Por
Jorge Serrão
Os EUA estão injuriados com o Governo do Brasil. O presidente Barack
Obama, em reunião reservada na cúpula do G-20 na Austrália, solicitou
explicações oficiais a Dilma Rousseff sobre os problemas na Petrobras. A
Presidenta não deu bola para ele. Fugiu de qualquer discussão séria sobre a
grave crise da petrolífera, envolta em denúncias bilionárias de corrupção e
lavagem de dinheiro, que ficam cada vez mais graves, pois avançam sobre a
manipulação política de bilionários negócios com fundos de pensão de empregados
de estatais que administram patrimônios de mais de R$ 450 bilhões.
Na conversa com altos diplomatas dos EUA, Dilma foi advertida de que a
situação era delicada, porque a empresa brasileira era alvo de investigações
pelo departamento de Justiça e pelaa Securities and Exchange Commission - a
SEC. Os norte-americanos advertiram sobre o rigor das ações criminais e civis,
com base no Foreign Corrupt Practices Act. Reclamam, sobretudo, da "falta
de humildade" de Dilma para tratar do assunto que envolve diretamente o
nome dela, já que foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras na
gestão Lula da Silva. Dilma e outros membros dos conselhos de Administração e
Fiscal correm risco de processo.
A crise pode gerar falta de crédito internacional para a Petrobras, que
rola uma imensa dívida diária, além do corte de financiamentos para
investimentos pedidos por empreiteiras sob suspeita. A confusão também mexe com
a credibilidade das maiores empresas de auditoria. A PriceWatherhouseCoopers se
recusou a assinar o balanço do terceiro trimestre - que analistas independentes
de mercado suspeitam registrar um prejuízo em torno de R$ 2,5 bilhões. A
situação pode ficar ainda mais delicada para a KPMG Auditores Independentes -
que cuidou dos balanços dos anos anteriores a 2011, agora sob investigação da
Lava Jato.
Os norte-americanos têm alvos bem definidos. O principal deles é a compra
da refinaria de Pasadena, no Texas. Investigadores acenam com a forte suspeita
de que a empresa tenha sido adquirida em uma mera operação de lavagem de
dinheiro. Também entram na rigorosa apuração as obras da refinaria de Abreu e
Lima (PE) e do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). Nos EUA, gera
condenações a prisão ou multas milionárias o pagamento de comissão a funcionários
públicos para obtenção de vantagens comerciais ou licenças para construção.
O governo dos EUA já faz pressão sobre as empresas de auditoria. A PwC não
aceita correr o risco de ser solidariamente responsabilizada por fraudes
contábeis realizadas para esconder quase certas irregularidades em
superfaturamentos, pagamentos de propinas e lavagem de dinheiro. A empresa
audita a Petrobras desde 2012, sem nunca ter indicado qualquer problema nos
balanços da companhia. Foi a PwC quem teria obrigado a Petrobras a investir na
contratação de dois escritórios de auditoria para investigar as denúncias
formuladas nos processos da Lava Jato. A missão pepino é para os escritórios
Trench, Rossi e Watanabe Advogados, do Brasil, junto com o norte-americano
Gibson, Dunn & Crutcher.
Os investigadores dos EUA prometem fazer um pente fino em operações de
subsidiárias e coligadas. Um alvo direto é a PFICo (Petrobras International
Finance) – na qual Assembleia Geral da Petrobras, em 16 de dezembro de 2013,
aprovou uma estranha “cisão parcial”. Outro "target" é a Petrobras
Global Finance B. V. – uma caixa preta sediada em Rotterdam, na Holanda. Por
causa da Lava Jato, os investigadores também cuidarão de uma pouco conhecida
coligada, situada em um paraíso fiscal: a Cayman Cabiúnas Investment Co.
No momento, o que poderia ser pior para Dilma é o agravamento de uma
indisposição com o governo Obama - que enfrenta problemas de instabilidade
política interna pela perda de hegemonia no Congresso dos democratas para os
republicanos. A reeleita Dilma vive uma situação mais problemática ainda.
Enfrenta dificuldades para indicar sua equipe econômica (que terá de fazer
milagres para consertar tanta bobagem feita até agora). Além disso, a base
aliada do Palácio do Planalto anda apavorada para saber quem faz parte da lista
negra de uns 70 parlamentares candidatos à indiciamento na Lava Jato, após
várias delações premiadas.
A governabilidade de Dilma tende a zero. Seu primeiro mandato acaba sem
ter começado. O segundo pode começar com prazo de validade politicamente
vencido. Se for processada nos EUA, como é altíssimo o risco, Dilma fica em
condições imorais de governar o Brasil. Nenhum investidor, por mais idiota que
seja, vai botar dinheiro em um País com uma chefe de Estado pronta para sentar
no banco dos réus dos Estados Unidos - uma situação vergonhosamente surreal,
mas que deve ser levada a sério por petistas, peemedebistas e por aqueles que
lhes dizem fazer crítica "oposição" política.
O maior medo do governo Dilma é que grande parte dos indícios
investigativos que podem comprometer os corruptos na Petrobras tenham sido
descobertos por aquele esquema de espionagem feito pela NSA (National Security
Agency) e denunciado por Edward Snowden. Além disso, os norte-americanos têm
recebido dossiês e documentos de investidores da Petrobras. Para piorar,
existem evidências seguras de que a Operação lava Jato conta com irrestrito
apoio de inteligência da turma do Tio Sam - interessada em descobrir e coibir
esquemas políticos de lavagem de dinheiro que tenham relação com negócios de
narcotraficantes e grupos terroristas.
Esse cenário transforma o Brasil de Dilma em uma sucursal do inferno, sem
direito à defesa brilhante de um advogado genial como Márcio Thomaz Bastos -
amigão de Dilma e de Lula da Silva - que certamente teve sua alma conduzida
para o céu, depois que os restos mortais purgaram na purificação do crematório.
Azar da Dilma que está mais pressionada que tubulação de décima-terceira
categoria na camada pré-sal. Se ela vai aguentar tanta pressão é o dilema para
2015. Haja emoção e saúde... A criatura Dilma e o Criador Lula que se cuidem...
O desejável seria uma punição divina aos principais causadores da Lava
Jato e outras falcatruas, que agora geram a falta de credibilidade e
dificuldades de financiamento para a Petrobras, além do caos econômico para as
contas do Brasil no crítico ano de 2015. O Brasil vive seu Apocalipse... Só
falta saber se o Juízo Final vai vigorar de verdade, ou se caberá recurso a
instâncias políticas muito abaixo da camada pré-sal...
Fonte: Edição do Alerta Total,
de 24/11/14.
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