Meraldo Zisman (*)
Acautelo os
leitores que não desejo psicanalisar a Política, qualquer política, seja ela
com p minúsculo ou P maiúsculo.
Ao
introduzir o conceito de instinto de morte em oposição ao instinto de vida em
1920, Freud permite um alargamento da visão sobre a humanidade. O homem não se
move pela busca e satisfação de um prazer, mais comumente relacionado ao prazer
físico ou sexual, mas pela busca de algo além do princípio desse prazer.
Vivemos
tempos violentos, eivados por um terrorismo que se apoia no impulso de agressão
do Homo
Sapiens. E que não visa apenas saciar o desejo de agredir
ou matar o outro, mas da vontade de fazer mal a si próprio. Os exemplos estão
bem claros, por ai.
Políticos
dificilmente trombam de frente e evitam empregar a sinceridade, para que possam
alcançar seus desígnios. Empregam outros métodos. Abusam da avidez, da inveja,
bordejando a delinquência, chegando ao desvairo para alcançar seus objetivos.
O fato é que
apesar de todos os avanços da ciência, da cultura, das humanidades, a agressão
ao próximo continua agudamente presente em grupos de pessoas com tal perfil, em
sua maioria políticos, que necessitam estar no poder - para poder se realizar.
“A vontade de poder, denunciada ou glorificada pelos pensadores modernos de Hobbes
a Nietzsche, longe de ser uma característica do forte, é, como a cobiça e a
inveja, um dos vícios do fraco, talvez o seu mais perigoso vício.” Conferir com
a filósofa Hannah Arendt, A condição humana, Rio de
Janeiro: Editora Forense Universitária [1958] 2001), pagina 215.
Não devemos
confundir um político com um estadista. As diferenças entre políticos e
estadistas são infinitas. Vejam algumas das diferenças entre um político e um
estadista: o estadista pensa nas próximas gerações. O político pensa nas
próximas eleições, além de narcisamente buscar a popularidade. Quer ser amado patologicamente.
E para isto mente e usa o poder para atingir o que julga ser o Nirvana. Estadistas
pedem o esforço pessoal de cada um dos cidadãos para a construção de um grande
país.
Afirmo: a
linguagem política — e isso é verdade para a todos os partidos, da extrema
direita à extrema esquerda, dos conservadores aos anarquistas - faz com que
mentiras ecoem como verdades, o assassinato como algo respeitável... Política
não passa do procedimento ou astúcia de usar as pessoas em proveito próprio.
Política segundo o dicionário de Houaiss é a arte ou ciência da organização,
direção e administração de nações ou estados; a aplicação dessa arte aos
negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos
(política externa).
Ciência
política não deve ser confundida com politicagem. Esta última, para mim, vem a
ser um agravo vulgar. Desrespeito às Artes. E não me venham com a história que
em política é necessário curar os males, nunca vingá-los.
Chega de
farsas.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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