POPULARIDADE E
VULGARIDADE
"Revista
da Semana", número especial, de 28 de novembro de 1925.
Era o Duque de Caxias ministro
da Guerra, quando o Imperador foi visitar, em sua companhia e com o seu
séquito, um dos quartéis da capital. Chegando ali, percorreu o edifício todo,
indo até à cozinha, onde se servia, na ocasião, o rancho aos soldados.- Dê-me uma destas marmitas, - ordenou o soberano, indicando uma das rações de sopa.
Atendido, tomou Sua Majestade todo o conteúdo, declarando que, mesmo no Paço, jamais tomara sopa tão saborosa.
Disciplinado e disciplinador, Caxias não gostou da singeleza do monarca. E, ao portão do quartel, disse-lhe, brusco:
- Vossa Majestade há de desculpar a minha franqueza, mas, por esse processo, Vossa Majestade não se populariza.
E corajoso:
- Vossa Majestade "vulgariza-se"!
REGALIAS
MILITARES
Constâncio
Alves - "Revista da Academia Brasileira de Letras", n° 60, de
dezembro de 1926.
Laurindo Rabelo, não obstante o descaso de si mesmo, era
profundamente orgulhoso. Médico do Exército e íntimo na casa do coronel
Tamarindo, havia o poeta chegado à residência deste, em dia festivo, na
ocasião, exatamente, em que a mesa das pessoas graduadas já se achava
completamente cheia. Não querendo fazê-lo esperar, a dona da casa indicou-lhe
um lugar na mesa da gente moça.Laurindo franziu o rosto.
- Adeus, coronel, - disse, despedindo-se.
E já da porta, ofendido:
- Os médicos do Exército jantam com o Estado-Maior!
A ÚLTIMA CARGA
J.M. de Macedo
- "Ano Biográfico", vol. III, página 296.
Atacado pelas febres nos
pântanos paraguaios, o general José Joaquim de Andrade Neves, já agraciado com
o título de Barão de Triunfo, não queria abandonar a sua divisão de cavaleiros
rio-grandenses, para tratar-se. Cada vez que caía sobre o inimigo era uma
vitória para a sua cavalaria.Após o choque
A 6 de janeiro de 1870, era esse o seu estado, quando, no último delírio, bradou, com as últimas forças:
- Camaradas!... mais uma carga!... E tombou arquejando, para morrer.
O PORTUGUÊS DE
LABATUT
Visconde de
Taunay - "Trechos de minha vida", pág. 27.
Incorporado ao Exército
brasileiro com o posto de major, Carlos Augusto Taunay, tio do visconde de
Taunay, seguiu para a Bahia, a fim de dar combate, ali, ao remanescente das
tropas portuguesas comandadas pelo general Madeira. Metendo-se, porém, a
criticar os planos do general Labatut, contra o qual conspirava, foi preso e
condenado à morte.Esperançoso, todavia, de salvar-se, pediu Carlos Taunay adiamento da execução, alegando o desejo de confessar-se antes de morrer.
Labatut condescendeu, mas não perdoou. E a sua resposta foi esta, num português arrevesado:
- "Confissa ou non confissa, ma fussila!"
O PRIMEIRO PASSO
J.M. de Macedo
- "Ano Biográfico", vol. III, pág. 246.
Figura de relevo no Exército do Império desde os
acontecimentos de 7 de abril de 1831 o major Miguel de Frias achava-se preso em
uma das fortalezas, quando, na noite de 3 de abril de 1832, desembarcou na
cidade, a fim de assumir o comando da tropa, que entrava na conspiração. Em
caminho, amigos procuraram dissuadi-lo, pois a maior parte da guarnição não o
seguiria.- É tarde - declarou ele; - agora já dei o primeiro passo!
E seguiu para o campo de Santana, onde, uma hora depois, era desbaratado.
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927)