Aqui fala o cidadão. Não fala de quimeras. Fala de uma
exigência. De uma necessidade. E de uma urgência. Que deve transformar-se numa
vivência. Vivência incontestável, que corresponde a um direito, a um dever, a uma
obrigação.
Dom Edmilson da Cruz |
Não estou falando em massa. Falo em povo,
cidadãos, cidadãs e autoridades: Governo, nos três poderes. Ao povo brasileiro
de todos os rincões deste imenso país continental, dessa nossa bela pátria
muito amada, contemplando o Cristo Redentor do Corcovado e o “auri-verde pendão
da minha terra, que a brisa do Brasil beija e balança, estandarte que à luz do
sol encerra e as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a
guerra, foste hasteado dos heróis na lança antes te houvessem roto na batalha,
que servires a um povo de mortalha”. (Castro Alves)
Não estou falando em tempo de campanha eleitoral. Mas num
momento e em circunstâncias em que a mídia fala de “crise de autoridade”, uma
perigosa altercação entre poderes e indicando claramente os destinatários: o
primeiro e os primeiros responsáveis. Responsáveis que agravam a crise com
expressões tão baixas e execráveis que citá-los, mesmo “entre aspas”, seria
identificar-se com eles, subnivelando-se no submundo em que se abismam.
E por isso reage e fala o cidadão: o homem e a mulher,
todos e todas, sem exceção. Para lhes recordar e deles exigir comportamento,
compostura, respeito, dignidade e educação. Calmamente, dignamente,
educadamente, mas exigir mesmo. Porque o povo brasileiro tem o direito sagrado
de fazer essa exigência. Esse povo que por séculos vem sendo corrompido por
integrantes dessa “elite”, eleita por corrupção, que trata o povo como massa de
manobra; que criou, sustentou e ainda sustenta os assim chamados “currais
eleitorais”; que destrata, corrompe e avilta o cidadão, a cidadã como se fossem
bois, vacas, toda essa indignidade que provoca náusea, vergonha, repúdio e
revolta; essa elite – não a do momento - que já chegou a usar de strip tease em
campanha eleitoral; que se considera senhora do mundo; que tem o descaramento,
ainda a gora, de pretender esvaziar a lei da “Ficha Limpa”, desnaturando em
suas cláusulas pétreas a nossa “Magna Charta” e impingir o retorno não à
impunidade mas à impunibilidade de corruptos; essa “elite” que ainda hoje
tripudia sobre a dignidade humana com a pergunta repugnante - uma afronta! - :
“Sabe com quem está falando?!”. Afronta punida como crime em país escandinavo!
Observe-se que aqui não há generalização. Existem
certamente políticos íntegros, dedicados ao bem do povo. Senhores e senhoras
dignos de admiração, respeito e gratidão. Mas sem retirar uma vírgula à
denúncia e ao protesto de que os denunciados são merecedores, importa lembrar a
todos que somos cidadãos e cristãos. Oro por eles todos os dias a fim de que
sejam dignos do mandato que lhes confiamos.
Mas é preciso ficar bem claro: está na hora de acabar com
essas misérias e com seus avatares. Graças ao bom Deus e à boa índole do nosso
povo, o Brasil está mudando. Mudando para melhor. Está na hora de lembrar:
“Dize-me o que falas, e eu dir-te-ei quem és!”
Dom
Manuel Edmilson da Cruz
Bispo emérito de Limoeiro do
Norte
Publicado In: O Povo, de 24/06/2013. Opinião, p.7.
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