Por Márcia Alcântara Holanda (*)
Poder-se-ia começar essas linhas
perguntando: será que existe alguém que tenha sido livre, ou seja, livre?
A primeira coisa que surge na mente como
resposta é: não, principalmente nesse mundo de globalização em que o consumo é
que dita o nosso comportamento, especialmente no mundo ocidental.
Entretanto o Papa Francisco é livre.
Poder-se-ia então perguntar: como pode um papa ser livre, se tem que seguir os
trâmites protocolares de sua posição enquanto papa que obedece a rituais
religiosos, rigores de Governo e Estado?
Papa Francisco, entretanto, é
filosoficamente livre, e expressa isso muito bem, seja nas suas expressões
faciais, comportamentais ou pelo uso da palavra.
Transpirou autenticidade quando sem medo se
expos ao risco que as multidões imprimem principalmente se reprimidas: passou
de carro aberto (janela abaixada) em frente à Central do Brasil, numa hora de
muito movimento. Qual celebridade ou milionário passaria por ali senão em carro
blindado, com vidros escuros e seus seguranças ao lado?
Demostrou santidade quando se pôs como ser
humano livre: vestes simples, sem galões; alimentou-se do trivial; visitou uma
casa simples, manifestou desejo de compartilhar da simplicidade referindo-se ao
acolhimento com água fresca e cafezinho; abraçou calorosamente um droga–adicto,
sem preconceito.
Seus olhos apertados e sorriso na face
falavam de sua alegria, quando junto do povo. Quando os arregalava dizia de sua
admiração, espanto, ora pelo belo, ora pela palavra de algum locutor também
autêntico. E assim se mostrou livre nos sentimentos e emoções.
Visitou pessoas, abraçou quando desejou
abraçar, falou o que quis dizer: essencialmente convocou Deus e expôs seus
desejos em prol de todos.
Com desembaraço exibiu atitudes que mudam
realidades, e para cada realidade que abordou apresentou o sentido da mudança,
ou o que se pode chamar de fé.
O Papa Francisco deu a entender que se
encontra em um grande processo em que se aprofunda e refina os atos de fé que
lhes guia rumo a Deus.
Pediu humildemente oração para si, porque
se sente humano e, portanto, capaz de falhar como tal, por isso precisa da
força da oração.
A filosofia franciscana está com o Papa
Francisco, adaptada aos tempos de hoje: o aceitar Deus, aventurar-se aos seus
chamamentos e desafios, permitir que Deus penetre na sua vida que foi o que
Francisco de Assis fez durante o processo de transformação durante toda sua
existência (Daniel Spoto, em Francisco de Assis – O Santo Relutante).
Na despedida o Papa Francisco manteve-se
livre quando disse que estava sentindo saudades de todos, dos atos que praticou
e recebeu, como a estupenda acolhida do povo brasileiro ao seu chamamento. Foi embora maravilhado.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do
Pulmocenter; membro honorável da Academia Cearense
de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/08/2013. Opinião.
Nota do Editor:
Bom
dia Marcelo
Se
gostar, peço que poste esse artigo nas suas midias sociais!
Obrigada!
Márcia Alcântara
Nenhum comentário:
Postar um comentário