Esse
discurso é de18/04/2009, mas parece que nenhum dos presentes na refinada plateia,
(Chavez, Morales, Lula, Rafael Correa, Kirchner e outros), conseguiu entender!
DEPOIMENTO DO PRESIDENTE DA COSTA RICA, QUE MERECE SER LIDO E REFLETIDO
Discurso proferido na presença do Lula e
demais presidentes latino-americanos, incluído o do Equador, Corrêa,
nominalmente citado.
"ALGO HICIMOS MAL"
Palavras do Presidente Oscar Arias da Costa
Rica na Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, 18 de abril de 2009:
"Tenho a impressão de que cada vez que os
países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos Estados
Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas.
Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos
de nossos males passados, presentes e futuros.
Não creio que isso seja de todo justo.
Não podemos esquecer que a América Latina teve
universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William &
Mary, que são as primeiras universidades desse país.
Não podemos esquecer que nesse continente,
como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou
menos iguais: todos eram pobres.
Ao aparecer a Revolução Industrial na
Inglaterra, outros países sobem nesse vagão: — Alemanha, França, Estados
Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e aqui a Revolução Industrial passou
pela América Latina como um cometa, e não nos demos conta.
Certamente perdemos a oportunidade.
Há também uma diferença muito grande.
Lendo a história da América Latina, comparada
com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve
um John Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia em sua mão
disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como
foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.
Faz 50 anos, o México era mais rico que
Portugal.
Em 1950, um país como o Brasil tinha uma renda
per capita mais elevada que o da Coréia do Sul.
Faz 60 anos, Honduras tinha mais riqueza per
capita que Cingapura, e hoje Cingapura em questão de 35 a 40 anos é um país com
$40.000 de renda anual por habitante.
Bem, algo nós fizemos mal, os
latino-americanos.
Que fizemos errado?
Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos
mal.
Para começar, temos uma escolaridade de 7
anos.
Essa é a escolaridade média da América Latina
e não é o caso da maioria dos países asiáticos.
Certamente não é o caso de países como Estados
Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar a dos europeus.
De cada 10 estudantes que ingressam no nível
secundário na América Latina, em alguns países, só um termina esse nível
secundário.
Há países que têm uma mortalidade infantil de
50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é
de 8, 9 ou 10.
Nós temos países onde a carga tributária é de
12% do produto interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, exceto nossa,
que não cobremos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países.
Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós
mesmos.
Em 1950, cada cidadão norte-americano era
quatro vezes mais rico que um cidadão latino-americano. Hoje em dia, um cidadão
norte-americano é 10, 15 ou 20 vezes mais rico que um latino-americano.
Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa
nossa.
No meu pronunciamento desta manhã, me referi a
um fato que para mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de
valores do século XX, que parece ser o que estamos pondo em prática também no
século XXI, é um sistema de valores equivocado.
Porque não pode ser que o mundo rico dedique
100.000 milhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo
"num planeta que tem 2,5 bilhões de seres humanos com uma renda de $2 por
dia" e que gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas e soldados.
* Como disse esta manhã, não pode ser que a
América Latina gaste $50 bilhões em armas e
soldados.
Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo?
Nosso inimigo, presidente Correa, desta
desigualdade que o Sr. aponta com muita razão, é a falta de educação; é o analfabetismo;
é que não gastamos na saúde de nosso povo; gastamos em funcionários públicos;
que não criamos a infra-estrutura
necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; que não estamos
dedicando os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente; é a
desigualdade que temos que nos envergonhar realmente; é produto, entre muitas
outras coisas, certamente, de que não estamos educando nossos filhos e nossas
filhas.
Vá alguém a uma universidade latino-americana
e parece no entanto que estamos nos sessenta, setenta ou oitenta.
Parece que nos esquecemos de que em 9 de
novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de Berlim, e que o mundo mudou.
Temos que aceitar que este é um mundo
diferente, e nisso francamente penso que os acadêmicos, que toda gente
pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase concordam
que o século XXI é um século dos asiáticos não dos latino-americanos.
E eu, lamentavelmente, concordo com eles.
Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre
todos os "ismos" (qual é o melhor? capitalismo, socialismo,
comunismo, liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo...) os asiáticos
encontraram um "ismo" muito realista para o século XXI e o final do
século XX, que é o *pragmatismo*.
Para só citar um exemplo, recordemos que
quando Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado
conta de que seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito
acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o
haviam acompanhado na Grande Marcha:
"Bem, a verdade, queridos camaradas, é
que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace ratos".
E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo
quando disse que "a verdade é que enriquecer
é glorioso".
E enquanto os chineses fazem isso, e desde
1979 até hoje crescem a 11%, 12% ou 13%, e tiraram 300 milhões de habitantes da
pobreza, nós continuamos discutindo sobre
ideologias que devíamos ter enterrado há muito
tempo atrás.
A boa notícia é que isto Deng Xiaoping o
conseguiu quando tinha 74 anos.
Olhando em volta, queridos presidentes, não
vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos.
Por isso só lhes peço que não esperemos
completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer.
Muchas gracias."
E os estudantes da USP continuam
protestando para terem liberdade de fumar maconha no campus
Protestar contra a
corrupção do governo, nem pensar!
Fonte: diversos blogs e home pages
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