João Brainer Clares de
Andrade (*)
“Que os
profissionais de saúde compreendam que não há limitações de atividades ou
sobreposições”
Após mendigar por quase 10 anos
na rede burocrática brasileira, enfim, o médico é reconhecido
profissionalmente, com seus atos regulamentados no País. Foram anos de pressão
para retardar o processo pelos outros segmentos profissionais que, levados pela
desinformação ou pelo preconceito, acreditaram ter seus direitos cerceados com
a regulamentação do ato médico.
Em feito histórico, em um período
em que a classe média politizada abandona o conforto das redes sociais e segue
às ruas pedindo respeito, uma contribuição ímpar é posta à saúde brasileira:
intervenções, gestões e regulamentações de cunho estritamente médico, e para as
quais o médico recebe o devido treinamento em graduações que se aproximam das
10 mil horas em seis anos, terão agora aparato médico digno. É bem sabido que o
médico sozinho não é e nem deve ser capaz de oferecer uma saúde integral à
população. A equipe multiprofissional é indispensável a toda oferta de saúde; e
unidos, sem hierarquização, com respeito mútuo, pode-se oferecer o máximo ao
paciente.
O ato médico é claro: os direitos
e atribuições, muitos já regulamentados por lei, ficam garantidos aos demais
profissionais de saúde. Em nenhum momento se atribuem responsabilidades que não
sejam da competência da formação médica e que não ofertem garantias ao
paciente. Regulamentar é preciso para impedir o avanço do ímpeto pelo exercício
de atividades e intervenções que demandem formação apta; afinal, a medicina é
muito além de um aparato de técnicas e manobras: tomada de decisões ante os
agravos ou complicações, raciocínio clínico, poder de intervenção, diagnóstico,
interpretação de exames e prescrição baseada em diagnóstico, prognóstico e
efeitos adversos não cabem às outras formações, salvo em situações especiais
nas quais a competência do médico se restringe e, portanto, damos total crédito
e respeito.
Que o ato médico seja visto como
um marco à saúde brasileira, que os profissionais de saúde compreendam que não
há limitações de atividades ou sobreposições, que o paciente receba a garantia
de uma boa assistência, que o Brasil dê exemplo de respeito aos seus
profissionais, para que, enfim, possam ser médicos em pleno exercício profissional.
O paciente agradece.
(*) Acadêmico
de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece)
Publicado In: O
Povo, de 2/7/13. Opinião.
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