Lúcio Alcântara (*)
Tomei uma decisão em relação ao preenchimento de vagas nos
sodalícios de que faço parte. Resolvi resistir ao assédio eleitoral por parte
de candidatos, emissários e amigos comuns. A perda de um colega de grêmio, por
menor que seja nossa proximidade, por si só já é um momento delicado.
O açodamento com que os concorrentes se lançam a cata dos
votos, sem que transcorra o nojo, gera uma situação constrangedora. Dão adeus à
moderação e estabelecem um cerco sobre os eleitores. Falo, é claro, de um modo
geral. Há também comportamentos dignos entre os pretendentes.
Receberei com respeito e atenção memoriais e currículos
dos candidatos sem me negar, se solicitado, a contatos pessoais. O que não
farei mais é anunciar por antecipação o meu voto. Reservo-me o direito de
quando, e se for o caso, fazê-lo ao interessado.
Quanto ao preenchimento da vaga na Academia Cearense de
Letras, decorrente do falecimento do grande poeta Francisco Carvalho,
entendo que chegou o momento de radicalizarmos colocando em seu lugar
alguém que tenha a literatura como atividade relevante.
Chega de personalidades. Nada contra elas, todas a meu ver
dignas dos assentos que ocupam. É que já bastam as que temos. É hora de elegermos
um literato reconhecido. Escolhido, se possível, fora do circuito Elizabeth
Arden da literatura. Os clubes, restaurantes e bares do Meireles, Aldeota e
adjacências.
Houve tempo em que a Academia ia buscar nomes de valor,
arredios ou desambiciosos, para ungi-los entre os seus. Talvez seja a hora de
retomarmos a prática buscando um mínimo de consenso eleitoral capaz de adotar
um nome que valorize e ilustre a instituição.
(*) Da
Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará.
Postado em 19/03/2012 In: http://lucioalc.blogspot.com.br/
Nota deste Blog: Os intelectuais
cearenses esperam que o gesto do ex-governador do Ceará sirva de exemplo aos
que integram academias e entidades culturais para que pautem suas escolhas, em
critérios técnicos e curriculares, proporcionando a absorção de pessoas em nossas entidades, com
produção cultural de relevo e evitando a eleição daqueles detentores de
prestígio político, mas desprovidos de um alentado curriculum, aferido em um memorial da própria lavra.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
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