sexta-feira, 27 de março de 2015

O QUE VI NA AVENIDA PAULISTA



Por Affonso Taboza (*)
Uma faixa convocava as Forças Armadas à ação. Não vi protestos nem reações negativas a isso
Sorte minha estar em São Paulo no dia 15 de março, um domingo histórico. No meio da multidão, pude participar de um dos maiores acontecimentos cívicos já vistos neste País. Um milhão de pessoas – segundo cálculo da PM – lotava a Paulista e formigava nas ruas adjacentes. Da esquina da rua da Consolação, tentei sem êxito alcançar o Masp. Não consegui furar mais que noventa ou cem metros. Gente demais. Três helicópteros parados sobre a avenida fazendo a cobertura. Dois drones sobrevoando a baixa altitude, filmando. Faixas e cartazes em profusão: “Fora Dilma!” e “Fora PT!”, incontáveis; “Quem mente não pode ser Presidente!”; “World press, we need you now” (“Imprensa estrangeira, precisamos de você agora!”); “Nossa bandeira jamais será vermelha!”; “Eu vim de graça”, ironia ao divulgado pagamento de R$ 35,00 aos manifestantes vermelhos da sexta-feira anterior; “Sim à PF e ao MP!”; “Abaixo a corrupção!”; “Impeachment já!”.
Uma faixa convocava as Forças Armadas à ação. Não vi protestos nem reações negativas a isso. Mas lembrei que as FAs estão escoladas. Salvaram a Nação do comunismo em 64, foram aplaudidas com entusiasmo no início mas logo passaram a ser objeto de incompreensões e críticas de certos setores, e reação armada dos derrotados. E mais à frente, até de perseguição pelos comunas encarapitados no poder. Melhor sair de perto.
Para o caso Dilma, há solução constitucional: renúncia, se a presidente se sentir acossada pelas ruas e seu governo se tornar inviável; impeachment, a mais provável; ou exercitar paciência de Jó por quatro anos e dar o troco nas urnas, se o Brasil ainda estiver respirando. Lembrete: sugerir impeachment não é golpismo. Ives Gandra Martins, jurista de renome, respeitadíssimo, vê neste caso razões sobejas para tal. Redigiu um alentado parecer a respeito. Lembre-se que, por muito menos, Collor foi “impichado”. O dano causado ao País por esta senhora e por seu antecessor é incomensurável.
Idosos, crianças nos ombros dos pais, um cadeirante, gente que se podia sentir de todas as classes sociais, cores e raças povoavam a avenida na maior harmonia e entusiasmo. Não eram só brancos e ricos, nem a “zelite”; como brada o chavão petista. Ali, na Avenida Paulista, estava uma amostra gigantesca e bem representativa do povo brasileiro, renegando a corrupção, o desmando, e repudiando o petismo e seu modo infame de governar. Pedindo, em última análise, o fim urgente deste pesadelo.
(*) Coronel reformado do Exército e engenheiro civil
Publicado In: O Povo. Fortaleza, 26 de março de 2015. Caderno A (Opinião). p.9.

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