Por Rômulo Conrado
(*)
A eleição do norte-americano Robert
Prevost como novo papa, líder da Igreja Católica que adotou o nome de Leão XIV,
faz relembrar, em momento extremamente conturbado da história mundial,
documento de extrema importância para a compreensão acerca da visão da igreja
acerca da questão social e dos problemas enfrentados e cada vez mais agravados
pela forte concentração de riquezas.
Com efeito, a encíclica Rerum Novarum,
de autoria do papa Leão XIII, representa o primeiro documento oficial por meio
do qual a Igreja Católica se volta ao enfrentamento da questão social, ao
examinar a candente questão dos operários, em relação aos quais destacou a
imposição de jugo servil pelos donos das riquezas, propondo formas de
conciliação entre as forças do capital e do trabalho.
Sua análise se mostra bastante relevante
sob os pontos de vista histórico e secular, assinalando ser a propriedade um
direito protegido pelas leis humanas e divinas e a repudiar o comunismo tratando-o
como um princípio de empobrecimento e discórdia sociais, propondo a superação
da luta de classes pela cooperação entre as forças, como resposta às crescentes
reivindicações sociais e aos movimentos revolucionários do século XIX.
Ao mesmo tempo, destaca a necessidade de
se reconhecer a dignidade do valor do trabalho, com o pagamento de valor mínimo
que assegure subsistência, cabendo ao Estado o exercício da justiça de forma
redistributiva e propondo o fortalecimento das entidades associativas, bases
sob as quais se desenvolveram as sociedades democráticas nos anos posteriores e
agora fortemente atacadas, evidenciando a busca por solução de consenso entre
os modelos do capitalismo ilimitado e o socialista revolucionário
Cabe ainda mencionar por sua atualidade
e relevância a encíclica Laudato Si, de autoria do papa Francisco, na
qual se volta a atenção à proteção do meio ambiente, propondo a superação do
paradigma do consumo desenfreado e considerando o enfrentamento às mudanças
climáticas como um imperativo moral, para um modelo de ecologia integral, na
qual o homem e a natureza sejam vistos como partes de um todo unitário.
(*) Procurador
Regional da República.
Fonte: O Povo, de 14/05/2025. Opinião. p.16.
Nenhum comentário:
Postar um comentário