terça-feira, 2 de julho de 2013

ENFIM, MÉDICO



João Brainer Clares de Andrade (*)
Que os profissionais de saúde compreendam que não há limitações de atividades ou sobreposições

Após mendigar por quase 10 anos na rede burocrática brasileira, enfim, o médico é reconhecido profissionalmente, com seus atos regulamentados no País. Foram anos de pressão para retardar o processo pelos outros segmentos profissionais que, levados pela desinformação ou pelo preconceito, acreditaram ter seus direitos cerceados com a regulamentação do ato médico.
Em feito histórico, em um período em que a classe média politizada abandona o conforto das redes sociais e segue às ruas pedindo respeito, uma contribuição ímpar é posta à saúde brasileira: intervenções, gestões e regulamentações de cunho estritamente médico, e para as quais o médico recebe o devido treinamento em graduações que se aproximam das 10 mil horas em seis anos, terão agora aparato médico digno. É bem sabido que o médico sozinho não é e nem deve ser capaz de oferecer uma saúde integral à população. A equipe multiprofissional é indispensável a toda oferta de saúde; e unidos, sem hierarquização, com respeito mútuo, pode-se oferecer o máximo ao paciente.
O ato médico é claro: os direitos e atribuições, muitos já regulamentados por lei, ficam garantidos aos demais profissionais de saúde. Em nenhum momento se atribuem responsabilidades que não sejam da competência da formação médica e que não ofertem garantias ao paciente. Regulamentar é preciso para impedir o avanço do ímpeto pelo exercício de atividades e intervenções que demandem formação apta; afinal, a medicina é muito além de um aparato de técnicas e manobras: tomada de decisões ante os agravos ou complicações, raciocínio clínico, poder de intervenção, diagnóstico, interpretação de exames e prescrição baseada em diagnóstico, prognóstico e efeitos adversos não cabem às outras formações, salvo em situações especiais nas quais a competência do médico se restringe e, portanto, damos total crédito e respeito.
Que o ato médico seja visto como um marco à saúde brasileira, que os profissionais de saúde compreendam que não há limitações de atividades ou sobreposições, que o paciente receba a garantia de uma boa assistência, que o Brasil dê exemplo de respeito aos seus profissionais, para que, enfim, possam ser médicos em pleno exercício profissional. O paciente agradece.
(*) Acadêmico de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece)
Publicado In: O Povo, de 2/7/13. Opinião.

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