segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

MARKETING, ESTATÍSTICAS E SEXO VIRTUAL




Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
30.07.13
A divinização que se faz das estatísticas e do marketing é temerária, pelo que se pode tergiversar através dos números, ou impingir determinadas condutas indesejadas, a um número cada vez maior de pessoas. Criam-se circuitos de aleivosias, que se alastram pelo espaço virtual, através dos meios de comunicação das massas, denominados de social.  Neste sentido, colaboram, não poucas vezes, para um desserviço à sociedade.
Basta olhar os tipos de sociopatias na civilização atual: o consumismo, o hedonismo e o narcisismo. Elas teorizam, ou induzem, de tal maneira, as ações humanas, que, passamos a ser motivados, pela procura do prazer imediato e pelas soluções de problemas da Natureza Humana, em uma tentativa de evitar o desprazer, que conduz à excessiva busca pelo prazer, como um modo de vida. Isto adquiriu tamanha dimensão que foi criado um neologismo, o verbo “midiatizar”, no Dicionário Aurélio: divulgar através dos meios de comunicação de massa; o Governo procura midiatizar sua ação social...
Desse modo, são esquecidas informações, divulgadas sem comprovação, acondicionadas em estridentes persuasões, tomadas como autênticas, até certo ponto, porém, parciais e/ou sem responsabilidade, por parte do/dos emitente(s). E elas podem ser mais danosas, que benéficas, para quem as recebe. A fonte geradora sempre é livre para transmitir o que deseja, sem qualquer censura.
Sendo assim, é organizado um gigantesco contingente de usuários, conforme suas afinidades, e facilitadas todas as formas de comunicações interpessoais. Tudo isso torna a vida mais prática. Contudo, torna, também, mais controvertidas as atribuições das dimensões políticas, midiáticas, ou culturais, quando ultrapassam determinados limites.
Porém, afirmar que a mídia, por si só, seja revolucionária, me parece um tanto exagerado. Um dos fatos mais convincentes é o incremento do hedonismo, entendido, aqui, como a tendência de buscar o prazer imediato, individual, como a única e possível forma de vida moral, para se evitar tudo o que possa ser desagradável, inclusive a presença real de um(a) parceiro(a) na cama, ou, em outro lugar, que se pretenda fazer sexo real.
Observem o disparate de alguns sexólogos, profissionais da área psicológica, quando afirmam: o sexo casual será ultrapassado pelo sexo virtual. Isto representa uma verdadeira blasfêmia!
Um periódico e uma revista, dos mais importantes da Europa, o Daily Telegraph, de Londres, e a Revista DER SPIEGEL, em 27.07.13, transformaram o sexo em público, em Berlim, em uma atração turística. Dizem eles: Faça turismo em Berlim, realize sua fantasia de fazer sexo em público, os parques preferidos para os casais mais conservadores (em carne e osso) e não o virtual. E aconselham os melhores locais: o parque Tiergarten (no centro da cidade), e Treptowe, este mais afastado, a oeste da cidade.
E tem mais! O jornal e a revista semanais noticiam que, a multa por fazer sexo em público é de cento e cinquenta euros, enquanto que, os desempregados, enfrentam uma pena bem menor: pagam, somente, trinta e quatro euros, fator que pode acarretar uma disputa social, em se tratando da extinta luta de classes.
A porta-voz da Agência Federal de Emprego, da Alemanha, ressaltou: "Isso cria incentivos distorcidos e divide a sociedade". Afinal, existe, apenas, um conjunto de multas por infrações de trânsito, e as mesmas dependem do ganho (ou não) de benefícios sociais.
Será que o problema é, somente, esse?
Caso seja, fica até mais barato, para os turistas brasileiros, viajar para Berlim, no verão europeu, e apreciar quão romântico é fazer amor em público. Imagine tudo isso no outono, quando as folhas das árvores ficam douradas... Por, só, cento e cinquenta euros, até que vale a pena satisfazer uma simples quimera sexual.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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