“A
UFC aderiu ao Provab e tem 441 médicos vinculados a 58 supervisores nos três
Cursos de Medicina”
Maria Neile Torres de
Araújo (*)
O Provab é um programa do
Ministério da Saúde para provimento de médicos em áreas selecionadas. Os
médicos que aderem recebem um acréscimo de 10% na nota em concursos de
residência. Em 2013, os Municípios ofereceram 9.429 vagas e se inscreveram mais
de 8 mil médicos. Foram validados 4.569 postos do Provab no Brasil, reduzidos para
3.966 por entradas em residências médicas, desistências etc. Mas sobraram
médicos e sobraram vagas, ou seja, quase 4 mil médicos ficaram de fora.
Inaceitável!
A Universidade Federal do Ceará
(UFC) aderiu ao Provab e tem 441 médicos vinculados a 58 supervisores nos três
Cursos de Medicina: Fortaleza, Sobral e Barbalha. Analisemos agora os dados de
381 relatórios. A visão geral sobre as Unidades de Saúde mostra que 55% delas
são adequadas. Assim, 45% são inadequadas. Inadequações que variam desde a falta
de uma simples fita métrica (39%) à falta de oxigênio para atendimento de
emergências (95%). A adequação de macas para exame dos pacientes é vista em 58%
das unidades e de banheiros em 44%. Material de curativo adequado existe em 51%
das Unidades e de sutura, em apenas 12%. Medicamentos para hipertensão têm
abastecimento adequado em qualidade e quantidade em 47% das unidades, para
diabetes em 51% e antibióticos em 50%.
Conflitos começam a ocorrer.
Como atender um paciente sem maca para exame, sem estetoscópio e tensiômetro?
Não se pode aceitar trabalhar em tão precárias condições, que se refletem,
obviamente, na qualidade do atendimento. “Não se pode consertar tudo do dia
para a noite”, ouve-se de gestores. Mas quando isto vai acontecer? Precisamos
de um plano de ação sob pena de se desperdiçar uma excelente estratégia que
despontou com criatividade e pode realmente contribuir para a construção do
SUS.
É inócuo interiorizar o médico,
com a cara e a coragem, a enfrentar desafios éticos e técnicos. O Provab, sem o
apoio de recursos, será mais uma iniciativa fracassada.
Por que tanta dificuldade?
Faltam recursos? Os Municípios se justificam, o Estado aponta tímidas medidas e
o Ministério da Saúde cala-se. Sabemos, no entanto, que deixou de executar R$
17 bilhões do seu orçamento no ano passado. Isso dói. Dói e frustra a todos os
que se envolveram com o projeto.
(*) Coordenadora do Provab/UFC -Fortaleza
Publicado In: O
Povo, de 8/7/13. Opiniã. p.7.
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