quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

MONJAS ENCLAUSURADAS NO BRASIL

Número de monjas enclausuradas no País é o maior desde o século XVIII
Por Juliana Coissi, de Ribeirão Preto
Os olhos verdes de Laura, 27, brilham, e o rosto se abre em um largo sorriso ao relembrar seus 12 anos, quando viu pela primeira vez aquelas mulheres através de grades.
"O primeiro impacto foi sentir a alegria delas atrás de uma grade", diz. "Decidi que queria viver também aquela mesma alegria."
Aos 15, chegou a pedir ao bispo autorização para se juntar a elas antes do tempo, mas só aos 18 entrou em um mosteiro em Franca.


Laura Teresa do Menino Jesus, 27, enclausurada há 9 anos, e Maria Eunice do Coração de Jesus, 84, no mosteiro em Franca (SP)
Em pleno século 21, Laura e outras mulheres monjas enclausuradas são parte de uma realidade cada vez mais crescente no país. Elas vivem em uma cela, atrás das grades, longe de parentes e amigos, sem acesso a TV e jornal.
Desde o século 18 - quando a Igreja Católica tinha enorme projeção social no mundo-, nunca a Ordem das Carmelitas Descalças, à qual pertence Laura, teve tantas mulheres "atrás das grades" como agora.
Uma das maiores do país, a ordem, que se instalou no Brasil naqueles anos 1700, tem hoje cerca de mil monjas. Dez anos atrás, eram 700.
Entre as religiosas clarissas, outra ordem no país, são hoje cerca de 300 mulheres, em 30 mosteiros. Em 1955, eram 59 monjas e três casas.
Também as passionistas, concepcionistas, visitandinas, trapistas e adoradoras estão entre as poucas nas quais mulheres vivem a forma mais radical de isolamento: a chamada clausura papal ou de vida contemplativa.
Ao contrário de freiras que atuam em hospitais e orfanatos, essas religiosas vivem reservadas. "As grades não são para elas não saírem, mas sim para ninguém entrar", diz frei Geraldo Afonso de Santa Teresinha, 52, das carmelitas.
O pouco contato com o mundo ocorre nas missas. As monjas as assistem em um canto, isoladas por grade. Há ainda o locutório, sala onde as pessoas, por uma tela, podem pedir orações às monjas.
Sair do mosteiro só em caso extremo, para ir ao médico ou ver os pais, quando estão muito doentes. Ainda hoje novos mosteiros femininos são criados, como o das adoradoras perpétuas, em 2009, e o das trapistas, em 2010.
Separadas por grade do público, monjas recebem a comunhão em missa no Mosteiro das Irmãs Carmelitas em Franca (SP)
HOMENS
Entre os homens, a clausura radical é menor no Brasil, só com os monges trapistas e cartuxos. A casa dos trapistas no Paraná foi criada em 1977, com quatro monges americanos. Hoje são 20.
Representantes das ordens são unânimes ao explicar a razão de, no século 21, tantos jovens adotarem esse modo de vida. "O mundo oferece muito, mas coisas passageiras. A clausura oferece algo duradouro, que preenche o vazio", disse Maria Lúcia de Jesus, das irmãs visitandinas.
Fonte: Notícias UOL 23/12/2012

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