segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Instinto de Morte e Política



Meraldo Zisman (*)
Acautelo os leitores que não desejo psicanalisar a Política, qualquer política, seja ela com p minúsculo ou P maiúsculo.
Ao introduzir o conceito de instinto de morte em oposição ao instinto de vida em 1920, Freud permite um alargamento da visão sobre a humanidade. O homem não se move pela busca e satisfação de um prazer, mais comumente relacionado ao prazer físico ou sexual, mas pela busca de algo além do princípio desse prazer.
Vivemos tempos violentos, eivados por um terrorismo que se apoia no impulso de agressão do Homo Sapiens. E que não visa apenas saciar o desejo de agredir ou matar o outro, mas da vontade de fazer mal a si próprio. Os exemplos estão bem claros, por ai.
Políticos dificilmente trombam de frente e evitam empregar a sinceridade, para que possam alcançar seus desígnios. Empregam outros métodos. Abusam da avidez, da inveja, bordejando a delinquência, chegando ao desvairo para alcançar seus objetivos.
O fato é que apesar de todos os avanços da ciência, da cultura, das humanidades, a agressão ao próximo continua agudamente presente em grupos de pessoas com tal perfil, em sua maioria políticos, que necessitam estar no poder - para poder se realizar. “A vontade de poder, denunciada ou glorificada pelos pensadores modernos de Hobbes a Nietzsche, longe de ser uma característica do forte, é, como a cobiça e a inveja, um dos vícios do fraco, talvez o seu mais perigoso vício.” Conferir com a filósofa Hannah Arendt, A condição humana, Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária [1958] 2001), pagina 215.
Não devemos confundir um político com um estadista. As diferenças entre políticos e estadistas são infinitas. Vejam algumas das diferenças entre um político e um estadista: o estadista pensa nas próximas gerações. O político pensa nas próximas eleições, além de narcisamente buscar a popularidade. Quer ser amado patologicamente. E para isto mente e usa o poder para atingir o que julga ser o Nirvana. Estadistas pedem o esforço pessoal de cada um dos cidadãos para a construção de um grande país.
Afirmo: a linguagem política — e isso é verdade para a todos os partidos, da extrema direita à extrema esquerda, dos conservadores aos anarquistas - faz com que mentiras ecoem como verdades, o assassinato como algo respeitável... Política não passa do procedimento ou astúcia de usar as pessoas em proveito próprio. Política segundo o dicionário de Houaiss é a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou estados; a aplicação dessa arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa).
Ciência política não deve ser confundida com politicagem. Esta última, para mim, vem a ser um agravo vulgar. Desrespeito às Artes. E não me venham com a história que em política é necessário curar os males, nunca vingá-los.
Chega de farsas.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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