sexta-feira, 18 de março de 2016

Os “concurseiros”, a crise e as oportunidades


Por João Soares Neto (*)
 “Todo aquele que para esperando que as coisas melhorem, verificará bem cedo que aquele a não parar e colaborar com o tempo, estará tão longe e jamais será alcançado”. Autor ignorado.
Recebo e-mail de jovem a se preparar para concursos havia dois anos. Se diz aflito, pois aplicou a reserva da família com o pagamento de mensalidades de cursinho caro frequentado, com atenção e afinco. Formara um grupo de colegas e varava noites estudando, revendo provas de concursos anteriores, vendo os “bizus” surgidos. E agora?
O desalento demonstra o reflexo do momento. Momentos passam. Essa crise tão divulgada, tão discutida e não encaminhada para pronta solução, pode causar transtornos a milhares de jovens, Brasil afora, aprestavam-se para a realização de concursos em todos os níveis de governo.
Os concursos voltarão, fique certo. Há funcionários públicos a atingir a idade compulsória ou o tempo de aposentadoria. As vagas precisam ser preenchidas e os terceirizados não têm a capacitação exigida para muitos cargos. É questão de tempo e paciência.
Entretanto, não se deixe desesperar nos primeiros embates da vida. O Brasil é campeão de crises. Todas, mais dia, menos dia, acabam. As estruturas de gestão vão precisar, agora de pessoas como você. Se estudou e aprendeu para ficar apto a realizar tarefas no serviço público, quando houver novos concursos, será aprovado.
Por outro lado, há muitas outras oportunidades além da “vida segura” na estabilidade do emprego público. As empresas privadas sobreviventes - afora aquelas com acesso a crédito fácil de bancos oficiais e contratadas para serviços e obras a órgãos públicos- podem ser um caminho.
As empresas privadas não vão poder pagar, inicialmente, os valores do pródigo governo, mas você deve ser ativo, capaz de executar as tarefas a si delegadas e se enquadrar na filosofia própria de cada uma delas. O caminho poderá não ser tão árduo. Dependerá não da sua subserviência ou jeitinho, mas do seu desempenho.
Você já ouviu contar histórias de pessoas a montar o próprio negócio? Essa é outra alternativa, mesmo com dinheiro seja curto. Procure saber de suas habilidades, dos seus conhecimentos e, principalmente, leia jornais, revistas, livros, frequente palestras e mude o seu olhar. Descubra oportunidades. Encarar a vida privada não é fácil. Não há férias, os lucros são baixos, a aposentadoria é risível, há impostos a pagar e você precisa tomar decisões rápidas em funções das ondas do mercado, tal como as marés. Haverá muitos impostos a pagar, mesmo se optar pela empresa simples.
Já ouviu falar em empreendedorismo? Leia sobre isso. Pesquise o não existente na região onde mora ou na cidades próximas. Para ser empreendedor é preciso entender as práticas da atividade. Se for familiarizado com a informática, melhor ainda. Há muita ideia nova surgindo. Crie ou venda produtos simples, de baixo preço. Uma recomendação: não imite, tente fazer o novo, descubra algo e veja se a ideia bate com o seu sonho. Sem sonhar e idealizar a vida perde o sentido.
Converse com a sua família, troque ideias com amigos, procure alguém mais velho da área escolhida, faça cursos breves, vá a palestras e se debruce sobre a internet. Tenha foco, disciplina e aja. Estabeleça um pequeno projeto e vá analisando ponto por ponto. Visite parques tecnológicos de universidades, desvende as inovações e não esmoreça.
As oportunidades existem. Elas dependem de gente com capacidade, habilidade e tenacidade. Há assessorias e materiais de leitura em universidades e afins. Fuja de gente temerosa. Arme-se de vontade e vá em frente. A vida é jogo de um só tempo. E corre rápida.
(*) João Soares Neto é escritor e membro da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado no jornal O Estado, em 9/10/2015.

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