Para uma boa qualidade de Vida, é
necessário desenvolver dois princípios fundamentais: educação e saúde. Por
feliz coincidência, durante toda minha vida, tenho dirigido aprendizado e
trabalho nessas áreas. Como explicação de minha atuação, tenho de agradecer aos
amigos, que sempre e intensamente, me ajudaram e estimularam para isso. Na
saúde, principalmente, para os aspectos difíceis da saúde pública. Fui
convidado para ser superintendente do Inamps do Ceará para sua atualização
adequada; para a Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, na formação
de seu curso de medicina, planejado em blocos de sistemas e atuação no
desenvolvimento do Hospital de Sobradinho; no planejamento e funcionamento
(reitor) da Universidade de Fortaleza por oito anos, e de várias faculdades e
organizações de saúde no Brasil; para a Organização Mundial da Saúde, como
representante (diretor) na Colômbia e na Venezuela, durante 10 anos.
Aprendi e passei a ser defensor dos
dois elementos fundamentais para a saúde pública do país: administração
planejada, eficiente e continuada com adequação dos níveis de saúde para a
população, o que não encontramos na saúde pública da grande maioria dos
municípios brasileiros. Destaco que o SUS constitui um dos mais adequados,
teoricamente, quando comparado com o de vários outros países. Classifica os
hospitais e serviços da rede pública, quanto aos níveis de atenção em saúde
primária, secundária e terciária que, associados aos de nível quaternário, de
universidades e de instituições especiais, ofereceria o que necessita a saúde
pública do Brasil. Infelizmente assim não acontece com a falta de recursos
humanos, financeiros e técnicos, e os problemas decorrentes são, cada vez, mais
graves.
Também lembro que a falta de
continuidade dos projetos e programas de saúde da população brasileira, com a
constante mudança política e a indefinição dos responsáveis pelos mesmos, é um
fato comprovado e lamentável, desde há muitos anos. Recordo de um conhecido e
importante dirigente, quando me convidou e disse que no meu projeto deveria
“esquecer tudo aquilo que tinha sido feito antes”. Claro que tive de realizar o
projeto sem dizê-lo que várias das indicações anteriores eram úteis e estavam
sendo repetidas. Sabia que ele não teria tempo de ler a minha proposta que foi
aceita e utilizada, mas também não usada pelo político seguinte.
E, muito mais ainda, entristece-me a
não formação com humanização da medicina, de nossos graduados pelas faculdades e
universidades brasileiras. Alegra-me, neste momento tão importante da vida
brasileira, saber que o governador de nosso Estado, convidou um profissional de
alta competência, como o doutor Carlile Lavor, para secretário de Saúde.
Trabalhamos e aprendemos juntos e, tenho certeza, ele sabe o que deve ser
feito. Que lhe sejam dados os elementos necessários para a implantação de uma
indicada saúde pública. Sem dinheiro e sem profissionais capacitados e
adequados para a saúde pública brasileira, jamais vamos alcançar uma boa
qualidade de vida.
E até quando isso vai acontecer no
nosso Brasil?
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense
de Medicina.
Fonte: O Povo,
Opinião, de 25/3/2015. p.8.
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