Lúcio Flávio Gonzaga Silva, nascido em Caucaia, em 2/02/1952, no seio de
tradicional família desse município, foi o penúltimo dos quatorze filhos do
casal Joaquim Mota Silva e Tecla Gonzaga Silva.
Fez, em Caucaia, o seu curso
Primário em escola pública, no Grupo Escolar Branca Carneiro de Mendonça, o
Ginásio no Colégio Janusa Correia, uma escola particular, e no Colégio Luzardo
Viana, da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), de onde se
transferiu, no 2º Científico, para o Colégio Castelo Branco, em Fortaleza,
tendo se preparado para o vestibular no “cursinho” do Colégio Castelo, sob a
coordenação do conceituado educador Prof. Américo, já tendo em mente ingressar
no ensino superior.
Na adolescência, integrou grupo
de jovens católicos, recebendo, então, a orientação direta do padre jesuíta
holandês Jan ter Reegen (um “expert” da Bioética e profundo conhecedor da
Filosofia Medieval), condição essa que certamente contribuiu para forjar o seu
caráter. Também nessa fase da vida, foi fundador do Clube Literário José de
Alencar, de Caucaia, defendendo a cadeira de Gonçalves Dias – sabia decorado o
poema I-Juca Pirama. Fez peça de teatro, poesias, estreou como ator no Theatro
José de Alencar e declamou poemas na Casa de Juvenal Galeno.
Figurou entre os primeiros
classificados do vestibular de 1972.1 da Universidade Federal do Ceará (UFC),
fazendo a escolha inicial da matrícula no curso de Medicina; optando por
cumprir no turno da tarde o primeiro semestre letivo do malfadado Ciclo Básico,
para atender a um pedido de um primo dileto, que, não poderia conciliar seu
expediente de trabalho no Banco do Nordeste, com o turno conseguido com sua
classificação no vestibular.
Ao término do primeiro semestre
de 1972, a UFC decidiu encerrar a competição entre os alunos, prevista para
dois semestres na sua desastrada experiência de Ciclo Básico classificatório.
Assim, dado o seu desempenho em notas recebidas no período, obteve, por fim, a
ratificação da opção que conseguira no vestibular e, com a 8ª classificação
geral, adentrou no curso de Medicina.
Paralelamente às atividades
didáticas regulares da graduação em Medicina e com a intenção de auferir mais
conhecimentos, procurou participar de outros eventos científicos e atividades
complementares extracurriculares. Dos
que tiveram maior impacto em sua formação, podem ser mencionados: a primeira
imersão em prática clínica no Projeto Acadêmico Pacatuba, a participação em
estágios na clínica e na cirurgia no IJF, na Clínica Médica e Cirúrgica da
Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, no Serviço de Assistência aos
funcionários da UFC e na monitoria não remunerada do Departamento de Patologia
e Medicina Legal da UFC.
Optou por fazer o Internato no
Hospital Geral de Fortaleza (HGF), vindo a colar grau em 23/12/1977, integrando
a valorosa Turma Prof. José Carlos Ribeiro.
Após a graduação, cumpriu, em
1978 e 1979, com dedicação, a Residência Médica em Urologia, no HGF,
oportunidade em que auferiu um excepcional treinamento, tornando-se muito bem
qualificado para o exercício da sua especialidade, passando a trabalhar, como
urologista, no Pronto Socorro dos Acidentados e na Santa Casa de Misericórdia
de Fortaleza, e ingressando, mediante concurso, como médico no quadro de
funcionários públicos do Estado do Ceará, em 1980, lotado na Secretaria de
Justiça.
Em 1988, por meio de concurso
público, foi admitido como Professor Auxiliar do Departamento de Cirurgia da
UFC, com atuação principal na disciplina de Urologia, promovido para Professor
Assistente e, em seguida, a Professor Adjunto, à conta, paralelamente, dos seus
estudos pós-graduados, coroados pela obtenção dos Diplomas de Mestrado em
Cirurgia e de Doutorado em Farmacologia, na UFC, respectivamente, em 1998 e em 2003.
Ingressou no mestrado em 1995,
tendo-o concluído com a defesa da dissertação “Repercussão da terapia
nutricional enteral, enriquecida com L-arginina, sobre o metabolismo de ratos
Wistar portadores de tumor de Walker implantado no rim”, sob a orientação do
Prof. Dr. Paulo Roberto Leitão de Vasconcelos. Logo, em seguida, em 1999,
matriculou-se no doutorado em Farmacologia, encerrado com a defesa da tese
“Fentolamina: aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos no corpo cavernoso
humano”, tendo o Prof. Dr. Manoel Odorico de Moraes Filho por orientador.
Em suas atividades docentes na
UFC, ministrava as Disciplinas de Urologia, Oncologia e Método de Pesquisa, na
graduação em Medicina, e Ética e Bioética em Pesquisa e Metabolismo de Tumores
Sólidos na Pós-Graduação em Cirurgia e exerceu a preceptoria do Internato em
Cirurgia Uro-nefrologia e em Uro-oncologia. Como urologista, desde 1987 até a
sua aposentadoria, prestava assistência médica em ambulatório, enfermarias e
Centro Cirúrgico do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), tendo
chefiado o Serviço de Urologia, de 2004 a 2015.
Ainda na UFC, criou junto com
seus colegas urologistas do Serviço de Urologia do HUWC, o Programa de
Residência Médica em Urologia, que esteve sob a sua direta coordenação até sua
aposentadoria, convertendo-o em formador de novos urologistas no Ceará. Também,
após seu doutoramento, criou o Mestrado e o Doutorado Acadêmicos em Urologia,
compondo o Programa de Pós-graduação em Cirurgia da Universidade Federal do
Ceará.
A sua produção científica
inserida na Plataforma Lattes, disponível em seu currículo atualizado em
2/02/2025, dá conta das seguintes cifras: artigos completos publicados em
periódicos (46), livros (10), capítulos de livros (12), trabalhos completos
publicados em anais de evento (68), resumos expandidos publicados em anais de
eventos (9), resumos publicados em anais de eventos (14), apresentações de
trabalho (110), As orientações concluídas foram as que se seguem: iniciação
científica (11), especialização (2), mestrado (12) e doutorado (4). Organizou
quatro e participou de 210 eventos científicos.
Sua alentada produção
científica, escoada em periódicos internacionais de grande impacto, aliada à
sua sólida formação acadêmica e à vinculação ao ensino de pós-graduação, já o
credenciaria a ascender ao cargo de professor titular, mas abriu mão dessa
possibilidade, aposentando-se como Professor Associado III, para poder se
dedicar ao Conselho Federal de Medicina (CFM).
Em 1999, o Dr. Lúcio Flávio foi
acolhido nos quadros do Instituto do Câncer de Ceará, cooperando com a
instalação do Serviço de Uro-oncologia, hoje, dotado de valiosa e competente
equipe, e contando com recursos tecnológicos de primeira linha, sendo referência
dessa especialidade no Norte e no Nordeste do País.
Mantém-se atuante nas
atividades acadêmicas do Programa de Pós-Graduação em Oncologia, do Instituto
do Câncer do Ceará, como coordenador do Mestrado Acadêmico em Oncologia,
docente das disciplinas Metodologia da Pesquisa Científica e Pesquisa Clínica
em Oncologia, e orientador de mestrandos e alunos de iniciação científica. Atua
nas áreas de Pesquisa Clínica em Oncologia, Biologia Molecular e Genética dos
Tumores e desenvolve estudos na linha de pesquisa “Mecanismos fisiofarmacológicos
e patológicas do músculo liso cavernoso e vesical de humanos e de animais
experimentais”.
Por mais de três décadas, o Dr.
Lúcio Flávio atuou como um dos mais ativos conselheiros do Conselho Regional de
Medicina do Estado do Ceará (Cremec), realizando um trabalho profícuo em defesa
da boa prática médica e qualificando-se como ardoroso conhecedor de diversos
temas de interesse da Ética Médica e da Bioética.
Em suas atividades conselhais,
foi conselheiro efetivo do Cremec, no período de 1982 a 2019. Foi conselheiro
suplente (2010-2014) e titular (2015-2019) do CFM, tendo, nesse período,
participado da Câmara Setorial de Medicamentos da ANVISA, da Comissão Nacional
de Ensino Médico (Coordenador), da Comissão Nacional de Integração do Médico
Jovem, da Comissão de Humanidades, da Comissão de Reprodução Assistida e da
Comissão Nacional de Reforma do Código de Ética Médica. Foi sub-corregedor e corregedor
do CFM.
Possui o título de especialista
em Urologia, obtido por concurso nacional, além de estágios de aperfeiçoamento
em Urologia, no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do
Rio Grande do Sul, em 1988, na Thomas Jefferson University, nos EUA, em
1994, e Aperfeiçoamento em Robotic Radical Prostatectomy, na Clinique
Saint Augustin, na França, em 2008.
O Dr. Lúcio Flávio tem
experiência na área de Medicina, com ênfase em Cirurgia Urológica, atuando
principalmente nos seguintes campos: câncer urológico, desnutrição e
metabolismo oncológico e disfunção erétil e miccional. Em seus 47 anos de
formado ainda exerce a clínica privada na especialidade de Urologia, com
atendimento a pacientes particulares e de convênios.
Dentre as entidades
associativas, comporta referir: membro titular da Sociedade Brasileira de
Urologia, tendo sido presidente da Seção Ceará dessa entidade, por dois
mandatos; membro da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação; membro da
Cátedra de Bioética (UFC/Cremec/Unesco); Membro titular da Academia Cearense de
Medicina.
Apesar de seus tantos afazeres
profissionais, Lúcio Flávio encontra tempo ainda para cultivar outros deleites:
a Filosofia (estuda com afinco), a literatura (gosta de ler a obra no
original), a música (arranha o violão), o xadrez (um grande vício), o registro
do cotidiano (escreve crônicas, memórias e discursos) e a feitura de desenhos e
pinturas de personalidades e de pessoas do seu relacionamento afetivo e de
amizade.
É sócio da Sociedade Brasileira
de Médicos Escritores - Regional Ceará (Sobrames/CE), com participação nas
seguintes antologias: Pontos de Vista (2019), Sopro de Luz (2020), A Plenos
Pulmões (2021), Limiar da Criação (2022), Uso Profilático (2023) e Palavras
Chaves (2024).
Possui publicações literárias
diversificadas, abrangendo diferentes gêneros e formatos. Entre suas obras,
destacam-se o livro infantil “A Escola da Dona Judith” e o romance “O Retiro de
João e Luiza”. Além disso, é coautor de um livro de versos e reflexões,
atualmente em processo de publicação, em parceria com o médico e padre Aníbal
Gil.
Realizou contribuições no campo
das crônicas, incluindo publicações no jornal O Povo. No âmbito editorial,
exerceu a função de editor em veículos, como o jornal SBU Ceará e o jornal
Medicina, do Conselho Federal de Medicina.
No plano pessoal, o colega em
foco é casado, desde 1979, com a administradora e funcionária pública
aposentada Joselene Dutra Mota Silva, tendo com ela, duas filhas: Marina,
formada em Comunicação Social, jornalista da Rede Globo, lotada em Brasília-DF,
e Marília, cirurgiã-dentista, atuante em Tianguá, que se desdobraram nos netos
Tomás, Vinícius, Joana e Vicente.
Eleito em 28/07/2024, sob o
número acadêmico 148, tomou posse na Academia Cearense de Medicina (ACM) em
8/11/2024, assumindo a Cadeira 20, patroneada por Francisco Lourenço de Araújo,
e anteriormente ocupada por Manassés Claudino Fonteles, que passou para a
categoria de membro titular honorável, sendo recepcionado pela Acada. Sara
Lúcia Ferreira Cavalcante.
Cons. Marcelo
Gurgel Carlos da Silva
Membro titular da ACM - Cad. 18
*
Publicado. In: Jornal do médico digital, 21(192): 43-48, junho de 2025.
(Revista Médica Independente do Ceará).
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