AS VANTAGENS DA
MAGNANIMIDADE
Anais da
Câmara dos Deputados
Sessão de 29 de junho de 1894, na Câmara dos Deputados.
Com a sua eloquência habitual César Zama bate-se pela conciliação das forças
Políticas e militares, advogando a anistia aos revoltosos de 1893.
- Aos vencedores - diz - sempre fica bem
a magnanimidade.
E numa hipérbole:
- O pó das revoluções não se apaga com o sangue dos
revolucionários!
UMA PROFECIA
J.M. de Macedo
- "Ano Biográfico", vol. III, página 427.
Não obstante os serviços prestados ao país nos primeiros
anos da sua emancipação, Joaquim de Oliveira Álvares, que fora duas vezes
ministro da Guerra e exercia grande influência sobre as forças armadas, viu-se
guerreadíssimo pelos liberais na organização da Câmara em 1830. Eleito pelo Rio
Grande do Sul, viu o seu diploma quase anulado. E tão desgostoso ficou que,
tendo de receber uma herança de Londres, resolveu abandonar definitivamente o
Brasil.
Aos seus olhos de homem experiente a marcha dos negócios
públicos não deixava, porém, grandes dúvidas. A queda de Pedro I era, para ele,
inevitável. E assim foi que, ao despedir-se do Imperador, declarou, respeitoso,
mas irônico:
- Senhor, eu parto; mas, se as coisas políticas não mudarem
no Brasil, breve nos encontraremos no Carnaval de Veneza!
Um ano depois, efetivamente, encontravam-se os dois, não
em Veneza, mas em Londres.
CASTIGO CORPORAL
Constâncio
Alves - "Folhetim do Jornal do Comércio", em dezembro de 1926.
Condenado, por ter escrito uns versos metendo a ridículo
o ministro da Guerra, a abandonar o Rio de Janeiro e a embarcar para o Rio
Grande do Sul, chegou Laurindo Rabelo a Pelotas, apresentando-se aí ao general
Caldwell, comandante da guarnição. O general recebeu-o bem, mas comunicou-lhe
que teria de seguir, no dia seguinte, a cavalo, para a fronteira.
Laurindo franziu a testa.
- Vossa Excia. poderá informar-me - indaga - se os médicos
do Exército estão sujeitos, aqui, a castigos corporais?
E ante a resposta negativa:
- Como é, então, que Vossa Excia. me condena a uma viagem
dessas, que me deixa mais morto do que uma surra de espada?
A GRANDE
DIFERENÇA
Serzedelo
Correia - "Páginas do Passado", pág. 20.
Manhã de 15 de novembro de 1889. Em frente ao
quartel-general Deodoro punha em linha as bocas de fogo da tropa revoltada.
Ignorando toda a extensão da conspiração militar, o Visconde de Ouro-Preto
chama Floriano e pergunta por que as forças fiéis ao governo não saíam, para
dar combate à força rebelde.
- É que Deodoro tem artilharia e, em cinco minutos,
arrasaria o quartel-general, - respondeu o
mestre de campo.
Ouro-Preto estranhou a resposta:
- No Paraguai tomava-se artilharia; só se aquela não pode
ser tomada por estar comandada por um general valente...
- Não, não é por isso, -
revidou Floriano, compreendendo a ironia.
E no mesmo tom:
- É que no Paraguai eram inimigos, e ali são brasileiros!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).
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