Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
30.07.13
A
divinização que se faz das estatísticas e do marketing é temerária, pelo que se
pode tergiversar através dos números, ou impingir determinadas condutas
indesejadas, a um número cada vez maior de pessoas. Criam-se circuitos de
aleivosias, que se alastram pelo espaço virtual, através dos meios de
comunicação das massas, denominados de social. Neste sentido, colaboram,
não poucas vezes, para um desserviço à sociedade.
Basta
olhar os tipos de sociopatias na civilização atual: o consumismo, o hedonismo e
o narcisismo. Elas teorizam, ou induzem, de tal maneira, as ações humanas, que,
passamos a ser motivados, pela procura do prazer imediato e pelas soluções de
problemas da Natureza Humana, em uma tentativa de evitar o desprazer, que
conduz à excessiva busca pelo prazer, como um modo de vida. Isto adquiriu
tamanha dimensão que foi criado um neologismo, o verbo “midiatizar”, no
Dicionário Aurélio: divulgar através dos
meios de comunicação de massa; o Governo procura midiatizar sua ação social...
Desse
modo, são esquecidas informações, divulgadas sem comprovação, acondicionadas em
estridentes persuasões, tomadas como autênticas, até certo ponto, porém,
parciais e/ou sem responsabilidade, por parte do/dos emitente(s). E elas podem
ser mais danosas, que benéficas, para quem as recebe. A fonte geradora sempre é
livre para transmitir o que deseja, sem qualquer censura.
Sendo
assim, é organizado um gigantesco contingente de usuários, conforme suas
afinidades, e facilitadas todas as formas de comunicações interpessoais. Tudo
isso torna a vida mais prática. Contudo, torna, também, mais controvertidas as
atribuições das dimensões políticas, midiáticas, ou culturais, quando
ultrapassam determinados limites.
Porém,
afirmar que a mídia, por si só, seja revolucionária, me parece um tanto
exagerado. Um dos fatos mais convincentes é o incremento do hedonismo,
entendido, aqui, como a tendência de buscar o prazer imediato, individual, como
a única e possível forma de vida moral, para se evitar tudo o que possa ser
desagradável, inclusive a presença real de um(a) parceiro(a) na cama, ou, em
outro lugar, que se pretenda fazer sexo real.
Observem
o disparate de alguns sexólogos, profissionais da área psicológica, quando
afirmam: o sexo casual será ultrapassado pelo sexo virtual. Isto representa uma
verdadeira blasfêmia!
Um
periódico e uma revista, dos mais importantes da Europa, o Daily Telegraph, de
Londres, e a Revista DER SPIEGEL, em 27.07.13, transformaram o sexo em público,
em Berlim, em uma atração turística. Dizem eles: Faça turismo em Berlim,
realize sua fantasia de fazer sexo em público, os parques preferidos para os
casais mais conservadores (em carne e osso) e não o virtual. E aconselham os
melhores locais: o parque Tiergarten (no centro da cidade), e Treptowe, este
mais afastado, a oeste da cidade.
E tem
mais! O jornal e a revista semanais noticiam que, a multa por fazer sexo em
público é de cento e cinquenta euros, enquanto que, os desempregados, enfrentam
uma pena bem menor: pagam, somente, trinta e quatro euros, fator que pode
acarretar uma disputa social, em se tratando da extinta luta de classes.
A porta-voz
da Agência Federal de Emprego, da Alemanha, ressaltou: "Isso cria
incentivos distorcidos e divide a sociedade". Afinal, existe, apenas, um
conjunto de multas por infrações de trânsito, e as mesmas dependem do ganho (ou
não) de benefícios sociais.
Será que o problema é, somente, esse?
Caso
seja, fica até mais barato, para os turistas brasileiros, viajar para Berlim,
no verão europeu, e apreciar quão romântico é fazer amor em público. Imagine
tudo isso no outono, quando as folhas das árvores ficam douradas... Por, só,
cento e cinquenta euros, até que vale a pena satisfazer uma simples quimera
sexual.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
Nenhum comentário:
Postar um comentário