sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A CRIAÇÃO, UM PRESENTE SAGRADO DE DEUS!


Por Padre Geovane Saraiva (*)
O mundo aguarda ansioso e, ao mesmo tempo se regozija, pelo sopro do Espírito Santo de Deus em Francisco, na sua prática ecológica e ambiental, vivendo verdadeiramente com coerência o compromisso assumido de chefe visível da Igreja, em 13 de março de 2013, cumprindo agora a promessa, ao colocar nas mãos dos cristãos e das pessoas de boa vontade (18/6/2015), sua nova Encíclica sobre a ecologia. Qual será o título da Encíclica? Logo mais vamos saber, mas fontes do Vaticano apostam em Laudato Sii - Louvado Sejas, frase inicial do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis. O exemplo maior de ternura e bondade é dado por ele mesmo, o Papa Francisco, a nos dizer que sempre mais devemos nos convencer que de Deus viemos, para Deus é que existimos e para Deus voltaremos.
O Dia Mundial do Meio Ambiente foi estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1972, por ocasião da abertura da Conferência de Estocolmo na Suécia. Desde então, comemorado anualmente no dia 5 de junho, chamando atenção para o lado humano das questões ambientais; capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvimento sustentável; também promover a compreensão de que é fundamental que comunidades e indivíduos mudem de mentalidade em relação ao uso dos recursos e das questões ambientais, sem esquecer da necessidade de parcerias para garantir que todas as nações e povos desfrutem de um futuro mais seguro e mais profícuo.
Dentro do contexto ecológico é que a atenção de todas as pessoas de boa vontade deveria se voltar para a realidade acima mencionada, numa reflexão sobre o clamor e o gemido da natureza, à beira do abismo (cf. Rm 8,22). A criatura humana é convocada e não tem outro caminho, no sentido de evitar sua própria autodestruição, fazendo sua parte, tendo diante da mente, dos olhos e no coração a vida do planeta como um santuário ou um lugar sagrado, com maior razão para nós cristãos, inspirados no sonho e na força da figura humana de Francisco de Assis, o qual abraçou o projeto do Pai com uma comovedora ternura, tornando-se fascinado por Deus e por suas criaturas, e foi este fascínio que o tornou humano, por unanimidade considerado patrono do meio ambiente ou da ecologia.
Agradeço a Deus, como se fosse uma inspiração, quando alhures disse que toda civilização necessita de figuras exemplares, modelos e referenciais, as quais mostrem concretamente ao mundo os grandes sonhos e utopias, numa palavra, mostrem os valores últimos, no tocante a sustentar as motivações dos seres humanos, na sua relação e ação com Deus e seus semelhantes, com a natureza ou meio ambiente. Parece até que estava antevendo a novidade, dadivoso presente para o mundo hodierno, que foi a eleição (13/3/2013) do Papa Francisco, dando provas concretas, através dos gestos e sinais, ao concretizar seus sonhos de renovação da Igreja e do mundo, a ponto de sensibilizar corações e consciências a uma profunda conversão ecológica.
Pensando em uma vida com maior encanto na face da terra é que o nosso Papa Francisco trabalhou na elaboração de sua nova Encíclica sobre o tema da ecologia. O maravilhoso é a sua humildade explicitada em sua atitude de acercar-se de especialistas para escrever este documento, além da contribuição de pessoas da melhor qualidade, tendo no centro o ecossistema e a vida da floresta amazônica, contando com a experiência profética de Dom Erwin Krautler, Bispo do Xingu, do antropólogo e teólogo Paulo Suess, ambos do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) no Brasil.
Colaboração vital não poderia faltar, oriunda dos filhos espirituais de São Francisco de Assis, na pessoa do Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Michael Perry, ao contribuir com Sumo Pontífice no documento: “Franciscanos pela Ecologia”. Com certeza o papa quer falar aos cristãos, bem como as pessoas de boa vontade do planeta em sua Carta Encíclica sobre a importância da ecologia, dizendo em alto e bom tom que este mundo tem que ser reflexo da cidade santa, da nova Jerusalém e que jamais podemos pensar em edificar este mundo sem Deus, que no dizer do pobrezinho de Assis, no Cântico das Criaturas, Deus é “Altíssimo, Onipotente, Bom Senhor. Teus são o louvor, a glória, a honra e toda a bênção”.
(*) Geovani Saraiva é escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia.
Fonte: O Povo, de 14/6/2015. Espiritualidade. p.30.

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