sábado, 9 de agosto de 2025

Pessoas com QI de super gênio I

Frequentemente nos referimos a pessoas como Albert Einstein ou Leonardo De Vinci como gênios. Embora fossem claramente excepcionais, a inteligência é algo difícil de medir. Em 1905, Theodore Simone projetou um teste para crianças com dificuldades na escola. Esse método é o método do teste de quociente de inteligência (QI), que se tornou a forma convencional de avaliar a inteligência de um indivíduo.

Embora não haja um teste de QI padrão, a pontuação é semelhante nas várias versões, com 100 sendo considerado uma pontuação de QI “média” e qualquer coisa de 140 ou acima sendo considerada um QI de nível genial. Considerando o fato de que agora sabemos que existem muitos tipos diferentes de inteligência - emocional, musical, visual-espacial e outros - as pontuações dos testes de QI são vistas com muitas reservas atualmente.

Exatidão desses testes à parte, algumas pessoas são, sem dúvida, talentosas, provando seu tremendo intelecto em todos os tipos de maneiras incríveis. Aqui estão 6 das pessoas mais inteligentes da história moderna. Supostamente, o QI deles é ainda maior do que o de Einstein!

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

FOLCLORE POLÍTICO: Porandubas 844

Começo com a historinha da mineirice.

Vai pra onde?

31 de março de 1964. Benedito Valadares se encontra com José Maria Alkmin e Olavo Drummond no aeroporto de Belo Horizonte:

- Alkmin, para onde você vai?

- Para Brasília.

- Para Brasília, ah, sim, muito bem, para Brasília.

Os três saem andando para o cafezinho, enquanto Benedito cochicha no ouvido de Drummond:

- O Alkmin está dizendo que vai para Brasília para eu pensar que ele vai para o Rio. Mas ele vai mesmo é para Brasília.

Esse tipo de artimanha é chamado de engano de segundo grau. Quer dizer: engano meu interlocutor, dizendo-lhe a verdade para tirar proveito da sua desconfiança. A historinha original é judia e expressa com humor o refinamento a que leva o ocultamento de informações:

"Que sacanagem, o senhor quis fazer-me acreditar que vai a Minsk. Acontece que o senhor vai mesmo a Minsk".

Morreu pra você

Outra historinha com José Maria Alkmin (1901-74). Encontrando-se com um eleitor, abraça-o efusivamente e diz: "não deixe de dar lembranças a seu pai". O rapaz se assusta: "mas meu pai morreu, doutor". "Morreu pra você, filho ingrato! Ele continua muito vivo no meu coração", retruca o sagaz político, que foi secretário estadual, deputado e ministro da Fazenda de JK. A historinha expressa um jogo de soma zero, que envolve a sagacidade de um e a malandragem de outro. O que eles querem dizer é isso: "quando você pensa que está indo, eu já estou voltando".

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

https://www.migalhas.com.br/coluna/porandubas-politicas/405469/porandubas-n-844


quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O TAL DO VIL METAL

Por Romeu Duarte Junior (*)

Diz o filósofo contemporâneo Falcão que o dinheiro não é tudo, mas é cem por cento. O grande bardo irlandês Oscar Wilde dizia que, quando jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Mais tarde, quando adulto, teve plena certeza disso. Fico com esta do Karl Marx: "O capitalismo gera o seu próprio coveiro". Poderia gastar quilos de papel e litros de tinta citando autores afamados que gastaram parte do seu precioso tempo refletindo sobre a bufunfa e os seus efeitos. Prefiro matutar sobre as caraminholas que o arame tem criado recentemente nos recônditos de duas paixões nacionais: a política e o futebol. As coisas estão aí, na nossa cara, só que é preciso lê-las e compreendê-las. Narrativas são para quem adora babar na gravata. Camadas, então, nem se fala.

O réu inelegível e inviajável e a sua turma aguardando a hora de entrar na van para ir à Papuda. A grande quantidade de pobres de direita que ainda defendem as ideias de quem os tortura cotidianamente. Os candidatos reacionários há mais tempo na vitrine (caiado, tarcísio, zema) que não conseguem empolgar o gado. A faria lima e a paulista querendo pressa na definição do nome que vai enfrentar Lula no ano que vem. Os engomadinhos presidentes da Câmara e do Senado, oportunistas e chantagistas, prestando-se a fazer o jogo imundo para impedir o governo de governar. A resposta artificialmente inteligente da esquerda (até que enfim...), o j'accuse relativo a quem é, de fato, inimigo do povo brasileiro num congresso afeito a mamatas. O refluxo dos canalhas. Muita grana. O Brasil hoje.

Enquanto isso, o campeonato mundial de clubes bomba. Cifras milionárias, repasses aos times idem, contratos estrambóticos, tudo superlativo no reino da bola. Ao mesmo tempo, a miséria das equipes nas séries B, C e D do Brasileirão, que não pararam para ver a banda passar, e a sombra e a água fresca dadas aos escretes da A. Algumas perguntas me assaltam: por que os nossos craques dão até um braço, disputam no pé-de-ferro, entram em divididas, se esfalfam nas suas onzenas estrangeiras e na seleção são um fiasco total e completo? Será que a Canarinho deixou de ser o sonho máximo dos nossos jogadores? Ou é porque há mais papel bordado num lance do que em outro? Só o Sérgio Redes, meu bom amigo, para dirimir essas dúvidas. E a final, como será? Aguardemos...

Claro, na política, assim como no futebol, sempre houve dinheiro, muito dinheiro. Nessa briga de hashtags e caneladas ainda haverá muita água para correr debaixo da ponte. Num campo, a desfaçatez em abiscoitar emendas estratosféricas sem qualquer controle público enquanto se procura aumentar os próprios vencimentos e o número de parlamentares e reduzir os investimentos em saúde e educação. No outro, a flagrante desigualdade entre os jogadores da várzea nacional e os bambambãs da cena internacional, ao tempo em que um dos principais símbolos do País vai para o brejo, situação marcada também pela corrupção na CBF. Se formos falar em religião, outro assunto caviloso, o impasse será tal e qual. Ah, Bandeira, o jeito é tocar um tango argentino. Sem o milei, né?

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 7/07/25. Vida & Arte. p.2.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

COBRA ISAURA, LIVROS E RIOS

Por Izabel Gurgel (*)

Sei da presença da cobra Isaura em pelo menos três bibliotecas de Fortaleza. Isaura protagoniza histórias contadas, desenhadas, bordadas nas bibliotecas comunitárias Famílias Reunidas, no bairro Padre Andrade, Jardim Literário e Criança Feliz, no Jardim Iracema, também nomeado Floresta.

Morar mesmo, Isaura mora na Lagoa do Urubu, naquelas áreas. Sobre Isaura, comecei a ouvir histórias serpentinas, girando em espiral entre nós, no espaço que hoje abriga a Casinha de Cultura Patativa Ave Feliz - Memorial do Bordado, uma das joias da casa 302 da Gaudioso Carvalho. Já foi lá?

Tem um mapa bordado que é o sonho da criatura leitora. A palavra imaginada, dita, escrita fazendo nascer seres, lugares, acontecimentos, concretos pensamentos feitos perfeitinhos como uma colher, um martelo, uma tesoura. Já leu sobre isso? Eco! Dá vontade de morar no mapa bordado, tipo quando a gente mora em um livro.

Talvez esteja enganada, mas a lagoa e Isaura têm as maiores dimensões dentre tudo o que o mapa mostra dos bairros ali fronteiriços, e é só um resumo do que tem de bom no lugar de onde voltei com os olhos cheios de jardim de calçada. Da última visita, conspiramos sobre rodas para contar e ouvir histórias de assombração.

O grupo Pé de Sonho reúne mulheres também bordadeiras (cortam, costuram, fazem croché, etc.) e iniciou uma coleção que acabou batizada de cobra criada. Inspirada em quem, advinha? Vi um caminho de mesa sobre um aparador e sobre eles um livro todo bordadinho de pai e mãe.

As folhas do livro nasceram para almofadas. Mas parece que tudo o que nasce e o que há é para terminar mesmo em livro. Quem falou isso? Livro é o melhor dos cofres. Portátil e só existe quando encontra alguém que o abra. Vai nascer mais livro por lá.

Sempre que digo ou escuto ou anoto caminho de mesa (adoro o nome), olha só o que eu penso: uma rua cheia de mesas cheias de livros, o bairro todo assim, uma cidade que você percorre de uma mesa à outra, passando de um livro para outro, de uma criatura leitora à outra. Banquetes. Uma cidade sem fome.

Acabou que não citei bordadeiras, designer, desenhista, cozinheira e toda a gente envolvida na feitura de cada coisa no Memorial do Bordado. Uma leitora me disse que gosta de encontrar tudo com nome ao ler nossos textos n'O Povo de domingo. Fica para a próxima. Dá pra conhecer quase todo mundo indo à citada casa 302.

Termino imaginando um caminho de mesa na calçada de um teatro. É fato, não só ficção. Hoje, 6 de julho, tem primeira edição Livro Livre em Icó, na calçada do Teatro da Ribeira dos Icós. Conta-se que uma baleia vive sob a planície urbanizada, a grande várzea do rio Salgado, que antes de encontrar o mar se torna Jaguaribe, nosso rio das onças.

A vida é um assombro.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 6/07/25. Vida & Arte, p.2.

Os desafios da liderança feminina na saúde pública

Por Rochelle Souza (*)

Gerir administrativamente dois hospitais universitários federais de alta complexidade, como o Hospital Universitário Walter Cantídio e a Maternidade Escola Assis Chateaubriand, do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, é um grande desafio. Quando essa liderança é exercida por uma mulher, os desafios se multiplicam ainda mais. São mais de 4.600 colaboradores, milhões em recursos gerenciados, estruturas operando 24 horas por dia nos sete dias da semana e cobrança constante por resultados cada vez melhores em assistência, ensino e pesquisa em saúde.

Além da vida profissional, sou mãe do Theo, de 8 anos; do Caramelo, um gatinho de 4 anos; e esposa do Thiago Braga. Como muitas mulheres, vivo a tripla jornada: trabalho, cuidado com a casa e educação do meu filho. Não há pausa ao chegar em casa há lancheiras para preparar, lições para revisar, escuta qualificada e afeto para oferecer.

Conciliar essas esferas é muito difícil e exaustivo. A gestão pública exige de nós uma atualização constante. As leis mudam, os sistemas se transformam, as exigências aumentam. Precisamos estudar continuamente e provar competência diariamente, em cada reunião de trabalho de equipe, audiência com autoridades, evento público etc.

O desafio de liderar com empatia, firmeza e visão estratégica está posto. Entendo que, além de processos, cuido de pessoas. Ao ocupar espaços de liderança, também abro caminhos para outras mulheres.

Meu propósito, meu ikigai, sempre esteve ligado ao serviço público. É na dedicação diária à população que depende do Sistema Único de Saúde (SUS) que encontro motivação para seguir todo novo dia. Mesmo atuando na gerência administrativa de um complexo hospitalar, minhas decisões impactam diretamente a qualidade de vida das pessoas.

Busco fortalecer o SUS com ideias inovadoras e propositivas. Contagio minha equipe com esse compromisso com a coisa pública, buscando deixar um legado positivo para as próximas gerações.

Liderar no Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh é um orgulho e um ato diário de resistência e dedicação ao serviço público.

Gerente administrativa do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh

(*) Gerente administrativa do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 6/07/2025. Opinião. p.18

terça-feira, 5 de agosto de 2025

SESA inaugura Centro de Estudos em Vigilância em Saúde do Ceará Maria Zélia Rouquayrol

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), por meio da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde (Sevig), inaugurou, nesta segunda-feira (4/8/25), a sala que abriga o Centro de Estudos em Vigilância em Saúde do Ceará Maria Zélia Rouquayrol.

Com funcionamento na sede da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde (Covep) – Rua Oto de Alencar, 193 Jacarecanga – o Centro de Estudos tem como objetivo principal planejar, coordenar, executar e avaliar ações de educação permanente, pesquisa e formulação de políticas públicas voltadas ao fortalecimento da Vigilância em Saúde no âmbito estadual.

A sala recebeu o nome de Maria Zélia Rouquayrol, referência na área de Vigilância em Saúde. “Maria Zélia mostrou que o gestor público, especialmente na área da Saúde, não trabalha sem a Ciência, sem evidências científicas, sem dados. Acho que esse é o maior legado da doutora Zélia. Ela mostrou que, para construir qualquer política pública, para que a gente possa fazer intervenção, a gente precisa da Vigilância”, destaca a titular da Sesa, Tânia Mara Coelho.

A principal missão é dialogar acerca de assuntos relacionados à Vigilância em Saúde. Tem a parte de estudos, de pesquisa, de ensino. Esse é um espaço simbólico que recebe muitos estudantes de graduação e de pós-graduação e discute os temas de maior impacto e relevância para a saúde pública”, afirma o titular da Sevig, Antonio Silva Lima Neto (Tanta).

De acordo com Samila Torquato, assessora de treinamento, ensino e pesquisa da Sevig, esse momento é muito mais do que a entrega de um espaço físico, é, também, um marco da Vigilância, uma formação estratégica, comprometida com profissionais para atuar na saúde pública. Esse espaço visa interligar todas as áreas da Vigilância e promover mais acolhimento, pesquisa e ensino”.

Quem foi Maria Zélia Rouquayrol

Nascida em Pernambuco, no município de Sertânia, Maria Zélia Rouquayrol graduou-se em Farmácia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 1958, transferiu-se para a Universidade Federal do Ceará (UFC), onde lecionou até sua aposentadoria, em 1997, e recebeu o título de Professora Emérita, em 1998.

Sua obra mais conhecida foi o livro “Epidemiologia & Saúde”, idealizado por ela e que, desde 1982, ao longo de oito edições, se tornou fundamental para o ensino da Saúde Coletiva no Brasil. Também recebeu a Medalha de Prata Oswaldo Cruz, honraria instituída pelo Governo Federal a pessoas que se destacam no campo da saúde pública.

Faleceu em fevereiro de 2025, deixando um grande legado para a formação de profissionais de saúde. Sua trajetória motivou a nomeação da Sala de Estudos da Vigilância em Saúde, espaço da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) voltado ao fortalecimento da educação permanente, pesquisa e qualificação desses profissionais.

Fonte: SESA. Assessoria de Comunicação. Em 5/04/2025.


As reformas financeiras chinesas e seu impacto global

Por José Nelson Bessa Maia (*)

A economia global encontra-se em meio a tensões protecionistas, conflitos geopolíticos no Oriente Médio e instabilidade financeira geradas pela nova gestão do presidente dos EUA, Donald Trump. Os riscos de colapso no comércio e no crescimento econômico exigem ações anticíclicas, de modo a impedir o caos e superar as turbulências. Nesse contexto desafiador é que a China adotou medidas financeiras para preservar o seu crescimento. As novas medidas constituem um esforço para estabilizar a conjuntura, oferecendo apoio aos setores mais vulneráveis e ajudando o país a enfrentar a persistente incerteza global.

Como tudo na China as medidas adotadas seguem um planejamento estatal abrangente e focado em resultados. As medidas financeiras em execução para estimular o crescimento refletem as diretrizes adotadas na sexta Conferência de Trabalho Financeira realizada ainda em outubro de 2023. A Conferência é uma reunião de mais alto nível do setor financeiro da China, e suas políticas na área de regulamentação têm enorme impacto sobre o desenvolvimento de longo prazo das finanças chinesas.

Na citada Conferência, o presidente chinês Xi Jinping expôs o seu pensamento sobre as reformas financeiras, introduzindo uma inovação na Economia Política Marxista em relação às questões financeiras e fornecendo diretrizes para promover o desenvolvimento do setor financeiro na nova conjuntura de desenvolvimento da China, orientando os órgãos governamentais a otimizar os serviços financeiros, promover a abertura financeira de alto padrão e impulsionar o processo de internacionalização da moeda chinesa.

A Conferência delineou oito propostas para o setor financeiro da China, dentre as quais: i) acelerar a modernização institucional do setor; ii) fornecer serviços de alta qualidade para o desenvolvimento; iii) promover a abertura financeira; iv) fortalecer a regulamentação financeira; v) prevenir e resolver riscos financeiros, e vi): aprimorar a gestão macroprudencial do financiamento imobiliário. Tais pontos visam a abrir o sistema financeiro do país, tornando-o mais eficiente, estável e vinculado ao mercado global.

Em suma, as reformas ajudam a integrar mais a China na economia mundial, facilitando o comércio e o investimento. Com a abertura de segmentos financeiros a investidores e a modernização do sistema, o país se torna um ator ainda mais confiável. Além disso, a internacionalização do yuan chinês oferecerá alternativa às moedas tradicionais nas operações comerciais e financeiras entre fronteiras, o que influenciará as dinâmicas econômicas. Tais mudanças também incentivam outros países do Sul Global a adotarem reformas similares, em especial no BRICS, reforçando, assim, a estabilidade e a integração no sistema financeiro global.

(*) Mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e ex-secretário de Assuntos Internacionais do governo do Ceará. Pesquisador independente das relações China-Brasil, China-Países Lusófonos e China-América Latina.

Fonte: O Povo, de 6/07/25. Opinião. p.19.

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Com sucesso, PPSAC/Uece realiza I Congresso sobre Interdisciplinaridade na Saúde Coletiva

O Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual do Ceará (PPSAC/Uece) realizou, entre os dias 28 e 30 de julho, no campus Itaperi, com sucesso, o I Congresso sobre Interdisciplinaridade na Saúde Coletiva: desafios em territórios invisibilizados. O evento, promovido em formato híbrido, teve como objetivo principal promover um espaço de compartilhamento de saberes e experiências sobre os desafios do Sistema Único de Saúde (SUS), com ênfase no trabalho em Saúde Coletiva e na atenção à saúde de populações invisibilizadas.

A programação contou com oficinas, mesas-redondas, apresentações de trabalhos e palestras que abordaram temas como atenção à saúde de minorias, saúde mental e condições de trabalho, gestão e planejamento no SUS, além da formação em saúde e o controle social. O público-alvo incluiu profissionais de saúde, pesquisadores, estudantes, gestores públicos, formuladores de políticas e representantes da sociedade civil.

Em avaliação do evento, a representante da coordenação geral do Congresso, professora Fernanda Fontenele, destacou a diversidade de participação e a alta produtividade científica como marcas do sucesso da iniciativa. “O Congresso foi consolidado como um espaço fundamental para o diálogo e a construção de conhecimento no campo da saúde. Um de nossos principais desafios era aproximar a academia da sociedade, e conseguimos reunir representantes de movimentos sociais e professores da educação básica entre os participantes”, ressaltou a docente.

Os números refletem o alcance e o impacto do evento: foram 540 inscrições, sendo 300 participações presenciais e 240 remotas. Ao todo, 417 trabalhos científicos foram submetidos, dos quais 224 concorreram à premiação, resultando na condecoração de nove trabalhos de destaque. Para a realização do Congresso, foi mobilizada uma equipe de mais de 60 pessoas, entre estudantes, servidores, docentes e profissionais contratados, que atuaram em áreas como sonorização, transmissão ao vivo e cerimonial.

Durante a cerimônia de encerramento, foram lançados três prêmios em homenagem a docentes por seus importantes legados na área da saúde: professor José Jackson Coelho Sampaio, professor Antonio Rodrigues Ferreira Junior e professora Maria Rocineide Ferreira da Silva. Os prêmios foram entregues aos autores dos melhores trabalhos científicos do evento.

Após o encerramento oficial, os congressistas que estavam presencialmente também participaram do sorteio de mais de 20 brindes, doados por parceiros do Congresso, encerrando a programação com celebração, reconhecimento e gratidão coletiva pelo sucesso do encontro.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Uece em 1/08/25.


Setor da Construção Civil no Cariri apreensivo com a taxa de juros elevada

Por Rita Fabiana Arrais (*)

No último dia 18 de junho o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) para 15% ao ano, gerando apreensão na economia.

Os constantes aumentos das taxas de juros, principalmente da Selic, trouxeram consequências para inúmeros setores da economia, em especial, a construção civil que depende do equilíbrio entre a oferta e a demanda por imóveis para permanecer competitiva.

No final do último ano (2024) o crescimento da construção civil fechou em 4,2%. Esse valor consolidado está intrinsecamente ligado ao volume de capital investido, e de empregos gerados. como também no aquecimento e fortalecimento do setor varejista.

Na Região Metropolitana do Cariri o quantitativo de empresas no ramo da construção civil aponta mais de 1800 empreendimentos ativos. São construtoras de grande e médio porte que ao longo das décadas foram (são) importantíssimas para o crescimento econômico da região.

É cabível de registro que as políticas econômicas expansionistas ligadas ao crédito - tanto para o ofertante quanto ´para o demandante – e as novas regras do Programa Minha Casa Minha Vida com a proposta de liberação de crédito para a aquisição da moradia, foram importantes para a manutenção no mercado dessas construtoras.

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (2025) as perspectivas de crescimento para este setor são de 2,3%, considerado pelos empreendedores do ramo como um prognóstico realista e até possível de se alcançar, ainda que o ciclo de elevações dos juros tenha impactado intensamente todo o envolto deste setor, ocasionando redução nos investimentos privados, nas ofertas de imóveis e nos empréstimos bancários para a sua aquisição.

Uma das características da construção civil carirense está no lançamento de imóveis direcionados para classe média, com preços iniciais de R$ 180 mil reais. A estratégia de preços e a localização do imóvel são fatores que proporcionam a manutenção da demanda local estável.

É importante destacar que há mais de 20 anos a especulação imobiliária na região do cariri alcança valores extraordinários, se comparado as grandes capitais no Brasil. Contudo, há na região um deslocamento das construções para bairros com um contingente populacional mediano/ pequeno, em que a infraestrutura disponível para uma moradia de qualidade encontra-se em fase de implantação, ou muitas vezes é inexistente.

A questão da alta de juros não impõe restrições de ganhos e perdas apenas para o investidor. A estagnação do crescimento corrói toda a cadeia produtiva do setor. Assim, de forma lenta e gradual os custos mais elevados dos insumos para a produção, bem como do crédito de financiamento chegarão a nós consumidores.

(*) Economista.

Fonte: O Povo, de 4/07/25. Opinião. p.23.

domingo, 3 de agosto de 2025

LÚCIO FLÁVIO GONZAGA SILVA: urologista talentoso na ACM


Lúcio Flávio Gonzaga Silva, nascido em Caucaia, em 2/02/1952, no seio de tradicional família desse município, foi o penúltimo dos quatorze filhos do casal Joaquim Mota Silva e Tecla Gonzaga Silva.

Fez, em Caucaia, o seu curso Primário em escola pública, no Grupo Escolar Branca Carneiro de Mendonça, o Ginásio no Colégio Janusa Correia, uma escola particular, e no Colégio Luzardo Viana, da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), de onde se transferiu, no 2º Científico, para o Colégio Castelo Branco, em Fortaleza, tendo se preparado para o vestibular no “cursinho” do Colégio Castelo, sob a coordenação do conceituado educador Prof. Américo, já tendo em mente ingressar no ensino superior.

Na adolescência, integrou grupo de jovens católicos, recebendo, então, a orientação direta do padre jesuíta holandês Jan ter Reegen (um “expert” da Bioética e profundo conhecedor da Filosofia Medieval), condição essa que certamente contribuiu para forjar o seu caráter. Também nessa fase da vida, foi fundador do Clube Literário José de Alencar, de Caucaia, defendendo a cadeira de Gonçalves Dias – sabia decorado o poema I-Juca Pirama. Fez peça de teatro, poesias, estreou como ator no Theatro José de Alencar e declamou poemas na Casa de Juvenal Galeno.

Figurou entre os primeiros classificados do vestibular de 1972.1 da Universidade Federal do Ceará (UFC), fazendo a escolha inicial da matrícula no curso de Medicina; optando por cumprir no turno da tarde o primeiro semestre letivo do malfadado Ciclo Básico, para atender a um pedido de um primo dileto, que, não poderia conciliar seu expediente de trabalho no Banco do Nordeste, com o turno conseguido com sua classificação no vestibular.

Ao término do primeiro semestre de 1972, a UFC decidiu encerrar a competição entre os alunos, prevista para dois semestres na sua desastrada experiência de Ciclo Básico classificatório. Assim, dado o seu desempenho em notas recebidas no período, obteve, por fim, a ratificação da opção que conseguira no vestibular e, com a 8ª classificação geral, adentrou no curso de Medicina.

Paralelamente às atividades didáticas regulares da graduação em Medicina e com a intenção de auferir mais conhecimentos, procurou participar de outros eventos científicos e atividades complementares extracurriculares.  Dos que tiveram maior impacto em sua formação, podem ser mencionados: a primeira imersão em prática clínica no Projeto Acadêmico Pacatuba, a participação em estágios na clínica e na cirurgia no IJF, na Clínica Médica e Cirúrgica da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, no Serviço de Assistência aos funcionários da UFC e na monitoria não remunerada do Departamento de Patologia e Medicina Legal da UFC.

Optou por fazer o Internato no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), vindo a colar grau em 23/12/1977, integrando a valorosa Turma Prof. José Carlos Ribeiro.

Após a graduação, cumpriu, em 1978 e 1979, com dedicação, a Residência Médica em Urologia, no HGF, oportunidade em que auferiu um excepcional treinamento, tornando-se muito bem qualificado para o exercício da sua especialidade, passando a trabalhar, como urologista, no Pronto Socorro dos Acidentados e na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, e ingressando, mediante concurso, como médico no quadro de funcionários públicos do Estado do Ceará, em 1980, lotado na Secretaria de Justiça.

Em 1988, por meio de concurso público, foi admitido como Professor Auxiliar do Departamento de Cirurgia da UFC, com atuação principal na disciplina de Urologia, promovido para Professor Assistente e, em seguida, a Professor Adjunto, à conta, paralelamente, dos seus estudos pós-graduados, coroados pela obtenção dos Diplomas de Mestrado em Cirurgia e de Doutorado em Farmacologia, na UFC, respectivamente, em 1998 e em 2003.

Ingressou no mestrado em 1995, tendo-o concluído com a defesa da dissertação “Repercussão da terapia nutricional enteral, enriquecida com L-arginina, sobre o metabolismo de ratos Wistar portadores de tumor de Walker implantado no rim”, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Roberto Leitão de Vasconcelos. Logo, em seguida, em 1999, matriculou-se no doutorado em Farmacologia, encerrado com a defesa da tese “Fentolamina: aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos no corpo cavernoso humano”, tendo o Prof. Dr. Manoel Odorico de Moraes Filho por orientador.

Em suas atividades docentes na UFC, ministrava as Disciplinas de Urologia, Oncologia e Método de Pesquisa, na graduação em Medicina, e Ética e Bioética em Pesquisa e Metabolismo de Tumores Sólidos na Pós-Graduação em Cirurgia e exerceu a preceptoria do Internato em Cirurgia Uro-nefrologia e em Uro-oncologia. Como urologista, desde 1987 até a sua aposentadoria, prestava assistência médica em ambulatório, enfermarias e Centro Cirúrgico do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), tendo chefiado o Serviço de Urologia, de 2004 a 2015.

Ainda na UFC, criou junto com seus colegas urologistas do Serviço de Urologia do HUWC, o Programa de Residência Médica em Urologia, que esteve sob a sua direta coordenação até sua aposentadoria, convertendo-o em formador de novos urologistas no Ceará. Também, após seu doutoramento, criou o Mestrado e o Doutorado Acadêmicos em Urologia, compondo o Programa de Pós-graduação em Cirurgia da Universidade Federal do Ceará.

A sua produção científica inserida na Plataforma Lattes, disponível em seu currículo atualizado em 2/02/2025, dá conta das seguintes cifras: artigos completos publicados em periódicos (46), livros (10), capítulos de livros (12), trabalhos completos publicados em anais de evento (68), resumos expandidos publicados em anais de eventos (9), resumos publicados em anais de eventos (14), apresentações de trabalho (110), As orientações concluídas foram as que se seguem: iniciação científica (11), especialização (2), mestrado (12) e doutorado (4). Organizou quatro e participou de 210 eventos científicos.

Sua alentada produção científica, escoada em periódicos internacionais de grande impacto, aliada à sua sólida formação acadêmica e à vinculação ao ensino de pós-graduação, já o credenciaria a ascender ao cargo de professor titular, mas abriu mão dessa possibilidade, aposentando-se como Professor Associado III, para poder se dedicar ao Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em 1999, o Dr. Lúcio Flávio foi acolhido nos quadros do Instituto do Câncer de Ceará, cooperando com a instalação do Serviço de Uro-oncologia, hoje, dotado de valiosa e competente equipe, e contando com recursos tecnológicos de primeira linha, sendo referência dessa especialidade no Norte e no Nordeste do País.

Mantém-se atuante nas atividades acadêmicas do Programa de Pós-Graduação em Oncologia, do Instituto do Câncer do Ceará, como coordenador do Mestrado Acadêmico em Oncologia, docente das disciplinas Metodologia da Pesquisa Científica e Pesquisa Clínica em Oncologia, e orientador de mestrandos e alunos de iniciação científica. Atua nas áreas de Pesquisa Clínica em Oncologia, Biologia Molecular e Genética dos Tumores e desenvolve estudos na linha de pesquisa “Mecanismos fisiofarmacológicos e patológicas do músculo liso cavernoso e vesical de humanos e de animais experimentais”.

Por mais de três décadas, o Dr. Lúcio Flávio atuou como um dos mais ativos conselheiros do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec), realizando um trabalho profícuo em defesa da boa prática médica e qualificando-se como ardoroso conhecedor de diversos temas de interesse da Ética Médica e da Bioética.

Em suas atividades conselhais, foi conselheiro efetivo do Cremec, no período de 1982 a 2019. Foi conselheiro suplente (2010-2014) e titular (2015-2019) do CFM, tendo, nesse período, participado da Câmara Setorial de Medicamentos da ANVISA, da Comissão Nacional de Ensino Médico (Coordenador), da Comissão Nacional de Integração do Médico Jovem, da Comissão de Humanidades, da Comissão de Reprodução Assistida e da Comissão Nacional de Reforma do Código de Ética Médica. Foi sub-corregedor e corregedor do CFM.

Possui o título de especialista em Urologia, obtido por concurso nacional, além de estágios de aperfeiçoamento em Urologia, no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, em 1988, na Thomas Jefferson University, nos EUA, em 1994, e Aperfeiçoamento em Robotic Radical Prostatectomy, na Clinique Saint Augustin, na França, em 2008.

O Dr. Lúcio Flávio tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Cirurgia Urológica, atuando principalmente nos seguintes campos: câncer urológico, desnutrição e metabolismo oncológico e disfunção erétil e miccional. Em seus 47 anos de formado ainda exerce a clínica privada na especialidade de Urologia, com atendimento a pacientes particulares e de convênios.

Dentre as entidades associativas, comporta referir: membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, tendo sido presidente da Seção Ceará dessa entidade, por dois mandatos; membro da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação; membro da Cátedra de Bioética (UFC/Cremec/Unesco); Membro titular da Academia Cearense de Medicina.

Apesar de seus tantos afazeres profissionais, Lúcio Flávio encontra tempo ainda para cultivar outros deleites: a Filosofia (estuda com afinco), a literatura (gosta de ler a obra no original), a música (arranha o violão), o xadrez (um grande vício), o registro do cotidiano (escreve crônicas, memórias e discursos) e a feitura de desenhos e pinturas de personalidades e de pessoas do seu relacionamento afetivo e de amizade.

É sócio da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Ceará (Sobrames/CE), com participação nas seguintes antologias: Pontos de Vista (2019), Sopro de Luz (2020), A Plenos Pulmões (2021), Limiar da Criação (2022), Uso Profilático (2023) e Palavras Chaves (2024).

Possui publicações literárias diversificadas, abrangendo diferentes gêneros e formatos. Entre suas obras, destacam-se o livro infantil “A Escola da Dona Judith” e o romance “O Retiro de João e Luiza”. Além disso, é coautor de um livro de versos e reflexões, atualmente em processo de publicação, em parceria com o médico e padre Aníbal Gil.

Realizou contribuições no campo das crônicas, incluindo publicações no jornal O Povo. No âmbito editorial, exerceu a função de editor em veículos, como o jornal SBU Ceará e o jornal Medicina, do Conselho Federal de Medicina.

No plano pessoal, o colega em foco é casado, desde 1979, com a administradora e funcionária pública aposentada Joselene Dutra Mota Silva, tendo com ela, duas filhas: Marina, formada em Comunicação Social, jornalista da Rede Globo, lotada em Brasília-DF, e Marília, cirurgiã-dentista, atuante em Tianguá, que se desdobraram nos netos Tomás, Vinícius, Joana e Vicente.

Eleito em 28/07/2024, sob o número acadêmico 148, tomou posse na Academia Cearense de Medicina (ACM) em 8/11/2024, assumindo a Cadeira 20, patroneada por Francisco Lourenço de Araújo, e anteriormente ocupada por Manassés Claudino Fonteles, que passou para a categoria de membro titular honorável, sendo recepcionado pela Acada. Sara Lúcia Ferreira Cavalcante.

Cons. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM - Cad. 18

* Publicado. In: Jornal do médico digital, 21(192): 43-48, junho de 2025. (Revista Médica Independente do Ceará).






FORÇA DO DIVINO E SOLIDARIEDADE

Por Roberto Macedo (*)

Recebi um vídeo do meu amigo frei Hans Stapel, o o fundador da Fazenda Esperança, em que ele compartilha informações chocantes das condições precárias de mais de 30 mil pessoas no norte de Moçambique, que ficaram sem alimento e sem casa depois da passagem de um furacão meses atrás naquele país africano.

Ele estava lá e queria apoio para reerguer três unidades da Fazenda da Esperança, com duas casas recém-inauguradas naquela região, para o acolhimento de jovens dependentes químicos. Mesmo já contribuindo com esse projeto, diante de um evento dessa natureza participei da campanha e mobilizei pessoas da minha relação a fazerem o mesmo.

Uma das providências mais urgentes dessa mobilização foi a construção de poços profundos para abastecer a comunidade. Em outro vídeo, ele mostrou a alegria da população diante do jorro de água limpa e refrescante, mas também pude ver satisfação em seu semblante por, mais uma vez, ter conseguido fazer o bem para tanta gente.

Conheço oi frei Hans e o seu braço direito Nelson Giovanelli há mais de duas décadas, época da instalação da Fazenda da Esperança no Ceará, quando a família do meu tio Benedito doou uma área de 110 hectares no centro geográfico de Fortaleza para o funcionamento do Condomínio Espiritual Uirapuru - CEU.

O seu trabalho de recuperação de jovens dependentes químicos, por meio do amor de Deus por cada um de nós, iniciado em Guaratinguetá (SP), está presente em 170 unidades distribuídas por 29 países das Américas, da Europa, da África e da Ásia, onde mais de quatro mil pessoas estão atualmente em tratamento.

A Fazenda da Esperança atua com base no cultivo do amor mútuo, transformando pessoas para que aprendam a olhar para as outras, não pelas vulnerabilidades, mas pelas virtudes e qualidades.

A ação firme comandada pessoalmente pelo frei Hans nessa circunstância me levou a pensar no quanto o excedente de muitos daria para oferecer um mínimo de dignidade àquelas pessoas que nada têm.

É um caso para se pensar, a energia desse homem e a força que ele tem do divino no estabelecimento da condição de amar a si próprio e ao seu semelhante.

(*) Empresário.

Fonte: O Povo, de 7/07/2025. Opinião. p.22.

OS CATOLICISMOS DO CEARÁ

Por Emanuel Freitas da Silva (*)

Depois que o IBGE publicou, no começo deste mês, os dados referentes à religião coletados por ocasião do Censo 22, ficamos a saber que: 1 - embora tenhamos lideranças evangélicas com considerável presença na esfera pública, e igrejas de diversos matizes a compor o quadro urbano de nossas cidades, o número de evangélicos no Ceará é pouco mais de 1,5 milhão de pessoas, ou 21% do total (um crescimento de 400 mil pessoas em 12 anos); 2 - o número de católicos, ainda que tenha sido reduzido em quase 10 pontos percentuais, é ainda majoritário, com pouco mais de 5 milhões de cearenses, fazendo do estado o segundo maior do país em termos de identidade católica.

Em se tratando de catolicismo, ainda temos um outro marco: está no Ceará a cidade mais católica do país, dentre os municípios com mais de 100 mil habitantes Crato, com 82% de católicos.

Que fatores explicam a ainda pujante identificação católica do cearense? Possuímos uma pluralidade de expressões do catolicismo por aqui. A começar, um sem número de santuários que se tornaram pontos de peregrinação: Juazeiro, Canindé, Quixadá, Fortaleza, Caucaia e, mais recentemente, Santana do Cariri. Tudo devidamente acompanhado da ação do poder público, urbanizando áreas do entorno dos locais sagrados, tornando-os uma rota para o turismo religioso.

Depois, daqui surgiram importantes expressões nacionais e internacionais do catolicismo carismático e de suas derivações: Comunidade Shalom, Recado, COT, Face de Cristo, Instituto Hesed, Nova Jerusalém. Tais comunidades e institutos que atraem muitos jovens com a retomada da mística católica e mesmo de certo tradicionalismo renovado realizam importante trabalho missionário de freio à perda de fiéis e de reencantamento do catolicismo para as novas gerações.

Basta lembrar, para tanto, o público do Halleluya, evento que disputa a presença da juventude com o Fortal a cada ano superando a marca de 1 milhão de pessoas.

Sem falar das pastorais, sempre com presença ativa nas paróquias até mesmo a da diversidade já consta entre as acolhidas pela Arquidiocese.

Os dados trazidos pelo Censo já devem guiar o trabalho digitalizável do novo arcebispo de Fortaleza, Dom Gregório, num ethos distintíssimo ao do seu antecessor.

(*) Professor adjunto de teoria política da Uece/Facedi.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/06/25. Opinião. p.16.


sábado, 2 de agosto de 2025

PADRE CÍCERO: o homem, o mito, o motor de uma cidade

Por Glêdson Bezerra (*)

Nesse início de junho, Juazeiro do Norte vivenciou um marco histórico de dimensões imensuráveis: o encerramento do processo diocesano para a beatificação do Padre Cícero Romão Batista, hoje Servo de Deus pela Igreja Católica. O ato, realizado na Basílica de Nossa Senhora das Dores, é mais do que um rito da Igreja. É o reconhecimento formal de uma jornada de fé que moldou não apenas a espiritualidade do povo nordestino, mas também os alicerces da cidade que, hoje, tenho a honra de governar.

Padre Cícero não foi apenas o primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, foi o responsável por transformar uma vila esquecida, no Cariri cearense, em um dos mais notáveis polos de desenvolvimento urbano, econômico e cultural do interior nordestino. Quando chegou à região, no fim do século XIX, Juazeiro era apenas um povoado. Sob sua liderança política e espiritual, tornou-se um refúgio para os que buscavam dignidade, trabalho e fé. Como ele mesmo falou: “um refúgio para os náufragos da vida”.

A figura de Padre Cícero transcende os limites da religião. Seu legado é multifacetado: visionário, articulador político, defensor dos pobres e guardião das tradições do povo sertanejo. Foi graças à sua capacidade de organização e de mobilização social que Juazeiro do Norte se consolidou como centro de romarias, de comércio e de resistência. O chamado “milagre da hóstia” pode dividir interpretações, mas a fé que ele despertou uniu multidões e continua movimentando esta metrópole ainda hoje.

Ao caminhar pelas ruas da cidade, é impossível não perceber a força de sua presença. Não há economia em Juazeiro do Norte sem romaria. Não há identidade juazeirense sem a lembrança de seu Padim. E é por isso que este momento, de encerramento da fase diocesana do processo de beatificação, deve ser celebrado como mais um passo no caminho da justiça histórica e da reparação simbólica.

Como prefeito, tenho me empenhado em preparar nossa cidade para o que está por vir. O reconhecimento oficial da santidade de Padre Cícero não trará apenas prestígio espiritual. Trará também desafios e oportunidades. O turismo religioso, que já movimenta milhões de pessoas e dividendos por ano, terá um impulso ainda maior. Diante disso, teremos a missão de cuidar dessa herança com zelo, respeitando seu significado e seu povo.

O Juazeiro que Padre Cícero ajudou a erguer está cada vez mais firme e em constante evolução. Ele plantou as sementes. A nós, cabe cuidar da colheita. Que ela seja, como ele sonhou, cheia de fé, justiça e prosperidade!

(*) Prefeito de Juazeiro do Norte.

Fonte: O Povo, de 18/06/2025. Opinião. p.15.

Padre Cícero indutor do catolicismo no Cariri

Por Luciano Cesário (*)

Nada é tão forte na religiosidade do Cariri quanto a influência de Padre Cícero agora comprovada em dados demográficos. O Censo de Religiões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2022, mostra que o Crato, terra natal do Padim, nascido em 1844, é a cidade brasileira mais católica do Brasil no grupo dos municípios com população acima de 100 mil habitantes. A segunda é Juazeiro do Norte, fundada pelo sacerdote e transformada pelos seus devotos num dos maiores centros de turismo religioso do Brasil.

Na cidade onde Padre Cícero nasceu, com 112,9 mil habitantes, cerca de 91,8 mil pessoas são seguidoras do catolicismo, o equivalente a 81,29% da população. E na metrópole por ele criada, quase 200 mil são católicos, correspondente a 81,14% do total de habitantes (245,6 mil). Em Crato e Juazeiro, a adesão à religião pregada pelo Padim é maior do que a proporção no Ceará (70,4%), no Nordeste (63,9%) e no Brasil (56,7%).

Ainda que tenha sido suspenso de suas funções sacerdotais pelo Vaticano antes de morrer, Padre Cícero exerceu papel de âncora da religião católica no Nordeste. A sua liderança espiritual, especialmente entre os mais pobres e marginalizados, o fez ser venerado como santo popular por uma legião de fiéis católicos. Essa devoção leva anualmente cerca de 2 milhões de devotos a Juazeiro do Norte para romarias e visitas turísticas aos templos católicos entrelaçados com a trajetória do Padim.

A fé popular que congrega multidões em adoração ao Padre Cícero é uma semente de multiplicação do catolicismo em constante germinação que atravessa gerações. A adoração ao sacerdote não tem idade e nem distância. Os romeiros vêm de toda parte e exaltam o longo caminho até o Cariri como uma justa peregrinação por quem eles acreditam ser o autor de milagres alcançados.

E a tendência é que a influência religiosa do fundador de Juazeiro cresça ainda mais diante da possibilidade de que o Vaticano o reconheça como beato. O processo marca uma nova fase na relação de Padre Cícero com a Igreja Católica, mais de um século após a suspensão sacerdotal aplicada a ele em 1894.

Coube ao Papa Francisco, em 2015, a assinatura da carta de reconciliação do Vaticano com o santo popular do Cariri. O pontífice, cujo papado ficou marcado pelo acolhimento aos vulneráveis e grupos discriminados, abriu as portas da Igreja para o sacerdote que vivo ou morto nunca deixou de ser reconhecido por uma legião de devotos como líder religioso, padre e até santo. O legado, não por coincidência, explica a força da religião católica onde ele nasceu (Crato) e morreu (Juazeiro do Norte). Em casa, Padre Cícero é o grande indutor do catolicismo.

(*) Coordenador de jornalismo da Rádio O Povo CBN Cariri.

Fonte: O Povo, de 20/06/2025. Opinião. p.19.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Perseguição política via tapetão em Juazeiro

Por Luiz Eduardo Girão (*)

A população da Terra de Padim Ciço está indignada com a cassação absurda do primeiro prefeito reeleito da história de Juazeiro do Norte.

A Justiça Eleitoral cearense determinou a cassação do mandato de Gledson Bezerra com a acusação de que ele teria abusado do poder político nas últimas eleições.

A ação foi movida pela coligação que foi derrotada nas urnas por uma diferença acachapante de 13.000 votos e encabeçada pelo deputado Fernando Santana, do PT, que é parente do ministro da Educação, ditador-mor do Ceará, Camilo Santana. Eles alegam que, no último ano de sua gestão, houve aumento dos gastos com aparelhos auditivos, óculos e cestas básicas. Para o juiz, essas ações teriam gerado um sentimento de gratidão junto aos eleitores de baixa renda do município."

Gledson, depois de ter se destacado como vereador, recebendo a maior votação da história da cidade por sua coragem no enfrentamento à criminalidade e às oligarquias locais, chegou à prefeitura em 2020.

Já no primeiro ano como prefeito foi alvo de 3 CPIs promovidas por vereadores acostumados com as gestões anteriores, que praticavam a velha politicagem da barganha, do "toma lá da cá". Todas essas CPIs não deram em nada! Pela sua independência e perfil austero na administração, enfrentando diuturnamente a corrupção, passou também a ser perseguido pelo Governo do Estado, que deixou de repassar recursos de vários convênios com a Prefeitura.

Também teve que responder junto à órgãos aparelhados pelo PT-por ter cancelado um contrato de limpeza pública da gestão anterior que gastava R$ 4,5 milhões/mês. Ele fez uma nova licitação e passou a fazer o mesmo serviço com uma empresa que cobrou menos da metade! Economizou mais de 24 milhões por ano e o serviço ainda melhorou.

A Associação dos Tribunais de Contas do Brasil concedeu, em 2023, à prefeitura de Juazeiro do Norte o Selo Diamante, pela máxima de transparência na gestão pública. De 8 mil entidades avaliadas, apenas 241 conseguiram obter esse selo de qualidade.

O Ceará tem sido um Estado onde impera a lógica dos 2 pesos e 2 medidas; enquanto um Prefeito honesto e competente sofre todo tipo de perseguição, por não ter sido cooptado pelo sistema, outras autoridades vinculadas aos poderosos são protegidas, mesmo quando cometem crimes... Nossa Juazeiro é a cidade do interior que mais gera emprego. Saiu de último lugar, no Previne Brasil, entre todos os municípios do Ceará, para o 1º lugar entre as 20 maiores cidades do Nordeste. A nota, que era 2.1, pulou para 9.3!

Presto aqui minha solidariedade ao Prefeito Gledson.

Vivemos tempos difíceis, com completa inversão de valores. É preciso resiliência cidadãos para resistir, mantendo os princípios e confiando acima de tudo, na Justiça Divina, que é perfeita. Que essa flagrante injustiça no Cariri, desrespeitando a soberania popular, seja reparada pelos homens de bem da Terra da Luz. Paz & Bem

(*) Empresário. Senador pelo Podemos/CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/07/25. Opinião, p.23.

Crônica: “As enroladas construtivistas de ‘Dona Menina’...” ... e outros causos

As enroladas construtivistas de ‘Dona Menina’

Mamãe (Terezinha Moreira Vale de nascimento), pense numa criatura cheia de nove horas! Conhecidas se tornaram as "enroladas da colega", a "Dona Menina" de que papai chamava, a mais amorosa e criativa genitora que tive em quase sete décadas de vida. Entre as arrumações hilárias, o primeiro grappete que tomamos, ainda meninos em São Gerardo: líquido botado em garrafas de coca-cola, crush, guaraná Wilson, mirinda. Tudo na mesa.

Era "quissuque" de groselha com laranja espremida, sem passar no coador - ainda com a "célula" da fruta (os gominhos do sumo) o que bebíamos. A tampa dos vasilhames, pedaços generosos de sabugo. E ainda fazia, com a boca, aquela zoadinha de tampa de cerveja liberada por abridor, retorquindo zangada quem reclamasse do excesso de açúcar mascavo no fundo da garrafa:

- E é pra ser feliz!!!

Comida de pobre é "grolado"

Outra: o nhoque de Dona Terezinha (o verdadeiro é massa à base de batata e farinha de trigo, cortada em pedaços pequenos). O da "colega", um preparado de goma de tapioca, algo tostado - e uma coisinha de mel de cana, que mais tarde soubemos tratar-se de um "engrolado batizado". Quando me serviram o primeiro nhoque de verdade, já rapaz, lasquei a vaia em quem o trouxe à mesa. E disparei, me abrindo da estranheza do prato:

- Nhoque! Marrapaz! Fresque não! Vou trazer mamãe aqui pra ensinar a vocês o que é um nhoque de gabarito!

Vexame grande demais eu passei, quase morro de vergonha. Pedi satisfações à mamãe:

- Colega! Por que a senhora falou que aquilo, um engrolado, era nhoque?

- Achei o nome bonito...

O faqueiro que virou rapadura

Na mesma panela, "pra não gastar o gás", mamãe colocava pedaços de carne de gado, carneiro, porco, peixe, linguiça e até panelada. Mais: quando a latinha amarela de Detefon secava, enchia de farinha de talco; e lá estava papai, feito besta, espremendo a vasilha de veneno de eliminar formigas, perfumando-as. Ainda essa: no aniversário de dona Hosana, minha professora do primeiro ano forte na Sociedade Beneficente de Porangabussu, o presente que pediu entregasse à mestra simpática: um faqueiro, ao menos foi o que a colega falou que era. Presente muito bem embrulhado. Dia seguinte, a verdade:

- Tarcisinho, aluno meu! Amei a rapadura de coco que você me deu de presente!

Desvendando o segredo do meu natalício

Quando resfriados, mamãe aproveitava a exata hora da merenda das 9 horas para dissolver o Redoxon num copo d'água água cheio e fazer a gente beber de gute-gute "pra curar a mamacoa". A cada um dos 10 meninos, dois biscoitos champagne. Ademais, a colega adicionava açúcar e dois pinguinhos de limão nos copos. Misturava tudo e mandava ver:

- Bora! Engulam e ganhem a lapa do mundo!

Creiam: somente há pouco, eu - terceiro filho, decrescentemente - soube que sou sete dias mais novo que o que consta da certidão de nascimento. Sempre comemorei aniversário em 1º de julho, mas... Com a palavra, minha irmã De Jesus, que conversou com mamãe isso, ipsis litteris:

- Como o teu irmão mais velho é de 31 de julho e o segundo do dia 1º julho...

- Não acredito que a senhora fez cambalacho com a data de nascimento do Tarcísio!

- Foi o jeito! 31 ficava longe, e aí o dia 1º de julho era mais apropriado pra deixar ele!

- E por que não registrar ele no dia em que veio ao mundo: 8 de julho?

- Pra não gastar três vezes mais bolo, refrigerante e vela num mesmo mês!!!

Fonte: O POVO, de 4/07/2025. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.