sábado, 26 de abril de 2025

FRANCISCO: O Papa Livre

Por Márcia Alcântara Holanda (*)

Poder-se-ia começar essas linhas perguntando: será que existe alguém que tenha sido livre, ou seja, livre?

A primeira coisa que surge na mente como resposta é: não, principalmente nesse mundo de globalização em que o consumo é que dita o nosso comportamento, especialmente no mundo ocidental.

Entretanto o Papa Francisco é livre. Poder-se-ia então perguntar: como pode um papa ser livre, se tem que seguir os trâmites protocolares de sua posição enquanto papa que obedece a rituais religiosos, rigores de Governo e Estado?

Papa Francisco, entretanto, é filosoficamente livre, e expressa isso muito bem, seja nas suas expressões faciais, comportamentais ou pelo uso da palavra.

Transpirou autenticidade quando sem medo se expos ao risco que as multidões imprimem principalmente se reprimidas: passou de carro aberto (janela abaixada) em frente à Central do Brasil, numa hora de muito movimento. Qual celebridade ou milionário passaria por ali senão em carro blindado, com vidros escuros e seus seguranças ao lado?

Demostrou santidade quando se pôs como ser humano livre: vestes simples, sem galões; alimentou-se do trivial; visitou uma casa simples, manifestou desejo de compartilhar da simplicidade referindo-se ao acolhimento com água fresca e cafezinho; abraçou calorosamente um droga–adicto, sem preconceito.

Seus olhos apertados e sorriso na face falavam de sua alegria, quando junto do povo. Quando os arregalava dizia de sua admiração, espanto, ora pelo belo, ora pela palavra de algum locutor também autêntico. E assim se mostrou livre nos sentimentos e emoções.

Visitou pessoas, abraçou quando desejou abraçar, falou o que quis dizer: essencialmente convocou Deus e expôs seus desejos em prol de todos.

Com desembaraço exibiu atitudes que mudam realidades, e para cada realidade que abordou apresentou o sentido da mudança, ou o que se pode chamar de fé.

O Papa Francisco deu a entender que se encontra em um grande processo em que se aprofunda e refina os atos de fé que lhes guia rumo a Deus.

Pediu humildemente oração para si, porque se sente humano e, portanto, capaz de falhar como tal, por isso precisa da força da oração.

A filosofia franciscana está com o Papa Francisco, adaptada aos tempos de hoje: o aceitar Deus, aventurar-se aos seus chamamentos e desafios, permitir que Deus penetre na sua vida que foi o que Francisco de Assis fez durante o processo de transformação durante toda sua existência (Daniel Spoto, em Francisco de Assis – O Santo Relutante).

Na despedida o Papa Francisco manteve-se livre quando disse que estava sentindo saudades de todos, dos atos que praticou e recebeu, como a estupenda acolhida do povo brasileiro ao seu chamamento.  Foi embora maravilhado.

(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro honorável da Academia Cearense de Medicina.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/08/2013. Opinião.

Nota do Editor:

Bom dia Marcelo

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Obrigada!

Márcia Alcântara

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