenagem ao ambientalista, empresário e membro do Conselho Gestor da Unidade de Conservação (UC) estadual, que em 2017, promoveu o plantio de 40 mil árvores nativas às margens do rio Cocó e em áreas específicas do Parque, em celebração aos 40 anos da C. Rolim Engenharia, empresa que Pio Rodrigues Neto à época dirigia. Ele também é celebrado por suas obras literárias e por seu compromisso com a preservação ambiental.

A cerimônia de inauguração contou com a presença da titular da Sema, Vilma Freire; do secretário executivo, Fernando Bezerra; do homenageado e seus familiares. Além de frequentadores do Parque e cidadãos engajados com a causa ambiental.

Durante a inauguração, o homenageado, que também possui o título de "Amigo do Cocó", fez um discurso emocionado. “Eu não tenho nenhuma dúvida que plantar árvores faz parte da minha missão e eu fico extremadamente feliz com esta honraria de ter meu nome preservado, aqui no parque, recebo isso com o coração cheio de gratidão, mas isso também me serve de forte incentivo para continuar trabalhando. Eu acho que é uma missão cidadã, é uma missão de um ser humano que entende um pouco essa necessidade do verde em Fortaleza”, declarou Pio Rodrigues Neto.

http://www.sema.ce.gov.br

Na segunda-feira (11/11/24), fui ao Parque do Cocó para conhecer esta iniciativa, tendo deixado para o acervo do Espaço de Leitura um exemplar do livro "Edição Êxtase", de minha autoria.

(*) Médico pneumologista, escritor e blogueiro.

Postado por Paulo Gurgel no Blog Linha do Tempo em 12/11/2024.

https://gurgel-carlos.blogspot.com/2024/11/espaco-da-leitura-pio-rodrigues-neto.html


E AGORA, FORTALEZA?

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Entre ódios e paixões, Fortaleza foi às urnas. Boa parte do tempo da campanha foi perdida com acusações e temas acessórios. A cidade em si, suas imensas contradições e desafios ficaram em segundo plano.

Os candidatos escolhidos no primeiro turno têm perfis, ideologias e trajetórias diferentes. André Fernandes (PL) é um jovem que promete seguir os passos de Dom Pedro I e libertar Fortaleza. Evandro Leitão (PT), por sua vez, além de presidir a Assembleia Legislativa do Ceará, dirigiu importante time de futebol local.

Hoje, no calor do pós-primeiro turno, parece difícil prever para onde irão os votos dos candidatos derrotados. Também não se sabe ainda como será o embate entre dois candidatos tão distintos à prefeitura. Aproveitarão a oportunidade para discutir e aprofundar propostas ou se concentrarão em falácias e golpes baixos? Tomara que não! Fortaleza merece o bom debate.

A gestão de uma cidade comporta diferentes áreas de atuação, como saúde, educação, infraestrutura, habitação, transporte coletivo e outras.

Cabe, agora, a cada um dos candidatos explicitar o que pretende fazer caso vitorioso, para que os eleitores possam fazer uma escolha consciente no segundo turno.

Apesar dos impasses políticos resultantes das eleições passadas, que colocaram em palanques distintos antigos aliados, uma encruzilhada entre a continuidade e a mudança está em cena. Do mesmo modo, certas promessas de campanha soam falaciosas e improváveis.

Em políticas públicas, muitas vezes o que levou décadas para ser construído pode ser perdido, como já se viu, na administração federal.

No caso da educação, uma década de esforços permitiu avanços consideráveis. Fortaleza saiu do limbo para tornar-se vitrine nacional por seus bons resultados e iniciativas. As políticas deflagradas pelas administrações de Roberto Cláudio e José Sarto serão mantidas?

Que os candidatos venham a público e explicitem suas prioridades em relação às necessidades da população sob a responsabilidade da gestão municipal. Nossa cidade não pode ser refém de improvisos. A hora da verdade chegou. Que o voto decida o melhor! 

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 7/10/24. Opinião. p.21.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

CONVITE: Semeando Cultura da Sobrames-CE (Novembro 2024)

 

A Diretoria da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Ceará (Sobrames-CE) convida para o SEMEANDO CULTURA, a realizar-se no dia 11/11/2024, às 19h, no Auditório da Associação Médica Cearense, na Av. Dom Luís, n° 300, sala 1.122 - Avenida Shopping & Office

O palestrante do evento será o publicitário, CEO do Jornal do Médico e membro benemérito da Sobrames-CE, Sr. Josemar Argollo de Meneses, que abordará o tema: “O Legado de 20 Anos do Jornal do Médico”.

Contamos com a nobre participação dos colegas, amigos e familiares neste aprazível momento cultural.

Atenciosamente,

Dra.  Maria Sidneuma Melo Ventura

Presidente da Sobrames-CE

A DEMOCRACIA EM FESTA

Por Heitor Férrer (*)

Tirei meu título de eleitor em 1973. Só fui voltar para prefeito de Fortaleza em 1985, 12 anos depois, e para presidente da República em 1989, 16 anos. Era o auge da ditadura militar. Não se votava para prefeito das capitais nem para governadores nem para presidente da República. Que coisa mórbida e sem graça. Sob democracia plena, o Brasil vivencia a escolha dos administradores de nossas cidades. Vemos a empolgação das pessoas, a busca por notícias, o fervor da imprensa, a emoção a cada divulgação das pesquisas eleitorais, as promessas dos candidatos, e, acima de tudo, a esperança renovada a cada eleição.

A democracia é pilar fundamental para a construção de uma sociedade plural, onde a voz de todos é valorizada através voto popular universal e secreto. A ditadura militar nos deixou cicatrizes profundas. A ausência de eleições era a anulação da vontade popular. Na frieza do Palácio do Planalto, o general presidente da República nomeava o prefeito de Fortaleza e o governador do Ceará, e nós, povo, apenas dizíamos amem! Éramos privados de nossas escolhas.

Redemocratizamo-nos! Cada pleito eleitoral é um festival de cidadania. Cada voto é um grito de independência e liberdade. As eleições de 1985 para prefeitos e de 1989 para presidente foi o retorno da esperança, onde deposita-se em cada um de nós, eleitores, a responsabilidade de definirmos o nosso próprio futuro. Nenhum dirigente nos é imposto. Nós escolhemos!

Como entender que, até há bem pouco tempo, ainda se falou em intervenção militar, volta de AI-5, em detrimento de toda essa riqueza da democracia. A emoção de cada resultado eleitoral é a manifestação de um povo que se recusa a ser silenciado novamente, porem a história nos ensina que a democracia tem construção diária, exige vigilância permanente e que os vencedores entendam que, a cada novo voto, eles têm o compromisso de melhorar a vida das pessoas, sustentáculo de todo o poder. Ode à democracia, diploma da vontade popular, caminho único de um futuro coletivo e que nunca mais olhemos para trás.

Democracia sempre, ditadura nunca mais!

(*) Médico e ex-Deputado estadual (Solidariedade).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/10/2024. Opinião. p.21.

domingo, 10 de novembro de 2024

A VIDA COM PARKINSON IV

Por Lucas Vieira, Rafael Santana, Camila Pontes e Luciana Pimenta, de O Povo (*)

O tratamento do Parkinson

O tratamento da Doença de Parkinson (DP) é baseado em aumentar a ação da dopamina no cérebro, já que à sua redução é o que gera os sintomas motores da doença, mediante usos de medicamentos, como o Levodopa, o mais eficaz e mais utilizado para o tratamento da doença”, explica o dr e professor Pedro Braga.

Ele afirma que há outras estratégias de medicamentos já comprovadamente eficazes, mas que, de uma forma geral, elas atuam na via dopaminética. “A doença é muito mais ampla do que dopamina. Tem outros neurotransmissores envolvidos em outros sintomas da doença, como memória, depressão e ansiedade e constipação”, ressalva.

O médico também destaca necessidade de um bom acompanhamento para o controle dos sinais da doença e reforça a importância da prática de exercícios físicos.

Quando eu vejo que os pacientes se engajam mais na atividade física, observo que eles estão em melhor evolução. E os estudos mostram que isso pode ter um papel neuroprotetor, ou seja, diminui a progressão da doença”, finaliza.

Instituições especializadas no atendimento a parkinsonianos

No Brasil, existem algumas instituições que contam com núcleos de reabilitação e tratamento para pacientes com Parkinson. Nestas se encontram profissionais especializados em DP que podem oferecer um bom atendimento aos casos diagnosticados.

Além disso, os tratamentos alternativos podem auxiliar esse processo, como a prática de artesanato, que tem se destacado não apenas como uma forma de expressão artística, mas também como uma valiosa aliada na prevenção de doenças degenerativas e na promoção da saúde mental.

Uma pesquisa recente feita pela Universidade da Califórnia aponta que atividades artesanais, que envolvem o sistema cognitivo, são as melhores quando o assunto é Alzheimer e Parkinson. Entre elas estão os trabalhos manuais como o artesanato e as pinturas, por isso, a prática é muito recomendada para quem se encontra na terceira idade.

A artesã Maria Jeilda, proprietária do Evellyn's Moda, localizado no Centro de Turismo do Ceará, afirma que a renascença, prática artesanal muito presente no território cearense, é um bom exemplo de atividade que podem auxiliar no tratamento de quem é diagnosticado com Parkinson.

Essa renda ajuda muito na coordenação motora, ela é feita com as mãos, lentamente, então aquela mão que se encontra enrijecida, acaba sendo estimulada com esses movimentos. Esse processo também é terapêutico, podendo proporcionar interação social, auxiliando na ansiedade e na depressão”, destaca Jeila, que também ministra aulas sobre renascença.

O dr Pedro Braga afirma que atividades manuais são importantes, ao ser outra forma de estimular os movimentos. “A dança, por exemplo, estudos vem demonstrando sua grande importância na melhora dos sintomas motores e não-motores. O tipo de dança que tem mais estudo é o Tango”, finaliza.

(*) Jornalistas de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/11/2024. Ciência & Saúde. p. 18-19.

A VIDA COM PARKINSON III

Por Lucas Vieira, Rafael Santana, Camila Pontes e Luciana Pimenta, de O Povo (*)

O processo cirúrgico

Em meio a todos esses desafios, Bruno Sofia tomou a decisão de se submeter a um procedimento cirúrgico. Esse processo se dá pela implantação de eletrodos na área do cérebro atingida pela doença, possibilitando a estimulação dessa parte da mente e reduzindo os sintomas da Doença de Parkinson (DP).

O médico Caio Sander, neurocirurgião especializado em cirurgia funcional, e que realizou a cirurgia de Bruno Sofia, relata que antes de saber se o paciente é candidato a cirurgia é preciso uma série de avaliações, como histórico clínico e psicológico, resposta ao uso da levodopa, expectativas ao tratamento, além de exames laboratoriais e cardiológicos para avaliar o risco cirúrgico.

No dia da cirurgia, implantamos um halo na cabeça do paciente sob anestesia local e realizamos uma tomografia computadorizada do crânio. Com o paciente acordado, sob anestesia local, realizamos uma incisão atrás da linha do cabelo quando possível, fazemos um orifício no crânio de cada lado e uma ressonância magnética realizado alguns dias antes da cirurgia”, relata.

O cirurgião afirma que após isso, é implantado alguns eletrodos que estimulam o tecido cerebral para confirmar o local de implante dos eletrodos. Durante o implante, é realizado estímulos elétricos no tecido cerebral que provocam a melhora dos sintomas da DP, confirmando assim a localização dos eletrodos.

Outro ponto positivo é avaliar as respostas adversas que possam surgir com a estimulação. Caso surja, modificamos a trajetória do eletrodo, afastando da estrutura estimulada que provocou o incomodo. Após implantado, retiramos o halo e o paciente é submetido a anestesia geral para colocação do neuroestimulador, semelhante a um marcapasso, e conectá-lo aos eletrodos já implantados”, descreve.

O neurocirurgião relata também que após a cirurgia, o paciente fica um dia na UTI e recebe alta hospitalar com 48 horas em média. Já no pós-operatório, o paciente normalmente apresenta uma leve melhora do Parkinson pela introdução dos eletrodos. “Em todo procedimento cirúrgico existem riscos. Os principais são o sangramento, a infecção e o deslocamento dos eletrodos”, alerta.

A cirurgia é ofertada aos usuários que possuem planos de saúde com direito ao procedimento. No Ceará, o SUS não conta com o serviço credenciado para realizar essa cirurgia. Os pacientes são normalmente inseridos no programa TFD (Tratamento fora do Domicílio), e realizam essa cirurgia pelo SUS em outros estados.

O médico alerta que os pacientes de DP devem fazer um acompanhamento com profissionais de áreas diferentes, como o neurologista para o ajuste periódico das medicações e o fisioterapeuta para trabalhar a motricidade e marcha. Além disso, é preciso à atuação do fonoaudiólogo para estimular a fala e a deglutição, e o terapeuta ocupacional para melhorar a adaptação das atividades do dia a dia.

Quando os sintomas se tornam refratários ou as medicações provocam algum distúrbio ao paciente, o que normalmente acontece por volta dos 5 anos de doença, é necessário realizar uma avaliação com um neurocirurgião especializado em realizar cirurgia de Parkinson”, conclui.

O resultado da cirurgia do jornalista Bruno Sofia foi bastante positivo, e hoje em dia o jornalista consegue conviver com as sequelas deixadas pelo problema e fazer algumas tarefas que lhe dão satisfação.

Hoje, faço alguns estudos sobre inteligência artificial. Principalmente porque existem alguns trabalhos nessa área que podem beneficiar a mim e a outras pessoas. Então, como sempre fui muito curioso, é uma coisa que eu me dedico bastante”, finaliza ele com entusiasmo.

(*) Jornalistas de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/11/2024. Ciência & Saúde. p. 18-19.


sábado, 9 de novembro de 2024

Posses de Lúcio Flávio Gonzaga Silva e Pedro José Negreiros de Andrade na Academia Cearense de Medicina

 

Mesa diretora e acadêmicos na solenidade de posse da ACM em 8/11/24. (Foto cedida pela Dra. Angelita de Castro).

A Academia Cearense de Medicina (ACM) realizou na noite de ontem, 8/11/2024, no Auditório Reitor Martins Filho da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), a sessão solene de posse dos seus novos membros titulares, os colegas e professores da UFC, Lúcio Flávio Gonzaga Silva, especialista em urologia, e Pedro José Negreiros de Andrade, cardiologista, nas Cadeiras 20 e 39, respectivamente, patroneadas pelos médicos Francisco Lourenço de Araújo e João Estanislau Façanha.

A Cadeira 20 foi ocupada anteriormente pelo Acad.  Manassés Claudino Fonteles, que passou para a categoria de membro titular honorável e já diplomado, em solenidade acontecida em 27/09/24; a Cadeira 39 teve a sua vacância decorrente do súbito falecimento do Acad. José Eduilton Girão, um doloroso e sentido fato registrado no final do ano pretérito.

Antecedendo às posses dos novos membros titulares, a ACM outorgou o título de membro tiular honorável ao médico Geraldo de Sousa Tomé, que foi saudado pelo Acad. Francisco Flávio Leitão de Carvalho, comportando ao acadêmico homenageado falar agradecendo pela outorga que acabara de receber.

Empossados pelo presidente Acad. José Henrique Leal Cardoso, os novos acadêmicos titulares foram anfitrionados, em nome da nossa arcádia médica, pela Acada. Sara Lúcia Ferreira Cavalcante, que pautou o seu pronunciamento nas biografias dos noveis membros titulares, diferenciando-se, no entanto, dos tradicionais discursos por acoplar a projeção de um audiovisual com flagrantes da vida pessoal e familiar dos homenagedos.

Ato contínuo, os acadêmicos recém-empossados Lúcio Flávio Gonzaga Silva e Pedro José Negreiros de Andrade recorreram à tribuna para pronunciarem seus elóquios de posse, quando traçaram as biografias de seus correspondentes patronos e os últimos antecessores nas cadeiras em que tomaram posse, tendo ambos conferido um toque poético ao final de seus discursos. O Acad. Lúcio Flávio Gonzaga Silva encerrou a sua fala lendo dois sonetos, um do patrono da sua cadeira, dedicado ao município do Ipu, e outro da sua própria lavra, e o Acad. Pedro Negreiros deu a conhecer um longo e belo poema do seu falecido pai, o notável intelectual cearense Francisco Alves de Andrade, intitulado “Poema do Velho Barqueiro”, que foi fraternalmente declamado por seu irmão e colega, o pediatra Paulo Alexandre de Andrade.

A solenidade, sob a presidência do Acad. José Henrique Leal Cardoso, e observando a tradição da ACM, teve por mestre de cerimônia o Acad. João Martins de Sousa Torres, que, com fidelidade, seguiu o protocolo de posse elaborado pelo diretor social do sodalício, o Acad. Vladimir Távora Fontoura Cruz.

Uma vez conclusa a solenidade, os recém-empossados membros titulares propiciaram aos confrades e convidados um coquetel de congraçamento nos agradáveis jardins da Reitoria da UFC.

Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM – Cadeira 18


A VIDA COM PARKINSON II

Por Lucas Vieira, Rafael Santana, Camila Pontes e Luciana Pimenta, de O Povo (*)

O que está por trás do diagnóstico?

Bruno Sofia relembra que desde que apresentou os primeiros sinais da doença ele passou por situações em que lhe causaram algum constrangimento em relação à sua condição, como na vez em que foi a uma consulta e foi questionado por um médico sobre a possibilidade dele ser usuário de cocaína.

Isso gerou estranhamento ao jovem, que prontamente rebateu a pergunta do médico para saber o motivo da dúvida. Em resposta, o médico disse que a indagação se devia ao fato de ser comum que em alguns pacientes em sua idade tenham alterações na estrutura cerebral após ter feito o uso da droga em excesso.

A resposta do profissional fez com que Bruno ficasse irritado com aquela situação, o fazendo procurar por outro médico para tratar do problema que lhe estava acometendo. Dessa forma, ele começou a sua jornada para descobrir o que lhe afetava.

Sofia fez vários testes e exames para conseguir um resultado com precisão, dentre eles a administração de Levodopa, um medicamento utilizado por pacientes com DP. O remédio tem como finalidade à produção de dopamina, o hormônio extinto do cérebro com a doença.

O diagnóstico da Doença de Parkinson (DP) é eminentemente clínico; ou seja, através da consulta e avaliação neurológica, em que você consegue identificar no exame neurológico a presença de bradicinesia, termo técnico que a gente usa para detectar a lentidão dos movimentos, característico da doença”, esclarece Pedro Braga, médico neurologista e especialista em doença de Parkinson.

Ele, que também é professor universitário de Medicina, afirma que além da presença da bradicinesia, precisa ter mais algum outro achado clínico no exame neurológico, como o tremor e a rigidez, para você ter a primeira etapa do diagnóstico clínico.

A segunda etapa é você pensar em outras doenças que imitem o Parkinson, ou outras doenças neurodegenerativas mais raras, através da consulta, exame neurológico e, algumas vezes, da ressonância”, pontua.

A terceira etapa desse processo se dá através do teste terapêutico, já que, ao iniciar o tratamento mais comumente usado para a doença, que são medicamentos, é aumentada a ação da dopamina no cérebro, abrindo espaço para o paciente observar se há uma melhora clínica com esse medicamento.

Então, não existe, assim, um teste de sangue ou um exame definitivo de ressonância ou de outros exames complementares que digam para você se tem ou não tem a doença de Parkinson. É através da consulta e do exame neurológico que você vai definir esse diagnóstico”, reafirma o médico.

Após concluir todos os exames, Bruno Sofia recebeu a comprovação da DP, o que lhe causou uma onda de negacionismo, como ele próprio definiu. A partir disso, os sintomas foram crescendo com o decorrer do tempo, e Bruno começou a contar com o apoio das pessoas que estavam presentes ao seu redor.

O neurologista Pedro Braga aponta que, diferente do que está presente no imaginário popular, o tremor não é o principal sintoma que leva ao diagnóstico da patologia, mas sim, a lentidão dos movimentos. “A doença é muito heterogênea. Não é aquele perfil que todos pensam ser associado ao tremor. Nem sempre todos que têm esse sintoma são diagnosticados com a Doença de Parkinson. Já à lentidão dos movimentos é obrigatória para diagnosticar a doença”, finaliza.

(*) Jornalistas de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/11/2024. Ciência & Saúde. p. 18-19.

A VIDA COM PARKINSON I

Por Lucas Vieira, Rafael Santana, Camila Pontes e Luciana Pimenta, de O Povo (*)

Em um determinado dia, um jovem resolveu visitar seu pai em São Paulo. Ao entrar no avião, sentou-se ao lado de uma mulher. Logo, começou a tremer de maneira intensa, causando desconforto na passageira vizinha, que expressou seu incômodo. À medida que o rapaz continuava tremendo, sua reclamação ganhou a atenção de todos que estavam ali presentes.

Assim, antes da decolagem, todos na aeronave estavam cientes da situação e se uniram à mulher em sua manifestação para que fizessem algo com aquela circunstância que causava tanto desagrado. O jovem, então, foi retirado do voo e submetido a uma revista pela Polícia Federal no aeroporto, para verificar se aquele rapaz portava algum tipo de substância ilícita.

O relato acima dá conta da experiência vivenciado pelo então designer de mídia e colunista de games Bruno Sofia, após ter sido diagnosticado com a Doença de Parkinson (DP), quando tinha apenas 27 anos. Na época, Sofia trabalhava no setor de marketing O POVO. Com o diagnóstico, teve que se adaptar às suas atividades no trabalho para lidar com os sintomas iniciais do acometimento.

A história dele está no documentário Os dias de Sofia, em cartaz no OP+ a partir desta segunda-feira, 4 de outubro.

O Parkinson, segundo o médico neurocirurgião Caio Sander, é uma doença neurológica progressiva, sem cura, e idiopática, isto é, sem uma causa definida, causada pela degeneração do sistema dopaminérgico cerebral, ocasionando alterações motores e não-motores.

Com a falta dessas células nessa área da mente, isso acaba interferindo na produção de dopamina, hormônio responsável pela sensação de prazer e humor no ser humano. Esse neurotransmissor também é responsável pelo controle motor, bem como os movimentos estomacais e esofágicos”, explica.

Segundo o especialista, a causa exata do DP ainda é desconhecida, mas já se sabe que existem fatores genéticos e ambientais que podem contribuir para o surgimento da doença. “A doença acomete mais frequentemente pessoas com idade acima de 60 anos, com predomínio do sexo masculino. Cerca de 10% dos casos surgem com idade inferior a 50 anos”, afirma.

Segundo dados informados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se haver cerca de 8,5 milhões de pessoas no mundo com a Doença de Parkinson. No Brasil, o número de casos da patologia deve chegar a 200 mil habitantes. Esses dados representam um aumento dos casos da doença nos últimos 25 anos.

A história de Bruno faz parte de uma pequena parcela da população mundial diagnosticada com a DP antes dos 60 anos, o que mostra que a atenção com o problema não deve ser direcionada somente aos idosos, mas também as pessoas mais jovens.

A experiência vivida pelo jovem no avião o marcou profundamente, causando até mesmo o desenvolvimento de crise de ansiedade e pânico. Para o médico Caio Sander, atualmente existe um grande aumento no diagnóstico com idade mais precoce, mas ainda não se sabe exatamente o motivo por trás dessa realidade.

Sabemos que existem fatores genéticos e ambientais que provavelmente influenciam no surgimento da doença, como algumas mutações genéticas, o consumo de álcool, sedentarismo e tabagismo. Outro motivo também se deve ao diagnóstico mais precoce da doença através do melhor acesso a médicos e a exames complementares como Ressonância Magnética e ao PET”, esclarece.

Bruno Sofia relembra que o primeiro sintoma que apresentou da DP foi um tremor que não era comum a sua idade. Esse tremor, que ele chama de tremor essencial, evoluía de maneira que passavam os dias, principalmente em situações em que ele estava nervoso. “É comum que o tremor essencial não evolua, mas se mantenha na pessoa. Entretanto, no meu caso, estava aumentando”, descreve.

O neurologista Caio Sander aponta como sintomas motores os tremores, a rigidez, a lentificação dos movimentos, a instabilidade postural e os distúrbios da marcha. “A doença também provoca sintomas não motores, como alteração do sono, perda do olfato e problemas cognitivos”, conclui.

(*) Jornalistas de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/11/2024. Ciência & Saúde. p. 18-19.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Crônica: “A seriedade é uma doença, e o animal mais sério é o burro” ... e outros causos

"A seriedade é uma doença, e o animal mais sério é o burro"

Não direi que o Poeta dos Cachorros tenha a catilogência de um Saramago, mas bate-lhe o centro. Se acha que frescamos, confira a lista completa dos romances que ele lançou pela Couro de Letras (entre 1968 e 2022) e me diga: esse rapaz é ou não é a reencarnação de Diógenes, o Cínico, filósofo da Grécia Antiga? Perfeita a simetria entre ambos no quesito viver bem: "Quissuco, a água que adoça a fome", "A riqueza do liso", "Tão limpo que dá nojo", "Tanto come como istrói", "Tudo certo, nada confirmado".

Quanto aos poemas, repare na 'imbiricica' de obras que lançou no mesmo lapso de tempo: "Toda criatura tem?", "Se não for eu cegue!", "Aproveite esse calor e a papeira", "Troque seu marido por um jipe azul", "Arre égua, meu bem, beísso?", "Defecar e limpar-se com canjica", "Um caso de amor com a dengue", "À frente do pessoal detrás", "Um monótico a gurgulejar", "O Boca de bode", "É, senão for", "Talvez, tal Vaz", "Uma esfinge no caminho dos pebas" e o impagável "No tempo que era doido, eu andava lá".

Os títulos estão disponíveis na casa de um dos filhos dele, acho que é o Antônio, o do meio. Muito particularmente em relação à poemêutica "No tempo que era doido eu andava lá", o dos Cachorros Poeta explica o porquê de tê-lo escrito:

- Eu tava internado como mental do juízo no Hospital Mira y Lopez nessa era...

Dedé de seu Ném explica

"Jornalista TMatos, sempre uma alegria bater um plá com vossa senhoria, desta feita para falar dalgo que você vai pensar: é potoca dele! É verdade, porém. Indo direto à arrumação, pois tenho já que ir à missa (esse padre é nojento que só!). Conheci uma norueguesa doutora em 'desenlinhar' punho de rede e mestra numa 'dibuia' de feijão. Onde? Aqui na Oiticica. Pensei que, saído da Reriutaba, não visse isso em canto nenhum mais, por hábeis sejam as mãos de nossos e nossas artesãs-sãos. Lilly Emma era a graça dela.

Lição que tirei: se Emma é o cão por dentro das moitas no punho duma rede, cá nas brenhas do sertão cearense, por que um caba nosso não faria sucesso na Noruega, pegando bacalhau de landuá? Hein? Arre ema!"

"Página de um livro bom"

Zé Jumento, assim conhecido pelo coice nos adversários em partidas de futebol quando rapazote. Zé Jumento pra lá, Zé Jumento pra cá, Zé Jumento prali, Zé Jumento pracolá... O sujeito assimilou tão fortemente em si o mamífero perissodáctilo da família Equidae que, em entrevista ao repórter Edilson Cocão acerca dos seus tempos de tertúlia, ao som de "My mistake", dos Pholhas, discorreu naturalmente:

- Pois é, querido Cocaço, essa modinha aí marcou demais a minha 'jumentude'...

Ruim é apelido!

Nairon, quando canta, é um motor de partida. Consegue o que mais ninguém alcança: entoar caricaturas de cantigas muito péssimas demais. Fora do esquadro tonal, parece solfejar na escala musical dum caçote. De tão ruim chega a ser bom. Após anos sem aceitar o defeito de nascença que trazia nas cordas vocais, resolveu brincar com a própria voz opaca (de papelão): premiar quem adivinhasse que música estava a cantar. Cantou trechinho da coisa e um concorrente...

- "Parabéns pra você"?

- Não, claro que não! Cantou mais uma coisinha e outro concorrente se atreveu:

- "Detalhes", do Roberto?

- Também não!

300 tentativas vãs e os concorrentes pedem penico. Alguém, enfim, pergunta "que diabo de cão de música mais sem pé nem cabeça é essa"? E Nairon, sinceramente...

- Eu sei lá que geringonça é essa! Que é que eu tô cantando? Me deem uma palinha!

Fonte: O POVO, de 20/09/2024. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.


quinta-feira, 7 de novembro de 2024

HOMENAGEM DA CMF PELOS 20 ANOS DO JORNAL DO MÉDICO


Marcelo Gurgel entre Regina Lúcia Portela e Dr. Vicente e Josemar Argollo

A Câmara Municipal de Fortaleza (CMF) realizou, no Auditório Ademar Arruda, ontem, dia 6 de novembro de 2024, às 18h40, Sessão Solene em Homenagem aos 20 Anos de Fundação do Jornal do Médico.

Na solenidade falaram o vereador Dr. Vicente, proponente da homenagem, que presidiu a sessão oficial, e o publicitário Josemar Argollo, que agradeceu em nome desse veículo de comunicação médica e relembrou aos presentes a trajetória exitosa do JORNAL DO MÉDICO, que se expandiu na diversificação dos seus produtos e na sua interiorização no Ceará.

A mesa diretora dos trabalhos foi composta por: Dr. Vicente, vereador Adail, desembargador Everardo Lucena, Josemar Argollo, Arruda Bastos (Presidente da Sobrames Nacional), José Henrique Leal Cardoso (Presidente da Academia Cearense de Medicina) e Regina Lúcia Portela Dinis (representando o Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará).

Na ocasião, a CMF prestou homenagem aos colegas Darival Bringel de Olinda (in memoriam), conselheiro José Maria Chaves (in memoriam), Maria Dione Mota Rôla, Sebastião Diógenes, Lúcio Flávio Gonzaga Silva, Renato Evando Moreira, Russen Moreira Conrado, Daniel Daarte e Dylvardo Suliano e ao Instituto do Câncer do Ceará (ICC), que foi representado por Marcelo Gurgel Carlos da Silva.

Como representante do ICC, coube-me receber o Certificado desse agraciamento da CMF (vide foto cedida pela Acad. Ana Margarida Rosemberg).

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Médico do Instituto do Câncer do Ceará

DEPENDE DO ÂNGULO DE ANÁLISE...

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

Segundo Antônio Carlos Jobim, maestro, um dos maiores nomes da música brasileira, "viver em Nova Iorque é bom, mas é uma merda. Já viver no Rio de Janeiro é uma merda, mas é bom".

Nos últimos dias, talvez semanas, tenho escutado de pessoas até certo ponto próximas, que o nosso velho Ceará é um caso de sucesso. A justificativa, segundo os mesmos, vem da comprovação do crescimento diferenciado do Ceará em relação aos outros estados do Nordeste. Tal afirmação, usa como exemplo o aumento do PIB, que se aproxima do nosso rival mais próximo, o estado de Pernambuco. Somam-se a esses dados os possíveis impactos da ampliação de infraestrutura e o processo de industrialização das últimas décadas. Em geral, atribuem a esses indicadores de sucesso alcançado ao legado da responsabilidade fiscal instituída desde a década de oitenta, de forma mais eficiente.

Cabe-nos, no entanto, analisar alguns fatos que merecem uma observação mais apurada, especialmente os relacionados às questões sociais.

Assim, é mister, independente das vertentes ideológicas, entender o dilema entre o paradoxo do o porque de "tantos progressos" e a incapacidade de resolver um sem número de problemas, como o acesso e a qualidade da saúde, a qualidade da educação, a redução da miséria e da pobreza e a crescente marginalização nas grandes cidades, os assentamentos precários, a baixa cobertura de saneamento e a crise na segurança pública. E, principalmente, a falta de equidade e a desigualdade, que, provavelmente, são as causas de todo o insucesso.

Nesse aspecto, portanto, nós não fomos tão eficientes. Fazendo uma analogia, o dono da empresa viu seu faturamento aumentar, mas não percebeu que o seu funcionário empobreceu e adoeceu.

Talvez isso explique as sucessivas crises dos modelos atuais, que não conseguem reverter a realidade perversa da maioria da nossa sociedade. Em contrário, agravam-se, diariamente, os nossos conflitos.

No entanto, não se trata de uma visão pessimista. Trata-se de uma reflexão. É, talvez nós não sejamos tão bons. Talvez sejamos no futuro se entendermos, agora, as necessidades das pessoas. Nem tampouco, somos tão ruins. Apenas não somos o que dizemos, e a população sabe disso!

Afinal, o Ceará é uma M… mas é bom?

Tudo depende do ângulo de análise. Sugerimos, somente, olhar pelo lado de quem precisa, das famílias e da nossa sociedade.

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/10/2024. Opinião. p.19.


quarta-feira, 6 de novembro de 2024

REMINISCÊNCIAS CARIOCAS (1972-1974)

Por Paulo Gurgel Carlos da Silva (*)

Ed. Corumbá, Av. Prado Junior, 145, Posto 2 Copacabana. Em 1972, uma das quitinetes do Corumbá abrigou durante 6 meses uma "república" de tenentes-médicos alunos da Escola de Saúde do Exército (gaúchos Henz, von Kossel e Bonilha, e cearenses Valdenor, Ozildo e eu). No edifício em frente morava o museólogo e carnavalesco Clóvis Bornay, o idealizador do "Baile de Gala" do Theatro Municipal do RJ. Ele era hors concours nos concursos de fantasias. Tinha o direito de participar sem ser julgado.

Boate Plaza (no subsolo do Hotel Plaza), na Prado Junior. Na qual faturei um relógio (roscofe) em um sorteio.

Jaboatão, casa noturna na Av. Princesa Isabel, em Copacabana, frequentada pelo proletariado.

Beco da Fome, uma galeria que reunia vários pequenos restaurantes e lanchonetes. Ficava ao lado do Cinema 1.

De setembro de 1972 a agosto de 2005 (quando cedeu espaço a um horti fruti), o Cinema 1, na Avenida Prado Júnior, entre as ruas Barata Ribeiro e Ministro Viveiros de Castro, ganhou fama por sua sofisticada seleção de filmes, com a exibição de clássicos ou obras contemporâneas que dificilmente chegavam ao circuito tradicional. [1]

Por falar em restaurantes e lanchonetes, lembro-me do super sanduíche de rosbife do Cervantes, um templo da baixa gastronomia que há mais de 30 anos mata a fome do pessoal da madrugada! Ele está lá até hoje e faz parte do "roteiro cultural" da PJ, recomendo uma visita! [2]

Garota de Ipanema. Localização: Prudente de Moraes c/ Vinicius de Moraes. Inaugurado em 1949 com o nome de bar Montenegro, o estabelecimento era conhecido pelos artistas como bar do Veloso, por conta do nome do proprietário.

Zeppelin, point em Ipanema que fechou em 1972. [3]

Canecão, no Botafogo, onde fui assistir a um show do Simonal.

Beco das Garrafas, indissociável da história da bossa nova. Só fui conhecer em 2022. [4]

Ed. Torres, R. Benjamin Constant, 139, Glória, onde morei 18 meses com a minha irmã Marta e seu esposo João Evangelista, ambos já falecidos. Convidado pelo casal, deixei Copacabana para ir morar com eles na Glória. O modesto apartamento ficava num edifício de poucos andares, no último quarteirão da rua Benjamin Constant.[5]

No Hospital da Beneficência Portuguesa (cujos fundos davam para a Benjamin Constant) aconteciam as sessões clínicas comandadas pelo renomado cirurgião torácico Jesse Teixeira, sempre com a brilhante participação do Dr. Amarino, um médico radiologista da cidade.

No fim da rua, havia também uma comprida escadaria pela qual se podia ir (nunca me atrevi) da Glória ao Morro de Santa Teresa. E, por último, mas não menos importante, uma padaria-raiz em que eu gostava de comer um pão quente passado na manteiga.

As obras da estação da Glória do Metrô do Rio já ocupavam uma parte do largo em que começava a rua Benjamim Constant. E, quando a Taberna da Glória (onde se dizia que Noel Rosa compôs "Conversa de Botequim") deu sua última função, eu fui até lá para dar as condolências. E, ao lado dos grandes sambistas e chorões do Rio Antigo, chorei um rio pelo fechamento da casa.

Hospital Central do Exército com seu Pavilhão de Isolamento, na Triagem, Instituto de Tisiologia e Pneumologia, no Caju, Hospital Central do IASERJ, na Praça da Cruz Vermelha, e Faculdade de Medicina da UFRJ (para ouvir as aulas do Prof. Dr. José Rodrigues Coura)

Renascença Clube, onde assisti ao musical "Orfeu Negro" de Vinicius de Moraes.[6]

[1] http://acervo.oglobo.globo.com/rio-de-historias/cinema-1-reduto-da-intelectualidade-do-rio-exibe-classicos-como-os-de-bergman-8901131#ixzz7u6Jq2ESW stest

[2] http://copacabana.com/avenida-prado-junior

[3] http://blogdopg.blogspot.com/2023/02/bar-zeppelin.html

[3] http://blogdopg.blogspot.com/2022/05/uma-noite-no-beco-das-garrafas.html

[4] http://gurgel-carlos.blogspot.com/2018/02/a-noite-do-cha.html

[5] http://acervo.cultne.tv/cultura/teatro/14/espetaculos-de-teatro/video/804/orfeu-negro-renascenca-clube

(*) Médico pneumologista, escritor e blogueiro.

Postado por Paulo Gurgel no Blog Linha do Tempo em 1/09/2024.

http://gurgel-carlos.blogspot.com/2024/09/reminiscencias-cariocas.html