Por
Vladimir Spinelli Chagas (*)
Insistimos, há mais de dois anos, numa
solução para os déficits mensais que sofrem as instituições filantrópicas na
área da saúde, por causa da claríssima defasagem da Tabela SUS, reconhecida por
todos.
Parece que laboramos em terreno árido, pois
nada é realmente feito em direção àquela que será a solução do problema, que é
a complementação da Tabela, a exemplo do que fez o Estado de São Paulo, com
amplo êxito.
Desenhando: a Santa Casa de Fortaleza, por
exemplo, é 95% SUS, em respeito à sua condição de hospital de caridade. Desses,
mais de 70% são para procedimentos de média complexidade, cuja defasagem é
superior a 200%, entre valores pagos e custos incorridos.
Como exemplo, uma histerectomia, que é
tabelada em R$ 1.103,64, tem custo médio de R$ 2.500, cujo desembolso é
imediato e o recebimento do valor da tabela ocorrerá mais de 60 dias depois.
Como o SUS é constitucionalmente
tripartite, os Estados e Municípios, ao atender em seus hospitais, cobrem as
diferenças, aportando recursos orçamentários. Por que não dar tratamento
semelhante à rede complementar? Por que exigir dessas que busquem recursos em
outras fontes para continuar prestando esses serviços?
Em audiência de setembro de 2024, o
Ministério assumiu compromisso de aporte adicional de recursos imediatos e o
atendimento de pleito da Prefeitura, através da CIB 349/2024, que destina R$
38.400.000,00/ano de acréscimo aos valores contratualizados. Em fevereiro, no
entanto, o processo voltou à estaca zero, sem justificativa ou prévio aviso.
Estamos discutindo novo Plano de Negócios e
parcerias para a Santa Casa, enquanto continuamos a reforçar, junto à
sociedade, o espírito de colaboração, por meio das mais diversas formas de
doação.
Mas isso não vai ocorrer no médio prazo,
pois é um caminho complexo e não cogitamos em desfavorecer exatamente o nosso
público-alvo, para o qual fomos criados: os mais carentes.
Assim, como Estado e Município complementam
os seus custos e o Município é responsável pela regulação de pacientes, nunca
vamos deixar de insistir em apresentar-lhes essa conta, que não é das
filantrópicas.
Está bem desenhado?
(*) Professor aposentado
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 21/04/25. Opinião. p.16.
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